sexta-feira, 25 de abril de 2008

Instituto Abraço vai debater gravidez na adolescência

Divididos entre os hormônios e a responsabilidade, os adolescentes iniciam a atividade sexual cada vez mais cedo e aumentam a incidência da gravidez precoce, das doenças, dos abortos, dos desencontros amorosos.
Para abordar essas questões, o Instituto Abraço, organização não governamental criada para desenvolver e executar programas e projetos direcionados a populações em risco social por meio da educação de crianças e adolescentes, inicia nesta sexta-feira, 25, ciclo de palestras destinado a jovens de 16 a 24 anos sobre riscos da gravidez na adolescência. A atividade integra o programa “Mãe na Hora Certa”, de orientação e atendimento às jovens carentes de Belém. O encontro com os adolescentes inicia-se hoje, a partir das 9h, na sede do instituto, com a palestra “Psicologia da Juventude – personalidade e comportamento”, ministrada pela psicóloga Wânia Guimarães. No sábado, 26, também pela manhã, o papo será “Conscientização e riscos da gravidez na adolescência”, com orientações da médica ginecologista e obstreta, especializada em medicina fetal, Lílian Thomé.
Além das palestras, as 50 jovens inscritas terão direito aos cursos profissionalizantes de maquiagem e cabeleireira. “Uma alternativa de unir educação, prevenção e qualificação profissional”, explica a presidente do Abraço, Maria Elizabeth Góes de Mello.
O curso de cabeleireira começa na segunda, 28, e se estende até o final de maio. O de maquiagem será feito no período de 12 a 30 de maio. Na próxima etapa, virão os cursos de manicure, pedicure e depilação. As jovens participantes de toda a programação foram indicadas pelas lideranças comunitárias de vários bairros de Belém, onde o instituto desenvolve programas e cursos de qualificação.

Vida reprodutiva começa antes dos 15 anos
De acordo com pesquisa da Unesco, em 2005, envolvendo alunos, pais e professores, em 13 capitais brasileiras, a vida reprodutiva antes dos 15 anos começa em 55% dos casos, entre jovens sem escolaridade, e 19% entre jovens com 5 a 8 anos de estudo. Para quem tem um salário mínimo de renda familiar, a taxa de fecundidade chega a 28%. Para quem recebe acima de 10 salários mínimos, esse percentual desaba para 13%.
A pesquisa diz ainda que, em Belém, 77,9% das jovens tiveram sua primeira gestação entre 15 e 19 anos. Esse percentual cai na faixa etária de 10 a 14 anos, ficando em torno de 5,9%. A média nacional da primeira gravidez acontece aos 16 anos. Em Belém, ela chega um pouco mais tarde, aos 17,5 anos.
Os dados revelam também que a gravidez precoce e as dificuldades dela decorrentes já respondem pela terceira causa de óbitos entre as mulheres jovens do Brasil, perdendo apenas para homicídios e acidentes de transporte.
A pressa, a intensidade do desejo sexual, imaturidade psicológica e a falta de diálogo com os pais são as causas apontadas, pelo estudo, que provocam a gravidez precoce. Ainda de acordo com a pesquisa, 62% dos entrevistados responderam que a gravidez juvenil “se torna um prejuízo para o resto da vida”. Apenas 21% acreditam que ela traz felicidade, mesmo para quem ainda brinca de bonecas e está cheia de sonhos e projetos.
A interrupção dos estudos e a entrada precoce no mercado de trabalho são os principais fatores negativos para as mães adolescentes, atestou Unesco. A gravidez entre jovens é a quarta causa de evasão escolar no Brasil e a primeira na região Norte. Ela mostrou que, nas escolas públicas, 6,7% das grávidas abandonam as salas de aula, por outro lado, esse percentual cai para 0,1%, nas escolas particulares. Em Belém, o abandono escolar alcança 6,9%.
Ainda na capital paraense, 30% de crianças nascidas na Santa Casa são de mães adolescentes. Há dez anos, a fundação investe no programa Aborto Legal, voltado para vítimas de violência sexual.
Fonte: Instituto Abraço

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