No AMAZÔNIA:
A Superintendência do Sistema Penitenciário e a Polícia Civil não confirmam, mas pelo menos 159 presos, alguns deles de Justiça, conseguiram escapar das delegacias e seccionais da Região Metropolitana de Belém em 2008. Serrando grades, escavando paredes e até arrancando as placas de metal usadas para reforçar as celas, mais de 34 tentativas de fuga resultaram em 16 escapadas bem-sucedidas e outras 18 frustradas pela ação da polícia. A maior delas, em janeiro, na mesma carceragem de onde fugiram no último domingo 20 presos. Uma característica comum nas celas é a superlotação.
O número corresponde às ocorrências que ganharam as páginas dos jornais desde o 4 de janeiro - quando 10 presos conseguiram escapar da delegacia do Jurunas - até o dia 4 de agosto, data da última fuga registrada na carceragem da Seccional do Guamá. Estão incluídas nestas contas as fugas do Espaço Socioeducativo Crescer e Viver, o antigo Erec, que mantém adolescentes infratores internados. Desse número, a Susipe confirma apenas 87 fugas, com a recaptura, de janeiro a julho, de 18 presos.
Em comum, todos os registros apontam as péssimas condições das carceragens da capital paraense e a superlotação das celas como os fatores condicionantes para as tentativas de fuga. O problema se reflete nas carceragens de delegacias do interior, que também registram um número alto de tentativas e fugas.
Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup) dão conta que 70% da população carcerária do Estado é formada por presos provisórios, que ainda não foram julgados ou ouvidos pela Justiça. Para tentar estancar a ferida do sistema carcerário, a Segup promete, mas não dá prazos, a criação e ampliação das carceragens das delegacias do Estado. Entre as cidades que devem receber investimento do sistema carcerário, estão Marabá, São Félix do Xingu, Breves, Moju e Abaetetuba.
Em Abaetetuba, as obras de construção de uma nova carceragem - em substituição à demolida após a prisão de uma adolescente juntamente com homens por mais de 20 dias na delegacia da cidade - devem ser iniciadas ainda em agosto.
Guamá - Até o início da tarde de ontem, nenhum dos 20 presos que fugiram da Seccional do Guamá foi recapturado. Segundo informações do diretor da Seccional, delegado Carlos Alberto Antunes, as buscas aos fugitivos estão sendo feitas pela Polícia Militar desde domingo, quando 20 dos 24 detentos escaparam por um buraco de pouco mais de 30 centímetros de diâmetro.
Depois de escavar a parede com a ajuda de pedaços do forro, os detentos empurraram um dos armários da seccional e conseguiram sair na sala do cartório de registros. Em seguida, pularam por uma das janelas e escalaram o pequeno muro da seccional, escapando por uma área de mata nos fundos da delegacia.
Nenhum dos quatro policiais que estavam de plantão disse ter escutado qualquer barulho da movimentação dos presos. Quatro deles resolveram permanecer na cela e foram transferidos, preventivamente, enquanto a carceragem do Guamá passa por reformas para voltar a receber detentos. Dois presos foram transferidos para a delegacia da Cidade Nova, um para a Cremação e outro para o Telégrafo.
Trabalhavam, na madrugada de domingo, dois investigadores, uma escrivã e uma delegada de polícia. Nenhum deles disse ter ouvido qualquer movimentação na cela.
O cárcere da Seccional do Guamá tem capacidade para apenas 10 pessoas, mas comportava 24 até a fuga de domingo. A delegada Cynthia Viana acredita que o buraco foi feito em menos de um dia, pois a equipe de policiais da unidade tinha feito uma revista na única cela do cárcere na sexta-feira.
Em janeiro deste ano, 27 presos fugiram da seccional. As celas foram reforçadas com concreto e chapas de aço, o que não impediu que várias outras tentativas de fuga acontecessem na unidade.
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