José Fernando Jr.: trombadas dentro da Vale acabou resultaram na sua saída da empresa para virar titular da secretaria do governo Helder Barbalho que cuida da mineração |
A nomeação do ex-gerente de Relações Institucionais da Vale José Fernando Gomes Júnior para ocupar a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) despertou em vários meios, sobretudo nos que fazem oposição ao governo Helder Barbalho, a convicção de que, como dito exaustivamente nas redes sociais, o estado teria posto a raposa no galinheiro.
Em outras palavras, a impressão - até certo ponto generalizada - é de que a gestão do setor de mineração do estado teria sido, digamos assim, terceirizada para acolher interesses de grandes corporações do setor, sobretudo a Vale, em contraposição aos interesses do estado.
Desgaste - Mas fontes ouvidas pelo Espaço Aberto, inclusive alguns empresários que travam relações bem próximas a José Fernando Jr., garantem que é justamente o contrário: ele seria o último nome que a mineradora apoiaria para ingressar no governo Helder. Isso porque a saída do agora titular da Sedeme da Vale seria o resultado de um desgaste natural, mas progressivo, do relacionamento entre ele e a empresa, onde já atuava havia cerca de 15 anos na área de relações institucionais.
O desgaste, de acordo com o apurado pelo EspaçoAberto, entrou num proceso de agravamento, até chegar ao ponto de ruptura entre José Fernando e a Vale, depois que a mineradora passou a indicar, informalmente, sua intenção de retirar-se de ações do governo do estado que vinha apoiando. Uma dessas ações é o Programa Territórios da Paz.
Lançado em meados de 2019, logo após a posse de Helder, o programa tem como objetivo a diminuição da vulnerabilidade social e o enfrentamento das dinâmicas da violência, a partir da articulação de ações de segurança pública e ações de cidadania em sete bairros da Grande Belém: Guamá, Jurunas, Terra Firme, Benguí e Cabanagem (Belém), Icuí (Ananindeua) e Nova União (Marituba).
Em setembro do mesmo ano, o governo do Estado e a Vale assinaram acordo de cooperação técnica em que a mineradora comprometeu-se a investir R$ 102 milhões na construção das estruturas físicas do projeto, as usinas da paz, para abrigar ações de políticas públicas oferecidas à comunidade nos territórios de abrangência do programa de combate à violência.
Interlocução - As fontes asseguraram ao blog que a intenção da Vale, de não mais apoiar ações do gênero, uma vez encerrado o prazo contratual firmado, jamais foi formalizada. Mas quem tinha a incumbência de levar a Helder essas e outras sinalizações sobre pendências da mineradora junto ao governo do estado era José Fernando, que ao longo dos últimos anos passou a estreitar sua interlocução com o governador.
"Houve um momento em que o Heder, em vez de ficar ouvindo os recados da Vale através do José Fernando, passou a externar sua disposição de ouvi-los, a partir de então, apenas da própria presidência da Vale. Esse foi um momento em que José Fernando, já desgastado com a mineradora, começou a decidir-se em buscar novos desafios fora da Vale", conta um dos empresários ouvidos pelo Espaço Aberto.
O novo desafio, a que se propunha José Fernando, levou-o naturalmente para o governo do estado. Até porque Helder Barbalho já cogitara, no processo de formação de seu secretariado, recrutá-lo justamente para ocupar a Sedeme.
2 comentários:
Vou acreditar porque publicou, mas na minha opinião é mais uma pessoa para gerir os interesses da Vale junto ao Helder Barbalho.
Então tá! É isto mesmo!
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