Em O ESTADO DE S.PAULO:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva costuma aproveitar o estilo briguento do ministro da Justiça, Tarso Genro, para lançar balões de ensaio sobre temas espinhosos e sentir a reação da sociedade. Se o assunto passar sem problemas, o governo vai em frente, mas, se for rejeitado, recua. Não foi o que aconteceu no caso do embate de Tarso com os militares. Motivo: Lula sempre avaliou que tocar nas Forças Armadas é como mexer num vespeiro.
O que mais aborreceu o presidente foi a forma como o ministro entrou na polêmica. Pareceu tudo planejado: uma audiência pública, no dia 31, patrocinada pelo Ministério da Justiça, para analisar responsabilidades civis e criminais de agentes do Estado que mataram e praticaram torturas.
Por trás dessa discussão está o desejo de vários integrantes do governo Lula de abrir brechas legais para responsabilizar criminalmente torturadores do regime militar (1964-1985). Mas o presidente não queria ver esse capítulo debatido em público e, pior, parecendo uma iniciativa revanchista, orquestrada pelo governo.
"Não houve nada disso, mas o clima ficou tenso porque foi divulgado que eu estava pedindo a revisão da anistia, o que não é verdade", amenizou Tarso. "Pessoas torturadas, mães que perderam seus filhos, juristas e grupos de direitos humanos procuram o Ministério da Justiça e a Comissão de Anistia buscando amparo do Estado para suas demandas. Não se trata de uma questão artificial."
Lula disse a Tarso que era preciso agir rápido e evitar que o tema se transformasse numa batalha do Executivo. A ordem foi bater na tecla de que tudo está na alçada do Judiciário. No diagnóstico do governo, o lance mais importante da estratégia para abrir caminho rumo à punição de torturadores ocorrerá no julgamento da ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal contra os coronéis reformados Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Santos Maciel, comandantes do DOI-Codi na década de 70.
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2 comentários:
Lula precisa de uma vez por todas deixar de ser essa metamorfose ambulante e parar com a tentativa de agradar a gregos e troianos. A identificação, responsabilização e condenação dos torturadores é uma exigência da História, uma necessidade urgente para a definitiva humanização do Brasil e um direito das famílias que perderam seus entes queridos de forma tão cruel. O que não se pode é ver uma sociedade convivendo tranqüilamente com criminosos irrecuperáveis. Brilhante Ulstra tem que acabar na cadeia e os entulhos autoritários que ainda tem voz dentro das Forças Armadas têm que ser calados de uma vez por todas. Justiça, já!!!
Anônimo,
Seu comentário é pertinente.
Vamos detacá-lo na ribalta, na tarde desta segunda-feira.
Abs.
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