quinta-feira, 13 de abril de 2023

Uma vitória épica do Remo. Uma derrota humilhante do torcedor paraense.


Escrevi isso aqui em 2011. Faz 12 anos, portanto. Doze!
Mas escrevi a mesmíssima coisa outras tantas vezes, antes mesmo de 2011.
Nesta quarta-feira (12) à noite, fui ao Mangueirão ver o Remo, uma de minhas paixões, jogar.
Vivi uma noite épica, extasiante, com a vitória remista por 2 a 0 sobre o Corinthians pela Copa do Brasil, o primeiro gol marcado por Richard Franco e o segundo, por Muriqui, que aparece na foto (Ascom/Remo).
O Leão excedeu-se em suas próprias forças e ganhou. Viva!
Nós - e eu mais 39.999 torcedores -, que comparecemos ao Mangueirão, perdemos. Fomos derrotados. Humilhados. Desprezados. Maltratados.
E sempre somos - derrotados, humilhados, desprezados e maltratados. Só não desistimos porque, ao contrário da sentença euclidiana de que o sertanejo é, antes de tudo, um forte, o torcedor paraense, também ele, é um forte. Fortíssimo.
Segue o fio.

Torcedor castigado no trânsito
O trânsito estava um caos. O caos normal, da hora do rush, foi quadruplicado. Saí de casa, em Nazaré, às 18h10, três horas e meia antes de a partida começar. Ingressei no estacionamento do Mangueirão duas horas e dez minutos depois, às 20h20. No percurso de 14 quilômetros (medidos no Google Maps) entre minha casa e o estádio, não vi um, um sequer, agente de trânsito. Para dizer que não vi nenhum, estavam uns três ou quatro no Elevado Daniel Berg, onde estreitaram uma via para facilitar o trânsito de quem vinha pela Pedro Álvares Cabral para chegar à Júlio César e depois à Centenário.

Torcedor desorientado pela desinformação
Para ingressar no estádio, levei meia hora. Comprei uma cadeia no Setor A. Ninguém sabia me informar qual o portão a que deveriam se dirigir os portadores de ingressos no Setor A.
Depois de ir a quatro portões e me dizerem que não era ali que eu deveria entrar, travei um diálogo excitante, quase orgásmico, com um cidadão que estava entre os 400 mil escalados para orientar, para ensinar aos torcedores o rumo que deveriam tomar para entrarem no estádio.
- Amigo, por onde eu entro? - perguntei-lhe, mostrando o ingresso no celular.
- Não é aqui. Aqui é só quem vai pra arquibancada.
- Então, onde é o meu portão?
- Não sei.
- Mas tu não não estás aqui pra orientar?
- Estou. Mas só oriento este espaço aqui - respondeu, indicando com os dedos para o chão.
Olhem, já assisti a jogos no Parc des Princes, no Maracanã, Morumbi, Itaquerão, Allianz Parque, Vila Belmiro e Brinco de Ouro, entre outros. No Planeta Pará, já estive até no Diogão, em Bragança, sob um sol de 400 graus.
Em qualquer um desses templos do futebol, as pessoas que orientam torcedores sabem tudo. No Parc des Princes, em Paris, se você perguntar - até mesmo em português - onde fica o Diogão, eles vão te dizer. E no Diogão, se você perguntar - até mesmo em francês - como se chega ao Parc des Princes, eles também vão te dizer.
No Mangueirão, neste não.
No Mangueirão, ninguém sabe dizer, ao que parece, nem mesmo onde fica o Mangueirão.

Torcedor barrado nos portões
Felizmente, não passei por esta situação, mas há evidências concretas de que milhares de torcedores, com ingressos na mão, não puderam entrar no Mangueirão porque os portões foram fechados alguns minutos antes de a partida começar. A alegação: o estádio já estaria lotado.
A direção do Remo garante que não vendeu ingressos a mais e que não mandou fechar o portão. Quem mandou, então? A Seel? A PM? Quem? O Remo, a Seel e a PM precisam acertar esse discurso.
E quem vai ressarcir os torcedores lesados? O Remo? A Seel? A PM? Quem, afinal?

Torcedor exposto a violências
Às proximidades, vândalos organizados (que alguns insistem em chamar de torcidas organizadas) se engalfinharam-se às proximidades do Mangueirão. Civilizados, não usaram os punhos, mas bombas e outros objetos contundentes. Um horror! Saldo, segundo se sabe até agora. Pelo menos uma pessoa ferida e um torcedor morto, após ser atingido por um rojão.

Estão aí os troféus ofertados ao torcedor paraense conjuntamente - pelo Remo, pela Segurança Pública, pela Semob e pela Seel -não necessariamente nessa ordem.
Nós, torcedores, merecemos isso?
É claro que merecemos. Se não merecêssemos, não seríamos paraenses. Ou melhor, torcedores paraenses.
Ah, sim. Apenas mais uma coisa.
Sabem aquela música inebriante que a galera remista canta? Aquela: Uma coisa te peço / joga com raça e paixão / honra essa camisa / meu poderoso Leão / ôôôôôôôôôôôôôôôôôô
Pois é.
O Leão honrou a camisa.
E nós, honramos a nossa: a de fortes torcedores paraenses.
Viva nóis!

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