quinta-feira, 21 de abril de 2016

Ridículos, vexatórios, constrangedores, vergonhosos


Que coisa mais ridícula, hein gente?
Que coisa mais vergonha, vexatória e constrangedora a forma como Suas Excelências - com as exceções que confirma a regra - votaram na sessão de domingo, em que a Câmara aprovou o prosseguimento do processo de impeachment.
Por várias vezes, o repórter saiu da frente da televisão, por não resistir à vergonha alheia de ver aquilo tudo.
E o pior foi a exposição.
Não apenas o Brasil viu aquilo, mas o mundo inteiro.
E o mundo inteiro constatou o nível de representação parlamentar que temos.
Não venham com essa história de que, sendo o Brasil um abismo de continentais dimensões e de enormes contrastes sociais, é inevitável que o Legislativo expresse tudo isso.
Não é não.
Alto lá com esse argumento que mais parece uma álibi para que o Legislativo seja o abrigo para a falta de noção, a insensatez, a falta de razoabilidade e o desconhecimento que muitos exibem quanto a seus deveres como parlamentar.
Porque uma coisa é a representação parlamentar condizente com todos os segmentos sociais, o que é ótimo na democracia brasileira e em qualquer democracia.
Outra coisa, bem diferente, são representantes populares inebriarem-se de suas paixões e da sede de exposição para protagonizar cenas vergonhosas, como a de mandar abraços até para a jararaca de estimação ou de berrar coisas inúteis.
E vejam só como são as coisas.
De onde se esperava que viesse alguma piadinha, alguma palhaçada, alguma cena grotesca, caricata ou tipo pastelão, de lá veio a sobriedade, a objetividade, a seriedade e a compostura.
Quem contrastou de forma assim tão positiva e surpreendente dos demais?
Tiririca, o palhaço que virou Excelência.
Até domingo, o deputado jamais havia pronunciado uma palavra sequer, seja no plenário, seja nas comissões técnicas da Câmara, ele que é, para quem não sabe, um dos parlamentares mais assíduos da Casa.
Esperava-se que, quando chegasse sua vez, Tiririca fosse fazer palhaçada, disparar uma piadinha ou ensaiar alguma performance mais escrachada.
Que nada!
O palhaço, sem qualquer palhaçada, limitou-se a dizer - seriamente, compenetradamente e sobriamente: "Senhor presidente, pelo meu País, meu voto é 'sim'".
Pronto.
Era apenas isso e simplesmente isso que todos deveriam fazer.
Mas pouquíssimos - bem poucos mesmo - fizeram.
Aliás, o que nos salvou desse festival de vexames foram os memes que inundaram as redes virtuais e o WhatsApp.
Um deles é impagável.
Diz assim:

Saldo da votação:
SIM:367
NÃO: 137
Abstenções: 07
Ausentes:02
Esposas lisonjeadas:120
Amantes zangadas: 200
Filhos falando "ai que mico": 300
Professores de português sofrendo infarto: 124.218 

É isso.
Exatamente isso!

3 comentários:

Anônimo disse...

Vexatório também é ver todo o furto (peculato) perpetrado na Petrobrás!
Espero que logo logo a Dilma e o PT desembarque do governo.

AHT disse...

SINTO VERGONHA DE MIM - Poesia de Rui Barbosa


░░R░░ Sinto vergonha de mim
░░I ░░ por ter sido educador de parte deste povo,
░░R░░ por ter batalhado sempre pela justiça,

░░P░░ por compactuar com a honestidade,
░░R░░ por primar pela verdade
░░A░░ e por ver este povo já chamado varonil

░░N░░ enveredar pelo caminho da desonra.
░NÃO░ Sinto vergonha de mim
░░O░░ por ter feito parte de uma era

░░C░░ que lutou pela democracia,
░░H░░ pela liberdade de ser
░░O░░ e ter que entregar aos meus filhos,
░░R░░ simples e abominavelmente,
░░A░░ a derrota das virtudes pelos vícios,
░░R░░ a ausência da sensatez

░░R░░ no julgamento da verdade,
░░I ░░ a negligência com a família,
░░R░░ célula-Mater da sociedade,

░░P░░ a demasiada preocupação
░░R░░ com o 'eu' feliz a qualquer custo,
░░A░░ buscando a tal 'felicidade'

░░N░░ em caminhos eivados de desrespeito
░NÃO░ para com o seu próximo.
░░O░░ Tenho vergonha de mim

░░C░░ pela passividade em ouvir,
░░H░░ sem despejar meu verbo,
░░O░░ a tantas desculpas ditadas
░░R░░ pelo orgulho e vaidade,
░░A░░ a tanta falta de humildade
░░R░░ para reconhecer um erro cometido,

░░R░░ a tantos 'floreios' para justificar
░░I ░░ actos criminosos,
░░R░░ a tanta relutância

░░P░░ em esquecer a antiga posição
░░R░░ de sempre 'contestar',
░░A░░ voltar atrás

░░N░░ e mudar o futuro.
░NÃO░ Tenho vergonha de mim
░░O░░ pois faço parte de um povo que não reconheço,

░░C░░ enveredando por caminhos
░░H░░ que não quero percorrer...
░░O░░ Tenho vergonha da minha impotência,
░░R░░ da minha falta de garra,
░░A░░ das minhas desilusões
░░R░░ e do meu cansaço.

░░R░░ Não tenho para onde ir
░░I ░░ pois amo este meu chão,
░░R░░ vibro ao ouvir o meu Hino

░░P░░ e jamais usei a minha Bandeira
░░R░░ para enxugar o meu suor
░░A░░ ou enrolar o meu corpo

░░N░░ na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
░NÃO░ Ao lado da vergonha de mim,
░░O░░ tenho tanta pena de ti,

░░C░░ povo deste mundo!
░░H░░ 'De tanto ver triunfar as nulidades,
░░O░░ de tanto ver prosperar a desonra,
░░R░░ de tanto ver crescer a injustiça,
░░A░░ de tanto ver agigantarem-se os poderes
░░R░░ nas mãos dos maus,

░░R░░ o homem chega a desanimar da virtude,
░░I ░░ A rir-se da honra,
░░R░░ a ter vergonha de ser honesto'.

Anônimo disse...

A vergonha foi vista pelo mundo, que deve ter achado graça desta palhaçada de votação.

Afinal, esses mds que estão no Congresso não sabem nem o motivo de estarem lá, senão os ganhos ($$$) e benefícios que terão direito.

Se soubessem falar, esta votação não teria "ibope".