Manifesto da Juventude Azulina e da Associação dos Torcedores e Amigos do Remo (Atar), a ser apresentando hoje à noite, durante a reunião do Conselho Deliberativo (Condel) do Remo, exige a “destituição imediata e inegociável” do presidente Raimundo Ribeiro e de todos os demais diretores.
Não apenas isso.
A Juventude Azulina e a Atar defendem ainda a antecipação do processo sucessório e implementação de uma série de medidas para tirar o Remo do poço sem fundo em que foi atirado por uma administração desastrosa e ruinosa aos interesses do clube.
Entre as medidas, a Juventude Azulina e a Atar propõem o voto direto para o Conselho Diretor, a redução do número de membros do Condel e, por último mas não menos importante, mudanças no estatuto social que prevejam a afetação do patrimônio pessoal dos administradores e dos membros do Conselho Fiscal, “pelas dívidas contraídas em nome da agremiação, que redundem em gestão fraudulenta ou ruinosa do Clube do Remo.”
É o seguinte o manifesto das duas associações que reúnem torcedores remistas:
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MANIFESTO EM FAVOR DO CLUBE DO REMO
O Clube do Remo está vivendo seu 103º ano de vida eivado de tristezas. Estamos com o patrimônio comprometido, abandonado e mal administrado. Temos uma diretoria descompromissada com a agremiação. Estivemos de mãos atadas, como torcedores e sócios, sem poder impedir que a atual diretoria levasse o antes glorioso Leão Azul de Antônio Baena ao fundo do poço - mesmo que tenhamos, de todos os modos e dentro dos limites de quem não faz parte da administração, tentado ajudar na melhoria da situação.
O futebol, na verdade, é apenas o reflexo do completo amadorismo na forma como o Clube do Remo é administrado. É a vitrine, e como tal é o que mais comprova a completa acefalia da administração azulina.
Ano após ano, vemos times serem montados sem planejamento, sem noção dos limites financeiros da agremiação e sem conhecimento dos supostos profissionais que chegam cheios de pose, mas sem qualquer respaldo de currículo ou resultados, a reclamar altos salários para jogar no Clube do Remo.
Ano após ano, ouvimos suspeitas de que diretores trazem jogadores e com eles fazem acordos para participar dos ganhos que estes sedizentes atletas obtêm do Clube.
Ano após ano, continuamos de mãos atadas, como torcedores e sócios, diante deste quadro escabroso de inanição e incompetência administrativa, que mina a capacidade de pagamento, manutenção e investimento do Clube do Remo, levando-o ao risco de cerrar as portas, se nada for feito para mudar o quadro atual.
Neste último biênio, em especial, tivemos uma diretoria especialmente desastrosa, como talvez nenhuma antes o tenha sido, personificada no presidente Raimundo Ribeiro Filho, que sequer consegue assumir seus erros.
Após receber o Clube do Remo na série B, Raimundo Ribeiro não só entregará o futebol azulino na mera expectativa de disputar, no próximo ano, a recém-criada série D - mera expectativa porque, afinal, o Remo ainda terá que formar um time para, no campeonato paraense de 2009, disputar a única vaga disponível no limbo do futebol para o Pará - como terá acrescido, segundo se estima, três milhões e duzentos mil reais à já enorme dívida trabalhista, cível, previdenciária e de outras naturezas que vergasta os cofres da agremiação.
Não contente em produzir a catástrofe, Raimundo Ribeiro ainda culpou todos, menos ele próprio e sua diretoria, pelos erros que pateticamente cometeu. Culpados foram: a torcida, ano passado, que não ia a campo para ver um time medíocre jogar; os canais fechados de televisão, que impediam esta mesma torcida de ir a campo, pagar ingresso; a Justiça do Trabalho, que retinha receitas para o pagamento do monstruoso passivo trabalhista do Clube; a imprensa, que o "perseguia"; e, mais recentemente, o ex-técnico Arthur Oliveira, que "jogava baralho com os jogadores do elenco".
Neste extenso rol de culpados, só não há, ironicamente, lugar para a própria diretoria. Esta, "coitada", foi (e continua sendo) pintada pelo presidente Raimundo Ribeiro como a grande vítima da "perseguição" empreendida por torcida, Justiça do Trabalho, imprensa e canais fechados, todas mancomunadas sob a batuta de Arthur Oliveira. Raimundo Ribeiro só não assume sua responsabilidade, como todo homem sério deve fazer.
Neste contexto, ficamos de mãos atadas, sem poder fazer mais do que reclamar mudanças ou auxiliar no pouco espaço que nos foi dado, porque além do excessivo centralismo da atual administração, outros dois aspectos impediam a maior participação dos remistas interessados em mudar o prognóstico sombrio que acabou por se tornar real:
a) a omissão e tibieza do Conselho Deliberativo e do Conselho Fiscal, que, ao deixarem de exigir as mudanças que se faziam necessárias na administração, coonestaram o caos gerencial experimentado pelo Remo;
b) e a extrema fragilidade do estatuto social, que, em tempos modernos, ainda preserva privilégios odiosos e métodos ultrapassados de gestão, em nada contribuindo para a mudança do modelo que o Clube do Remo precisa ver implantado o mais breve possível, se quiser sair do buraco em que se encontra.
