Ana Júlia e Duciomar travam disputa. Pela rejeição.

Além do empate técnico registrado entre Duciomar Costa (PTB) e Valéria Pires Franco (DEM), a primeira pesquisa Ibope/TV Liberal sobre intenções de votos para prefeito de Belém mostra uma outra disputa. Uma outra disputa emocionante, travada entre o prefeito de Belém, candidato à reeleição, e a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa. Ambos disputam a Olimpíada da Rejeição.
Até agora, a governadora ganha. E ganha bem. Seu índice de rejeição está bem pertinho dos 50%, enquanto o de Duciomar sobe. Em julho, na pesquisa Ibope contratada pelo Democratas, o prefeito candidato aparecia com 33% de rejeição. Agora, emplacou mais 6 pontos. Está com 40%. Cravados.
O Ibope, segundo o blog confirmou ontem à noite, com a TV Liberal, realmente não fez simulação de segundo turno nesta primeira pesquisa. A emissora garantiu, no entanto, que a segunda rodada de pesquisa Ibope/TV já trará cenários sobre prováveis embates que poderão ocorrer, caso a eleição não se resolva no primeiro turno.
Para Duciomar e Ana Júlia, no entanto, o que importa não é segundo turno. O que os incomoda é o índice de rejeição a seus governos. E índice de rejeição não tem primeiro turno, nem segundo, nem terceiro. Tem um turno só. E se prolonga no tempo. Vai além de períodos eleitorais. Reflete o grau de satisfação do eleitor com métodos de gestão – seja num município, seja num Estado.
E no caso de Duciomar, a rejeição que ele deve considerar é dupla: a que considera a sua condição de candidato à reeleição e a que o avalia como gestor. Como Ana Júlia não é candidata, por enquanto a rejeição detectada pela pesquisa refere-se, evidentemente, apenas à sua administração como governadora.
Duciomar, considerado como candidato, tem a repulsa de 40% dos eleitores. Ou seja: essa enorme quantidade de votantes não está propensa, pelo menos até agora, a votar de jeito nenhum no candidato do PTB. Pode até votar no Cacareco ou no Macaco Tião, mas não votaria em Duciomar Costa. Com todo o respeito, é claro, a Sua Excelência o prefeito.
Duciomar, considerado como prefeito de Belém, é rejeitado por nada menos do que 37% dos eleitores – 24% consideram sua administração péssima e 13%, ruim. Apenas 22% o aprovam – 16% consideram sua gestão boa e 6%, ótima.
A governadora Ana Júlia, que já disse a uma jornalista que só vai se pronunciar sobre seus repetidos e confirmados índices de rejeição em julho de 2010, pelo visto precisa queimar muita lenha para reverter o quanto antes a repulsa popular a seu governo.
Nada menos de 34% dos eleitores entrevistados pelo Ibope consideram sua gestão péssima, enquanto 13% acham ruim. Resultado: rejeição de 47%. A avaliação positiva soma ínfimos 17% - 13% e 4% ótimo.
A diferença nominal entre as intenções de votos para Valéria e Duciomar caiu um pouco, entre julho, mês da primeira pesquisa do Ibope em Belém, e agosto, como revela a sondagem do Instituto para a TV Liberal. Há cerca de um mês, a diferença entre ambos era de cinco pontos percentuais; agora é de apenas três. Em ambas as situações, registrou-se empate técnico, já que a margem de erro das pesquisas tem sido de quatro pontos para mais ou para menos.

Priante cola sua imagem à de Lula
Colar sua imagem à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito bem às pretensões eleitorais do candidato do PMDB a prefeito de Belém, o ex-deputado federal José Priante, que registrou 14% das intenções de votos. Desde a primeira pesquisa do Ibope, confirmada também pela pesquisa Vox Populi que o Diário do Pará divulgou no final de julho, Priante tem se consolidado na terceira posição, ajudado também pelo bom volume de campanha nos bairros, sobretudo naqueles onde seu candidato a vice, o vereador Zeca Pirão (PP), tem boa penetração.
A pesquisa Ibope/TV Liberal confirma, por fim, que segurança e saúde pública são os grandes temas que mais interessam aos eleitores. E questões como essas, muito embora possuam vieses absolutamente técnicos, que só os iniciados dominam, também são conhecidíssimas de qualquer cidadão, inclusive dos mais humildes.
O morador de Belém – não importa se dos bairros mais nobres da cidade ou se da periferia – não quer saber, por exemplo, sobre limitações orçamentárias ou detalhes técnicos relativo a esquemas de policiamento ostensivo. O que ele quer saber é quando o Poder Público – prefeito ou governador – vai devolver ao cidadão a segurança que ele perdeu, diante do banditismo desenfreado que não poupa ninguém.
Se os candidatos não tiverem propostas consistentes e discursos convincentes, os que forem eleitos correm o risco – sério risco – de pagar mais tarde o preço das ilusões que disseminaram.
Disseminar ilusões, em política, pode ser também traduzido por fazer promessas.
E a fama de promesseira, você sabe, é que a mais enodoa e estigmatiza a classe política.