sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Duciomar faz a sua jogada. Se colar, colou. Mas não cola.

O deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB) tem na ponta da língua a resposta, quando lhe pedem para comentar a disposição externada pelo prefeito candidato Duciomar Costa (PTB), de que não vai demitir nenhum tucano da atual administração.
- Duciomar realmente não pode demitir nenhum tucano, se não há qualquer tucano na administração municipal a ser demitido – diz Zenaldo.
Traduz-se: para o deputado, todos os que se diziam tucanos, mas que não se juntaram no apoio à chapa de Valéria Pires Franco (DEM) e Paulo Chaves (PSDB) na disputa pela Prefeitura de Belém, podem se considerar ex-tucanos. Portanto – ainda segundo a interpretação de Zenaldo -, a rigor não existe tucano na administração municipal, mas gente que se negou a embarcar na aliança entre o Democratas e o PSDB.
Esta é tradução do que Zenaldo diz. Tradução formulada a partir de explicações que ele mesmo oferece.
Mas outras traduções – estas livres, vale dizer – podem ser feitas a partir dessa manifestação de extrema generosidade política do candidato à reeleição, Duciomar Costa.
O prefeito, como já se comentou aqui no blog, está cheio de dedos – e pernas e mãos e tudo, se quiserem – nesta campanha. Porque sabe que todas as tendências, aferidas e comprovadas por institutos de pesquisa - apontam para um segundo turno em Belém. E um segundo turno que até agora, neste momento, se prenuncia renhido, disputado, apertado.
Duciomar está certo de que será alvo de muitos ataques, inclusive os que, mais tarde, vão questionar sua conduta moral à frente da administração de Belém. Não pode o prefeito candidato, por tudo isso, reagir com ferocidade verbal capaz de afastar apoios que ele precisará muitíssimo num praticamente certo segundo turno.
Quando começa a dizer que vai poupar tucanos encastelados na administração municipal, o prefeito não aspira à condição de estadista. Pretende apenas passar uma imagem do político esclarecido, do governante que distingue interesses eleitorais, pessoais e políticos na devida conta.
Por que não disse, por exemplo, que também vai poupar peemedebistas, petistas, simpatizantes do PSOL do PSL e do PCdoB? Porque foram os seus tucanos, os tucanos dele, Duciomar, os que mais se opuseram à aliança que resultou nas candidaturas de Valéria e Paulo Chaves.
Orientados pelo próprio Duciomar, os tucanos abrigados na prefeitura, então sob a regência do prefeito, queriam porque queriam que o PSDB saísse com candidato próprio. Com isso, poderia virar mera figuração eleitoral e, como isso, deixaria o caminho livre para o petebista Duciomar correr solto na preferência do eleitorado.
A tática não deu certo. A bancada federal tucana – e nela Zenaldo, como uma de suas principais vozes – foi a que mais pressionou pela aliança, por entendê-la eleitoralmente viável e reveladora de identidades inescondíveis entre o DEM e o PSDB.
Daí que a tal consideração do prefeito, de não demitir os tucanos remanescentes na administração, não passa de jogada de efeito para a torcida ver.
Um torcida cada vez mais diminuta.
Cada vez mais rarefeita.

4 comentários:

Anônimo disse...

Caro Paulo,

avalio que ser ou não "tucano" é quase uma categoria zoológica no Pará e no Brasil de hoje - sem nenhuma referência maldosa ao senador que pretende a hegemonia do PSDB no Pará.

Eu fui "tucana" desde a fundação do partido aqui,em 1988, até dezembro de 1991, quando divergi dos caminhos que o PSDB nacional apontava, já indicando a derrota que o grupo liderado por Mário Cobvas sofreria poucos anos depois.

Na volta a Belém, trabalhei de 1996até dezembro de 2006 nos governos do Dr. Almir e Simão Jatene e disto tenho orgulho, sem nunca ter sido cobrada por ser ou não ave daquela plumagem.

Bem, esses "salvo-condutos" iniciais..rsrsrs..são para lhe dizer que é preciso ressalvar que entre os que na bacia de almas que defendiam a candidatura própria - fosse a de Paulo Chaves ou do próprio deputado Zenaldo - havia algumas motivadas pela necessidade de reacender no Partido a disposição e o compromisso ocupar um espaço aberto na sociedade, espaço que continua vazio.

A proposta foi derrotada. E me parece qe os estavam aliançados com Duciomar nem sequer deram muita bola para essa tentativa.

Um abraço.

Poster disse...

Leitora ex-tucana,
Não se discute o direito do PSDB em "reacender no Partido a disposição e o compromisso ocupar um espaço aberto na sociedade".
Aqui no blog, o que se debateu muito foi a viabilidade eleitoral de tal pretensão.
Seu comentário, todavia, foi muito oportuno.
Vou postá-lo na ribalta, neste sábado.
Abs.

Anônimo disse...

Bom dia, caro paulo:

mas eu falava de sonhos..rsrsrs...e não de realidade ou viabilidade eleitoral.

Um abração.

PS: sinceramente, acho que pra ir pra ribalta merece mais argumentos e uma boa correção de "ques" excedentes e "ques" faltantes...rsrs..

Poster disse...

Ah, sim, Bia. Entendi.
E não se preocupe com "ques".
Eles fazem parte do jogo.
E do comentário (rssss).
Abs.