quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Jatene não esconde abatimento pela morte de Almir

Simão Jatene: recompensado pela reconciliação recente com Almir Gabriel, cujo morte o deixou abatido
O governador Simão Jatene estava, ou melhor, está profundamento abalado com a morte, ocorrida ontem, do ex-governador Almir Gabriel. Tão abalado que sequer conseguiu falar com jornalistas ao comparecer, acompanhado do prefeito Zenaldo Coutinho e do presidente da Assembleia Legislativa, Márcio Miranda, ao velório daquele por quem nutria um afeição quase paternal.
O abatimento de Jatene e sua preocupação com o estado de saúde de Almir já se fazia nos últimos dias, a partir do momento em que avaliações médicas afiançaram ser irreversível o grave quadro clínico do ex-governador, que teve suas funções cardiorrespiratórias inevitável e seriamente comprometidas, a partir do momento em que passou a desenvolver um quadro de enfisema, em boa parte decorrente do hábito de fumar, do qual Almir nunca se afastou.
A preocupação de Jatene chegou a tal ponto que ele evitou se afastar de Belém durante o feriadão do carnaval. Preferiu, por isso, não marcar presença na Marquês de Sapucaí, onde a Imperatriz Leopoldinense desfilou homenageando o Pará.
Para não comparecer ao desfile no Rio, o governador avaliou que, diante da morte iminente de Almir, era preferível ficar aqui mesmo por Belém. Como também levou em conta que seu espírito, sua disposição, seu ânimo e temperamento não recomendam que ele se fizesse presente a um desfile, enquanto um amigo como o ex-governador padecia, in extremis, na UTI de um hospital.
Muito embora tenha sido um grande golpe saber que Almir estava à morte, Jatene recompensara-se algumas semanas atrás, ao ter um encontro pessoal com o amigo ex-governador, que com ele rompera relações desde logo após as eleições de 2006, quando foi derrotado pela petista Ana Júlia Carepa e passou a ver em Jatene o principal, senão o único responsável por um insucesso político que o impediu de voltar, pela terceira vez, a governar o Pará.
 “Acho que [Simão Jatene] fez corpo mole. Fez sim, pode escrever. Se não admitir isso, qual a outra hipótese?", disse Almir numa entrevista em junho de 2009. A aversão chegou a tal ponto que o ex-governador não chegou a receber Jatene quando esteve internado no Hospital do Coração, em São Paulo, em abril de 2008.
Mesmo assim, a afeição, o respeito e admiração de Jatene por Almir Gabriel jamais se extinguiram. E talvez nem mesmo sequer arrefeceram. Tanto é assim que ainda em 2008, no início do mês de junho, portanto dois meses depois do episódio ocorrido em São Paulo, o poster teve uma longa conversa - de umas duas ou três horas - com Simão Jatene.
Da conversa, produziu-se a postagem intitular Jatene: "É preciso qualificar o debate político", na qual o atual governador, então mero aspirante a voltar ao cargo, abordou abertamente vários temas provocados pelo Espaço Aberto, inclusive, como não poderia deixar de ser, suas relações com Almir Gabriel.
Quando Jatene falava sobre sua admiração pelo ex-governador, o repórter testemunhou que ele ficou com os olhos marejados.
Abaixo, transcreve-se o trecho da longa entrevista que trata das relações entre Jatene e Almir, que recentemente foram reatadas:

