segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A PM no Hangar é só um detalhe. Um pequeno detalhe.

Olhem só.
A Polícia Militar do Estado bate ponto no Hangar - Centro de Convenções e Feiras desde a última sexta-feira.
PMs passam 24 horas lá.
Tomam café, lancham, almoçam e jantam por lá.
Essa situação, ao que se diz, vai perdurar até quarta-feira, quando uma comissão do governo do Estado vai pessoalmente verificar a situação em que se encontra o Hangar.
Ninguém se espante se todos virem o seguinte: que o prego estará no lugar, os móveis idem, as pinturas rebrilhantes e o piso muito mais. E tudo cheirando a Leite de Rosas. Tudo.
Ninguém se espante, portanto, que a estrutura física esteja perfeita.
E se estiver, a direção da OS (Organização Social) Via Amazônia, que administou o Hangar nos últimos quatro anos, terá passado um atestado público de que cuidou bem do patrimônio público que esteve afeto às suas responsabilidades.
E o atestado de que tudo estará nos trinques será passado ao vivo e em cores, porque certamente a Imprensa todinha baterá ponto no Hangar, na quarta-feira, sequiosa, ansiosa, curiosa, à espera de sua reabertura.
E se for esse o cenário, a parada acabou?
É claro que não.
É claro que não acabou.
Porque, reparem bem, o que mais chama atenção no Hangar não é o que está visível.
No Hangar, o que deveria aguçar a curiosidade é justamente o que não está visível, é o que ainda não apareceu.
No Hangar, o mais importante não é que se vê.
É o que não se vê.
No Hangar, o mais importante não é o que está à mostra.
É o que não está.
O que não está à mostra - e que deveria aguçar a curiosidade geral?
É a situação financeira em que foi deixado o Hangar.
No último final de semana, a direção do Hangar informou à Imprensa duas coisas.
A primeira: lembrou que as contas da OS Via Amazônia de 2007 a 2009 foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado.
Perfeito.
A segunda: disse que tem o prazo até o final de fevereiro para prestar as contas do exercício de 2010.
As contas serão prestadas ao órgão gestor, a Secretaria de Cultura (Secul). E posteriormente, também serão remetidas ao TCE.
Pronto.
Aguardemos as contas.
Enquanto a OS Via Amazônia não as apresentar, convém não avançar em prejulgamentos de qualquer ordem.
É melhor esperar.
Mas há um foto que independe de prazos, que independe de prestação de contas, que independe de especulações.
Trata-se da operação de ressarcimento de R$ 3 milhões que a Secult fez ao Hangar, no apagar das luzes da gestão passada.
Essa operação é um fato concreto que está à mão do governo do Estado.
Foi transformada num processo administrativo que tem mais de 200 folhas.
Essa é uma situação concreta que pode ser questionada.
Na sexta-feira passada, o Espaço Aberto mostrou documentos - que constam do processo, vale ressaltar - que mostram objetivamente o seguinte:
1. O ressarcimento não teve qualquer oposição da Procuradoria Geral do Estado.
2. As benfeitorias feitas pela administração do Hangar não tiveram a autorização prévia da Secult. Isso está dito lá nos documentos. Com todas as letras. Com letras escritas pela própria gestão anterior da Secult e, acreditem, escritas pela própria Procuradoria Geral do Estado.
3. A Secult não demorou a mandar ouvir a PGE num processo rápido. Ou melhor, rapidíssimo, o que é inusual, inabitual no serviço público.
4. A PGE, como já se disse, reconheceu com todas as letras que o Hangar deveria pedir, mas não pediu, autorização prévia da Secult para promover as benfeitorias. E inacreditavelmente determinou que se abrisse procedimento para apurar as responsabilidades da Secult, mas diz taxativamente, claramente, inequivocamente o seguinte: que a secretaria está "dispensada de instaurar procedimento administrativo para verificar a conduta da OS".
5. Inacreditavelmente, a Secult pediu à OS Via Amazônia que devolvesse os R$ 3 milhões com que foi ressarcida. Para fazê-lo, amparou-se numa recomendação de dez linhas da controladoria interna da Secult, que assim teve mais força do que o parecer de quatro folhas, exarado por ninguém menos do que o então procurador-geral do Estado do Pará, Ibraim Rocha.
Pronto.
Esses são fatos.
Não são ilações.
São fatos.
Objetivos.
Claros.
Concretos.
Escritos.
Colocados em papéis.
Papéis que consolidam um processo administrativo de quase 200 folhas, onde está toda a história dos procedimentos que levaram do pedido do ressarcimento à devolução de parte do dinheiro pela OS Via Amazônia.
Mas a presença da polícia no Hangar suplantou, sufocou fatos objetivos como esse.
E a presença da PM no Hangar não é o mais importante.
Importante é o que ainda precisa ser esclarecido.
A presença da PM no Hangar é apenas um detalhes.
Um pequeno, pequeníssimo detalhe.

