terça-feira, 30 de julho de 2013

IDHM: viva o salto do Pará. Mas temos Melgaço!


Mas que coisa, hein, meus caros?
Que coisa impressionante os números do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, divulgados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que divulgou nesta segunda-feira (29).
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IHDM), que mensura os índices relativos à saúde, educação e distribuição de renda, saltou estrondosos, expressivos 56,4% no Pará em 20 anos, no período de 1991 a 2010.
Ótimo?
Sim, sem dúvida ótimo.
Mas olhem só.
Da mesma forma como não convém tomar certas realidades isoladamente, porque isso oferece um corte - como dizem - meio impreciso do contexto, não se pode desprezar outros contextos que não aqueles restritos à Região Norte.
Querem ver?
Quando se considera Melgaço, por exemplo, é uma tragédia.
O município, situado na Ilha do Marajó, tem o pior IDHM do país.
O índice é de ínfimo, mísero, horrorosamente minguado 0,418, o mais baixo das 5.565 cidades pesquisadas.
Isso significa, por exemplo, que metade dos moradores de Melgaço não sabe ler nem escrever.
Pasmem: 12 mil dos 24 mil habitantes da cidade não são alfabetizados, e apenas 681 pessoas frequentam o ensino médio, segundo dados do censo do IBGE publicados no ano passado.
Olhem os dados acima.
Quando se consideram apenas os dados relativos à educação, Melgaço apresenta também o pior resultado, com 0,207. Acima dela, imediatamente acima, Chaves, também no Marajó, com 0,234.
E aí?
E aí que vocês podem argumentar o seguinte: mas o Pará deu um salto de 56,4%.
Claro, muito bacana.
Esse é um contexto maior.
Mas então vamos contextualizar mais.
CLIQUEM AQUI.
Quando clicarem, vocês terão acesso ao IDHM de todos os 5.565 municípios brasileiros.
Feito isso, tomemos Belém, por exemplo.
A cidade tem o maior IDHM do Pará, com 0,746.
Pois é.
Com essa bola toda, a capital paraense, destaque em saúde, educação e distribuição no contexto do Estado, aparece em 628º lugar no país.
Vejam aí.


E na Região Norte, Belém é a primeira?
Não é.
A primeirona é Boa Vista, capital de Roraima, que no país é a 508ª, com 0,752.
E no contexto da Região Nordeste?
Pior ainda.
Belém não ganha de nenhuma capital.
Absolutamente nenhuma.
Perdemos para São Luís (MA), que está, acreditem, na 249ª posição, com 0,768.
E ficamos atrás de Teresina (526º lugar), só para citar duas capitais.
E estamos falando, no contexto geral, bem geral mesmo, de Belém, meus caros, o suprassumo do IDHM no Pará.
Imaginem se contextualizarmos Melgaço.
Imaginem.
É a tal coisa: para comemorarmos o fato de o Pará, em 20 anos, ter avançado 56,4% no IDHM, não se perca de vista que ainda precisamos avançar uns 1.500% - senão mais - para, de fato, termos razões para comemorar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Péssima avaliação.
1. O estado do Pará, em 1991, era o 17º; em 2000, caiu para 19º; e, em 2010, despencou para 24º.
2. Não se deve analisar somente o crescimento de IDH, haja vista que, no período 1991 a 2010, Melgaço teve um incremento no seu IDHM de 136,16%, acima da média de crescimento nacional (47,46%) e acima da média de crescimento estadual (56,42%). UAU!
3. O estado do Pará involuiu. Está muito pior que em 1991.

Anônimo disse...

E vivas aos nossos políticos, que ao longo do tempo "contribuiram com seus esforços" para a involução.
Esquerda, direita, centro, por cima, por baixo, tudo porcaria.