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Jatene não se eximiu de falar de tema que deve soar-lhe como bastante delicado, por envolver também sentimentos pessoais: o rompimento com o ex-governador Almir Gabriel, governador do Pará por oito anos consecutivos (de 1994 a 2002) e desde o início deste ano fora da vida pública e longe Pará, uma vez que passou a residir em Bertioga, no litoral de São Paulo.
Em todos os momentos, Jatene deu evidentes demonstrações de que considera o rompimento uma opção e decisão unilaterais de Almir para com ele, sem que exista a menor e mais remota reciprocidade da parte dele, Jatene. “Sou amigo do Gabriel. Sempre serei. Gosto dele. Jamais brigarei com ele. Jamais”, disse o ex-governador.
Disse que não tem a que atribuir a mágoa do ex-governador, mas admitiu – respondendo com um “pode ser” - que uma, apenas uma das razões seja uma suposta avaliação de Almir de que ele, Jatene, poderia ter-se empenhado bem mais, e de forma decisiva, para eleger o companheiro e amigo governador do Pará pela terceira vez.
Quanto a esse ponto, no entanto, Jatene apresentou uma explicação: afirmou que a condução de todo o processo eleitoral de 2006 foi deixado pelo partido inteiramente nas mãos de Almir Garbriel: “Nós sempre tivemos a convicção de que o Gabriel sabia e sabe tudo. Todos nós sempre pensamos isso. Deixamos [o processo eleitoral] inteiramente com ele, tanto antes como durante a campanha de 2006”, afirmou Jatene.
Ele garantiu durante a conversa – e por duas vezes – que em nenhum momento, durante a campanha, Almir fez qualquer reparo ou qualquer ponderação sobre o maior ou menor empenho da participação dele, Jatene.
O ex-governador negou enfaticamente uma outra especulação que muito se faz, de que ele não teria se empenhado em favor de Almir porque, em verdade, ele é que queria mesmo ser o candidato tucano à reeleição, o que seria natural, já que era o governador do Estado na época.
“Isso não tem a menor procedência. Não tem o menor fundo de verdade. Eu jamais pensei em concorrer à reeleição. Por convicção, por princípio, sempre fui contra a reeleição. E nisso, aliás, sempre divergi do Gabriel. Sempre achei que reeleição não é salutar. Todos no partido conheciam essa minha posição. O que aconteceu, então? Tínhamos que eu não queria disputar a reeleição, e o Gabriel queria candidatar-se a um terceiro mandato. Juntou-se, portanto, a fome à vontade de comer. E ele se candidatou, com o apoio de todos nós”, relembra Jatene.
Quando convidado a avaliar a que atribuir a opção de Almir em não apenas ter deixado a política, mas ter-se afastado do Pará para fixar residência em outro Estado, Jatene lembrou que muitas vezes as homens públicos não apenas se cansam da atividade pública, mas se desencantam com ela.
Lembrou, além disso, que o ex-governador e sua família enfrentaram um drama pessoal muito grande, a partir da prisão, em novembro de 2006, de um dos filhos de Almir, Marcelo Gabriel, acusado de integrar um suposto esquema de fraudes no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
“Você nem é capaz de imaginar o que seja isso. É um drama enorme”, resumiu o ex-governador, que admitiu, também por mero exercício de especulação, que de alguma esse episódio por ter concorrido para a mágoa do ex-governador. E completou: “O Gabriel precisou se agarrar em algum motivo [para o rompimento unilateral]. E se para aliviar a sua dor, eu fui escolhido para ser o demônio dessa história toda, tudo bem. Mas reafirmo: jamais briguei e nem brigarei com o Gabriel”, reforçou.

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu não acredito.

Anônimo disse...

Senhor blogueiro!! ..."Eu jamais pensei em concorrer à reeleição. Por convicção, por princípio, sempre fui contra a reeleição. E nisso, aliás, sempre divergi do Gabriel. Sempre achei que reeleição não é salutar. Todos no partido conheciam essa minha posição"...
Essa frase do atual governador Simão Jatene me remete a 2014. Então ele não embarcará na re-eleição ? E agora, quem será o seu candidato ?

Ismael Moraes disse...

Como vivo, era um morto-vivo.
Como morto, é um vivo-morto. Cheio de vivas

Anônimo disse...

Eu acredito, pois os dois maiores amantes do Pará são: ALMIR GABRIEL E SIMÃO JATENE.