6 comentários:

Anônimo disse...

Soubemos todos semana passada pela imprensa que o governador Jatene já havia designado para o comando do HANGAR, MANGAL e ESTAÇÃO o Sr. Teodoro Bendelack da OS Pará 2000.

Talvez isto ajude a explicar as razões da ENCENAÇÃO/FARSA de LACRAR O HANGAR, ou seja, uma reação desmedida e ameaçadora ao governador de que não aceitaria pacificamente perder o comando desses espaços, ainda mais da forma como ocorreu: pela imprensa e sem aviso prévio, na bucha e em contrariedade ao que o Paulo Chaves até já havia anunciado o que pretendia fazer nesses espaços, até aquele momento sob seu comando, aqui no Espaço Aberto.

Desautorizado pelo governador PC reagiu dessa maneira pernóstica, irresponsável, onde "a melhor defesa é o ataque", bradando a quem quiser ouvir que a briga pelo comando do HANGAR, MANGAL e ESTALÇAO está só começando.

Ao se lançar como protagonista no caso do HANGAR ele, Paulo Chaves, na prática busca desautorizar a desautorização do governador Jatene e, dessa maneira, ele pode vir a cumprir o importante papel de termômetro da capacidade de comando e autonomia do novo governador, agora sem Almir Gabriel a lhe dizer o que fazer, o que ele, Jatene, de fato fará com essa IMPRESSIONANTE QUEBRA DE HIERARQUIA NA CADEIA DE COMANDO DO GOVERNO DO ESTADO?

Abç

Marcelo Martins

Cássio de Andrade disse...

Caríssimo (em homenagem ao apóstolo Paulo quando iniciava suas cartas), sinceramente, independente das razões proferidas pelo outro Paulo, o das Chaves (onde a humildade não faz morada), a decisão de colocar a PM para cercar o Hangar é infeliz e retrata um autoritarismo bárbaro tão criticado pelo atual Príncipe da SECULT quando comparou em 2007 a chegada de Ana Júlia à invasão nazista da França. Esse tipo de pirotecnia poder ser ótimo para refastelar o ego de nosso sátrapa da cultura, encarnação auto-proclamada de Lemos, mas é ruim para democracia e até para a tranquilidade administrativa de uma nova gestão que se inicia sob o clima do republicanismo e olhar de futuro. Fico a imaginar o que está se passando na cabeça de produtores de eventos acerca desse vexatório constrangimento, afinal negócios não combinam com incertezas e histrionismos. Na quarta, o cerco militar acaba, mas e os próximos passos? Quer dizer que qualquer nova dúvida do atual secretário será sanada pelo uso de forças militares? Acionará a Força de Paz, a Guarda Nacional, o Exército, a Marinha, a Aeronáutica e a Guarda Municipal? Uma UPP será implantada no Hangar? Estará o Governador, conhecido pela moderação e cautela racional, satisfeito com esse cerco militar sobre um espaço público de sua gestão? Que tal desarmar o palanque? Vamos ver os próximos passos da caserna no Império de Dom Chaves... Espero que não estejam parindo um rato!

Anônimo disse...

O comentário do Cássio, tão bem escrito merece ir para a ribalta.

Anônimo disse...

E de quebra,que tal fechar a PM?

Anônimo disse...

Governador, ontem durante a chuva que deu em Ananindeua, quando chegava do trabalho no Distrito Industrial, onde moro, fui abordado por dois assaltantes que me levaram a carteira e o celular, e o seu secretário de cultura leva a PM pra fazer cerco ao Hangar, num lapso de pití, pelo amor de Deus, sei que seu Governo é para as elites, mas veja se melhora a segurança p gente q é pobre tbm

Anônimo disse...

O Governador deveria pedir para paulo Chaves a prestação de contas da PARÁ 2000 que deve INSS, FGTS,Receita Federal sem falar na Rede Celpa, portanto deveria ter seu contrato de Gestão rescindido e ainda perder a qualificação de Org.Social, mais ao contrário vai ser premiada.Mande o Goveranador tirar do comando do PC as OS para ver se ele fica na SECULT.