A omissão do chamado Condel, em conjunto com o Conselho Fiscal, é mais que evidente: em dois anos seguidos, a administração Raimundo Ribeiro seguidamente aumentou a dívida do Clube e afundou o futebol azulino, sem que qualquer responsabilidade lhe fosse cobrada. Quando o próprio Condel optou pela venda de um patrimônio para sanar dívidas do Clube, não fez valer sua decisão, pois outros membros do mesmo Condel, desrespeitando a decisão da maioria - em um exemplo de anti-democracia e pouco caso ao estatuto social que, ainda que ultrapassado, é a lei maior da agremiação -, utilizaram de subterfúgios para impedir a concretização do negócio, sem apresentar alternativas para a solução do passivo remista.
Já a iniqüidade do estatuto está expressa em um aspecto que é singular. A assembléia geral, que congrega todos os sócios do clube, só tem duas oportunidades de se manifestar: de modo ordinário, a cada quatro anos, para eleger o Condel; e de modo extraordinário, a qualquer tempo, para dissolver a agremiação.
Ora, não bastasse o sucateamento do patrimônio, o amadorismo do departamento de futebol, o aumento das dívidas, o fracasso da administração, os sócios do Clube do Remo ainda têm que conviver com a realidade de que nada podem fazer para mudar o atual estado de coisas. Em outras palavras: sócio não tem direito a nada, de acordo com o atual estatuto do Clube do Remo, e quem tem poder para efetuar as mudanças - isto é, o Condel e o Conselho Fiscal - se omite em fazê-las.
Outro fator importante contribui para este quadro de horror, que indica o fracasso do atual modelo de gestão do Clube do Remo: a cultura construída, notadamente no futebol, da benemerência, do apadrinhamento, da composição entre iguais. Política, no Clube do Remo, não se faz às claras, com exposição e debate sobre propostas. Faz-se na base da amizade, do compadrio, do toma-lá-dá-cá.
Diretores se arrogam direitos sobre o Clube, ao argumento de que põem a mão no bolso para ajudar a agremiação, quando são chamados a tal. Certamente não possuem recibo destes valores que dizem desembolsar. Mas o sócio e o torcedor comum, estes têm prova do dinheiro que desembolsam em favor do clube: seja no pagamento de sua mensalidade, seja no preço muitas vezes salgado que pagam para ver jogadores vestirem imerecidamente o manto azulino, que já foi envergado por grandes atletas do passado. Estes sim, sócios e torcedores comuns, são os verdadeiros donos do Clube do Remo, seus verdadeiros investidores, que nada mais querem em troca do que a alegria das vitórias e poder orgulhar-se de serem remistas.
É com o olhar voltado para esta realidade que a Juventude Azulina e a Atar, formadas por sócios e torcedores do Clube do Remo, exigem mudanças nos quadros, no modelo administrativo e no estatuto social do Leão Azul.
Se quisermos mudar o atual estado de coisas, precisamos votar diretamente para o Conselho Diretor, envolvendo toda a comunidade remista na discussão dos projetos de interesse do Clube; precisamos diminuir o número de membros do Conselho Deliberativo, para torná-lo ágil e dotá-lo efetivamente de poder de decisão; e, fundamentalmente, precisamos adequar o estatuto social à atual legislação desportiva do país, inclusive para responsabilizar o patrimônio pessoal dos administradores e dos membros do Conselho Fiscal pelas dívidas contraídas em nome da agremiação, que redundem em gestão fraudulenta ou ruinosa do Clube do Remo.
Estas mudanças, porém, só serão possíveis com a destituição imediata e inegociável da atual diretoria, a antecipação do processo sucessório e, principalmente, repetimos, com o envolvimento de toda a Nação Azulina no processo de reerguimento do nosso amado Clube do Remo.
Belém, 14 de setembro de 2008.
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JUVENTUDE AZULINA
ASSOCIAÇÃO DOS TORCEDORES E AMIGOS DO REMO
UNIDOS PARA A LUTA
3 comentários:
Perfeito e pertinente, muito pertinente o Manifesto.
Força torcida azulina!
Chega de eleger "bibelôs-beneméritos"!
O Clube do Remo é muito maior do que todos eles.
O Clube do Remo é do tamanho da sua torcida: a maior da Amazônia!
Leiam e divulguem, amigos azulinos.
Valeu, PB. Grande abraço.
Você manda, amigo.
Mais do que você, só o Flanar (rsss).
Abs.
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