No AMAZÔNIA:
Investigadores da Delegacia do Jurunas prenderam, ontem à tarde, um rapaz de 18 anos que confessou, com naturalidade, ter matado de '9 a 13' pessoas somente este ano. José Fernando Ramos Quaresma, o 'Fernandinho', admitiu ser um justiceiro, pois garantiu que só mata bandidos. Ele também disse ter 'perdido a conta' de quantos assaltantes foram baleados por ele. E ainda fez uma revelação aos policiais. 'Se vocês não tivessem me prendido, eu, hoje (ontem), ia matar mais dois', garantiu.
O rapaz fez essas declarações em entrevista à reportagem e ao responder às perguntas dos delegados Emir Medeiros de Miranda, supervisor da Delegacia do Jurunas, e Paulo Cristovam e do investigador Rafa, chefe de operações daquela unidade, que participaram da detenção do rapaz. Há muito tempo procurado pelos policiais da DP do Jurunas, que já investigavam os crimes atribuídos a ele, 'Fernandinho' está com a prisão preventiva decretada pela juíza Ângela Alice Alves Tuma, da 1ª Vara Criminal do Juízo Singular.
Solicitado pelo delegado Emir Medeiros, esse mandado de prisão refere-se ao assassinato de Walter José Modesto de Araújo, de 25 anos. Ele levou um tiro na cabeça, durante assalto ocorrido na travessa Bom Jardim, no bairro do Jurunas, por volta das 16h30 do dia 9 de fevereiro deste ano. Da vítima, que trabalhava como autônomo, os bandidos levaram o relógio e a carteira porta-cédulas, configurando o crime de latrocínio (roubo seguido de morte). Walter ainda foi socorrido, mas já chegou morto no Pronto-Socorro Municipal da 14 de Março.
No entanto, 'Fernandinho' negou ter participado desse latrocínio. Ele afirmou que, quando aconteceu essa morte, estava no município de Cametá, onde passou o Carnaval. De acordo com sua versão, o autor do assassinato seria um homem conhecido como 'Dênis', que morreu tempos depois, por conta de seu envolvimento no mundo do crime. Ainda de acordo com ele, 'Dênis' matou o autônomo apenas para 'ganhar fama' entre a bandidagem. É que, segundo sua versão, a vítima não reagiu. 'Fernandinho' afirmou que jamais mataria uma pessoa de bem, pois só elimina assaltantes.
Os policiais perguntaram se o acusado havia matado um bandido conhecido como 'Monstrinho'. 'Esse fui eu. Não nego (ter matado) o ‘Monstrinho’', disse. O rapaz, que ria o tempo todo, como se tivesse falando de assuntos banais, afirmou que, até três anos atrás, praticava assaltos. Ele alegou que o fazia por 'necessidade', pois precisava de dinheiro. Aos 17 anos, decidiu parar de roubar. 'Eu não queria mais isso para mim', afirmou. Mas, segundo o acusado, surgiu uma situação que mudou, para sempre, a vida dele. 'Fernandinho' disse que bandidos faziam assaltos na avenida Bernardo Sayão e que ele acabava sendo responsabilizado pelo cometimento desses delitos. 'Roubavam na Bernardo Sayão e diziam que era eu', contou.
O acusado afirmou que, por conta desses comentários, os policiais viviam atrás dele, para prendê-lo, e por isso não conseguia mais viver sossegado. 'Eu não agüentei mais a polícia atrás de mim', revelou. Por esse motivo, ele afirmou que decidiu comprar um revólver. E, dias depois, soube que havia três 'moleques' (assaltantes) no canal da travessa Quintino Bocaiúva. Eram assaltantes que agiriam naquela área. Ele disse ter convidado um vizinho para acompanhá-lo, e explicou a 'missão': tomar as armas dos 'moleques' e matá-los. O vizinho não aceitou o convite. Ele disse ter ido sozinho e atirado nos três bandidos, dos quais apanhou os revólveres. 'Fernandinho' afirmou que atirou para matar, mas os feriu nas pernas e nas costas. 'Era para ser na cabeça', disse, acrescentando que, para não serem mortos, os bandidos, porém, se jogaram no chão.
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Um comentário:
Infelizmente não me comovo com o resultado que levou esse jovem a cometer tais crimes, fico triste sim, por ele ficar preso no lugar de muitos bandidos que trazem verdadeira desgraça a vida de "pessoas de bem", como o próprio Fernandinho se refere às potenciais vítimas da criminalidade.
Sabemos que as condições sociais e o próprio despreparo da polícia, nas investigações, o levaram a eliminar os bandidos efetivos que cometiam crime no bairro onde residia, então culpar Fernando, ou culpar o Estado pelas mortes?
Lamento, mas o mau do Fernando acabou com muitas outras maldades por ai. E enquanto tivermos uma sociedade desigual, opressora, uma polícia despreparada, ainda surgirão muitos Fernandos pelo Brasil a fora, e serão sempre bem quistos por serem justiceiros dos injustiçados!
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