quinta-feira, 7 de outubro de 2010

"É preciso trazer o PT para a campanha", defende petista

Professor, petista e ex-secretário de Comunicação do governo Ana Júlia, Fábio Castro expõe claramente, em seu blog, suas apreciações críticas sobre a campanha da candidata da “Frente Alecera Pará” no primeiro turno, conduzido pelos baianos da Link Publicidade, agência que enfrenta - ainda - uma forte reação dos petistas de todos os matizes, de todas as tendências.
“A campanha deixou de responder aos ataques, às mentiras e às ciladas impostas. Só na última semana parece ter acordado para isso. E como bem sabe a sabedoria popular, quem cala admite... Além disso, não responder e não revidar tem um peso especial na cultura política local: transmite fraqueza, falência, morbidez”, critica o professor.
Para Fábio Castro, “a opção de apanhar calada, qual mulher de malandro, é ruim. É preciso se defender e, na hora certa, atacar. Campanha é luta, não campeonato de fleuma”, ensina Castro. E complementa: "É preciso trazer o PT para a campanha."
A seguir, a íntegra da postagem, intitulada O que precisa mudar na campanha:

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Naturalmente que muitos perguntaram o que achei da campanha do PT no primeiro turno. Tenho acompanhado a guerra interna, eterna, e não gostaria de emitir opinião que dificultasse a acomodação das posições, necessária ao esforço comum do momento que inicia. Porém, opiniões existem para colaborar com a síntese. E neste momento, de início do esforço e de ponderação, são necessárias. Portanto, vamos lá. Não se trata de polemizar gratuitamente, mas de ajudar na compreensão do momento:
1. A estratégia de comunicação usada no primeiro turno estava baseada num movimento de positivação da imagem da governadora. Diminuir a rejeição mediante figuração límpida e feminina da sua imagem, associação aos nomes de Dilma e Lula e anulação de toda feição polemista. Esse movimento foi empreendido para baixar a rejeição de Ana Júlia e surtiu o efeito esperado. Porém ele não é suficiente para levar a governadora à reeleição. Não se trata de ser uma má estratégia. Mas se trata de ter sido uma estratégia insuficiente.
2. O problema desse tipo de campanha é do mesmo gênero enfrentado pela campanha de Dilma: são campanhas que levam à despolitização e à ausência de debate. Bonitinhas, mas nulas. Como os adversários, nacional e estadual, não tinham nada a perder, nem mesmo pruridos, partiram para um ataque a nível pessoal, que ganhou dimensão diante da ausência de politização.
3. O correto teria sido associar a positivação da imagem da candidata a uma seqüência de VTs, em tom muito firme, politizando a disputa. Esses VTs deveriam ter sido veiculados nas inserções. A base deles seria a disputa direta com o PSDB. Ao final da campanha isso até foi ensaiado, mas de maneira tímida.
4. No caso do tom dos ataques dos adversários subir, teria sido necessário fazer inserções desqualificando esses ataques e desconstruindo a imagem do ofensor.
5. Ora, nada disso foi feito. Ao contrário, a campanha deixou de responder aos ataques, às mentiras e às ciladas impostas. Só na última semana parece ter acordado para isso. E como bem sabe a sabedoria popular, quem cala admite... Além disso, não responder e não revidar tem um peso especial na cultura política local: transmite fraqueza, falência, morbidez.
6. Outra falha foi ter acreditado nessa história de que, para se eleger e reeleger, é necessário ser menos petista do que se é. Explico: trata-se de uma tese em vigor para certos marqueteiros, segundo a qual o PT tem, naturalmente, de 25 a 30% dos votos da sociedade e precisa guinar ao centro para atingir públicos mais amplos e menos politizados. Foi acreditando nisso que Dilma foi para o segundo turno e deixou de vencer no primeiro. Já o disse aqui. Marina tomou seu lugar ao fazer uma campanha mais consistente, politicamente.
5. No Pará, me parece, o caso foi ainda mais grave, porque foi acreditando nessa bobagem que a campanha se pintou de azul e que a imagem de Ana Júlia ficou mais para madame que para a lutadora que é.
8. A opção de apanhar calada, qual mulher de malandro, é ruim. É preciso se defender e, na hora certa, atacar. Campanha é luta, não campeonato de fleuma.
9. Por fim, repito: é preciso politizar a campanha. Tem um bolsão de eleitores medianos que estão interessados em bem mais do que imagens bonitas. Eles desejam coerência. Nesse sentido, ainda repito: é preciso trazer o PT para a campanha. É preciso fazer uma campanha petista.

