segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Psicopata e poder político


A relação entre a psicopatia e o poder político abrange curiosos aspectos. Talvez o mais expressivo deles esteja hospedado na idéia segundo a qual um psicopata político é tarado pelo poder. Esta constatação, porém, não deve induzir à conclusão precipitada de que todo político seja psicopata. Todavia, não se pode negar que o exercício do poder constitui o ambiente onde ele pode se revelar, movimentando-se como peixe na água. Para o médico psiquiatra Hugo Marietan, uma das maiores autoridades no assunto da América Latina, esse tipo de psicopata não é necessariamente um doente mental, mas sim um modo de estar e agir no mundo, embora haja opinião designando-o como tal e nu de valores éticos ou morais.
Um político psicopata em geral é um grande mentiroso, um verdadeiro artista na arte de mentir e dissimular. É capaz de mentir com a palavra e com os gestos. Por isso, é hábil em fingir sensibilidade de modo convincente. Tais características talvez constituam critérios para distingui-lo de um político dito normal.
Outra característica de um político psicopata envolve sua capacidade de persuasão e manipulação. Assim, ele é capaz de induzir as pessoas a fazer coisas que não fariam se não estivessem sob o seu efeito persuasivo. E para tal é capaz de usar desde a chantagem até a coerção. De modo que ameaçar, assegurar postos de trabalho, utilizar o que pode como instrumento de pressão e praticar o tráfico de influência, simbólico ou ostensivo, são alguns dos expedientes por ele utilizados e com certa freqüência.
Essa espécie de político sempre visa quebrar a vontade e o bom senso dos que o cercam que normalmente tendem a ficar submissos, reféns do clássico estado do macaco que não vê, não escuta e nem reage diante do comando e solicitações imorais, amorais e anormais. Com efeito, esse estado de submissão, consciente ou não, alimenta a conduta do político psicopata, além de ser o terreno fértil para a corrupção tanto na esfera pública quanto privada.
A propósito, o político psicopata encara o exercício da Administração Pública, bem como os recursos a ela inerentes, como se fosse propriedade privada e familiar, excluído qualquer interesse público e utilidade social.
Portanto, as pessoas que cercam o político psicopata, que podem ser inclusive pessoas de aparente alto nível intelectual e acadêmico, são para ele coisas ou sujeitos sem direitos. Com efeito, essas pessoas são para ele meros instrumentos ou meios, a serviço de seu interesse, ainda que elas não sejam inocentes ou irresponsáveis. O político psicopata sempre trabalha, exclusivamente para si, embora em seu discurso costume afirmar o contrário.
Como afirmado, o político psicopata tem grande facilidade de mentir e muita dificuldade em dizer e enfrentar a verdade.
O pior cenário para o político psicopata é o de ausência de crise. Por isso, ele não se adapta à tranquilidade, não a suporta. Ele precisa de crise, pois na paz ele não tem papel. Talvez por isso, as sociedades e corporações lideradas por políticos com essas características vivam de crises em crises.
Portanto, se não há crise, o político psicopata costuma fabricá-la, pois ele precisa sempre desestabilizar as coisas. Afinal de contas, ele, por ser uma personalidade controladora, necessita de modo quase doentil ser reconhecido como o salvador...
A primeira oportunidade para varrer o político psicopata e seus acólitos do cenário do exercício do poder deveria ser no ato de eleição, ou seja, seria o momento vital para não escolhê-lo, para evitá-lo, já que no Brasil ainda não temos o instituto do Recall político.
A segunda, caso eleito, é reduzir seu poder ao máximo. Em síntese, talvez ainda seja possível dizer que tem gente consciente e que seja possível escolher outros políticos, que podem até ser carismáticos, mas não necessariamente psicopatas nos termos expostos.

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STAEL SENA LIMA é pós-graduado em Direito, UFPA
staelsena@hotmail.com

2 comentários:

Anônimo disse...

Qualquer semelhança é mera coincidência.
hahahahahahha...

Anônimo disse...

Quaisquer semelhanças são meras coincidências, porque nesta análise podemos encaixar muitos, muitíssimos, de nossos parlamentares.