domingo, 25 de abril de 2021

Cada vez mais parcial e ideologizado, o jornalismo vira um saco de pancadas. Literalmente.

Jornalistas, mais uma vez, foram muquiados por bolsonaristas (fanáticos e mais ou menos fanáticos) durante a visita do presidente da República a Belém, na última sexta-feira (23).

Agressões verbais e até mesmo agressões físicas foram registradas.

A melhor forma que bolsonaristas (fanáticos ou mais ou menos) encontraram para homenagear o chefe é agredindo jornalistas.

A melhor forma que bolsonaristas (fanáticos ou mais ou menos) encontraram para expor seus vieses fascistas é atacando a Imprensa, um dos pilares em qualquer regime essencialmente e genuinamente democrático.

Mas, sinceramente, o que é a democracia para Bolsonaro e os fanáticos que o seguem?

É nada. É apenas um miragem. Uma tese. Ou então é apenas um covil, onde se abrigariam comunistas com foice e martelo nas mãos, prontos para comer criancinhas. Vivas, de preferência.

Nesse covil, os fanáticos identificam jornalistas como profissionais que se aplicariam para difundir, com esmero e arte, notícias que não passariam de elementos a mais, numa ampla conspiração para derrubar fascistas do poder. Inclusive Bolsonaro.

O mais aterrorizante de tudo, neste ambiente em que o jornalismo e os jornalistas estão sendo acossados, perseguidos e intimidados por Bolsonaro e seguidores fanáticos, é que um amplo segmento do jornalismo e muitos - mas muitos mesmo - jornalistas estão se colocando indecorosamente e fervorosamente a serviço desse governo predatório, o mais predatório em cinco séculos de história do Brasil.

A mim pessoalmente, como jornalista, isso é o mais apavorante, o mais aterrador. Porque representa o desvirtuamento do jornalismo como atividade que deveria, em tese, ser essencialmente independente - de governos, de ideologias, de partidarismos, de tudo, enfim, para colocar-se apenas a favor da sociedade, que o teria como uma lupa para amplificar as ações perniciosas de governantes.

Neste País dividido, polarizado, fanatizado e extremado ideologicamente, o jornalismo está se mostrando cada vez mais parcial. E a parcialidade põe-se a serviço, é claro, de vários lados - e não a favor de um ou dois lados.

Pior para nós, jornalistas.

Pior para o jornalismo

Abaixo, a nota do Sinjor-PA sobre as agressões ocorridas em Belém.

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O Sindicato de Jornalistas no Estado do Pará (Sinjor-PA) e a Comissão de Liberdade de Imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA) vem publicamente repudiar as agressões, ameaças e hostilizações generalizadas aos jornalistas feitas por militantes e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na última sexta-feira (23), em Belém.

A violência contra os jornalistas paraenses tem responsabilidade direta de Jair Messias Bolsonaro, já que o presidente do Brasil encoraja o estabelecimento de um ambiente cada vez mais hostil contra a imprensa. Em 2020, o chefe do governo bateu o recorde de agressões a jornalistas, sendo responsável sozinho por 175 ataques, segundo relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
O Sinjor-Pa e a Comissão de Liberdade de Imprensa da OAB entraram em contato com o repórter Diogo Puget, da TV Cultura, que foi agredido por um apoiador do presidente, quando tentava gravar uma passagem junto com o repórter cinematográfico Carlos Augusto. Equipes do Grupo Liberal, TV Cultura, jornal Diário do Pará, TV Record e Rede TV também foram hostilizados pelos apoiadores do presidente.
As entidades acompanham o caso de perto para cobrar a punição dos agressores, prestam solidariedade às vítimas e estão à disposição para toda a assistência jurídica. Essas ações, próprias dos regimes autoritários, não podem ser aceitas ou naturalizadas. Por isso, solicitam que os jornalistas repassem vídeos e fotos para ajudar a identificar os agressores e cobrar a punição devida.
O Sinjor-Pa vai exigir ainda que os veículos de comunicação disponibilizem carros próprios das empresas durante o trabalho das equipes de reportagens, que servem de retaguarda para a segurança dos jornalistas e diminuem a exposição dos profissionais às agressões.
O Sindicato está empenhado na cobrança de medidas contra a violência a jornalistas e pela liberdade de expressão, mas é necessário que os trabalhadores denunciem quaisquer ameaças ou agressões e registrem boletim de ocorrência para que as medidas legais sejam tomadas.
Sinjor-PA – Gestão Sempre Na Luta: Pela Categoria, Pela Democracia
Comissão de Liberdade de Imprensa da OAB-PA

24 de abril de 2021 

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