3 comentários:

Anônimo disse...

"apanhar que nem mulher de malandro" ... Ah, se se essa frase estivesse inserida em um texto de um tucano, com certeza daria denúncia ao ministério público, ao bispo, à ONU, por desrespeito à condição feminina, preconceito, humilhação pública, etc, etc...

Anônimo disse...

Um fato se faz incontestável a partir do comentário do ex-secretário.
"O PT É DE FATO BOM DE PROPAGANDA, mas o governo..."

Veritas evidens non probanda

Anônimo disse...

Quem o PT? Mas olhem o que o PT defende(ia):
1985 - O PT é contra a eleição de Tancredo Neves e expurga os deputados que nele votaram.
1988 - O PT vota contra a Nova Constituição que mudou o rumo do Brasil (a militância ainda hoje a considera “constituição burguesa” e se diz moralmente não obrigada a acatá-la).
1989 - O PT defendeu até 2001 o não pagamento da dívida brasileira, o que transformaria o Brasil num caloteiro mundial (esta sua postura fez maior o risco Brasil, e em conseqüência, maiores os custos da dívida).
1993 - Itamar Franco convoca todos os partidos para um governo de coalizão pelo bem do país. O PT foi contra e não participou (expurgou Luiza Erundina por ter participado do Governo Itamar).
1994 - O PT vota contra o Plano Real e diz que a medida é eleitoreira.
1995 - O PT foi contra o PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), base da fortaleza financeira que permitiu a confortável situação do Brasil frente a crise de 2008;
1996 - O PT vota contra a reeleição. Hoje defende.
1997 - O PT votou contra a Lei do Petróleo que fez crescer sua produção na era FHC em 117%, possibilitando o Pré-sal.
1998 - O PT vota contra a privatização da telefonia, medida que hoje permitiu aos pobres terem acesso a internet e a mais de 200 milhões de linhas telefônicas.
1999 - O PT vota contra a adoção do câmbio flutuante (que impediu a fuga de divisas em 2008).
1999 - O PT vota contra a adoção das metas de inflação.
2000 - O PT luta ferozmente contra a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que obriga os governantes a gastarem apenas o que arrecadarem, ou seja, o óbvio, que não era feito no Brasil.
2001 - O PT vota contra a criação dos programas sociais no governo Fernando Henrique: Bolsa Escola, Vale Alimentação, Vale Gás, PETI e outras bolsas, na época classificadas como esmolas eleitoreiras e insuficientes.
2002 - FHC planificou o acordo com o FMI que foi assinado por Lula, para fazer frente à crise financeira gerada com a perspectiva de o PT assumir a Nação.
A arquitetura sócio-econômica-financeira montada no período acima, permitiu livrar o país de uma hiperinflação de mais de 4.000% ao ano, consolidando a estabilidade do país.
“O PT foi contra tudo e contra todos”, independente dos melhores interesses do Brasil.
Hoje se apropriam vergonhosamente de todos os avanços que outros partidos promoveram e posam como os únicos construtores de um país democrático e igualitário.
Já que o PT foi ferozmente contra tudo e contra todos (e contra o Brasil) desde a sua fundação, fica uma pergunta para que os leitores respondam:
“Em 8 anos de governo, quais as reformas que o PT promoveu no Brasil para mudar o que os seus antecessores deixaram?”
Lula foi muito responsável ao manter as políticas de seu antecessor, e por isto tem méritos.
Infelizmente sua desonestidade intelectual surpreendentemente antiética as classificou como Herança Maldita, não atribuindo mérito àqueles que a construíram, únicas obras corretas e com sentido para o coletivo executadas nos seus dois mandatos.