sexta-feira, 19 de abril de 2019

Violência no Pará (II): governo Helder Barbalho silencia sobre os autos de resistência lavrados em 3 meses

Helder Barbalho: números da redução da violência excluem os autos de resistência (foto da Agência Pará)
Transparente, frequente e insistente em divulgar números que apontam a redução da violência no estado depois que assumiu o comando do estado, a partir de 1º de janeiro deste ano, o governo Helder Barbalho tem-se mostrado relutante em divulgar os números relativos aos autos de resistência (que registram mortes em confrontos com a polícia) lavrados durante o primeiro trimestre deste ano.
No dia 11 de abril, portanto há cerca de uma semana, o Espaço Aberto enviou o seguinte e-mail (imagem ao lado) à Secretaria de Segurança Pública e à Casa Civil do governo Helder Barbalho:

Prezados, bom dia.
Sou jornalista e tenho um blog, o Espaço Aberto.
Pretendo fazer postagem, nesta sexta-feira (12.04), mostrando dados que o governo do estado tem apresentado sobre a redução da violência, nestes primeiros três meses, e confrontá-los com o número de bandidos (ou suspeitos, se quiserem) mortos em confrontos com a PM no mesmo período.
Fiz um levantamento, baseado apenas em matérias divulgadas em jornais e em mídias sociais.
Pelos números que colhi, 111 pessoas foram mortas em confrontos com a PM, de janeiro a março deste ano (números em anexo).
Pergunto:
1. Quantos autos de resistência foram lavrados no primeiro trimestre deste ano?
2. Quantos autos de resistências foram lavrados no trimestre imediatamente anterior (de outubro/dezembro 2018) ou no primeiro trimestre de 2018 (janeiro/março)?
Desde logo, além de ficar no aguardo das duas perguntas formuladas, também fico à disposição para contato, pessoal ou por telefone, com qualquer autoridade da área de Segurança Pública que deseje comentar esses números e apresentar o posicionamento do governo do Estado.
Informo ainda que apresentarei questionamentos à OAB sobre o assunto.

Até esta sexta-feira (19), o governo Helder Barbalho não se pronunciou sobre os questionamentos do blog, nem mesmo para dizer, clara e objetivamente, que não forneceria os dados. Simplesmente, tanto a Segurança Pública como a Casa Civil silenciaram sobre o assunto.
O Espaço Aberto ainda aguarda o pronunciamento da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará, através de sua Comissão de Direitos Humanos e Cidadania.
Diante do silêncio, o governo do Estado nos oferece a senha para especularmos sobre as motivações de recusar-se a fornecer informação que, no contexto da abordagem de matéria jornalística, tem relevância fundamental, eis que de inquestionável interesse público.
Nesse caso, a especulação é não apenas procedente como legítima, porque decorrente do desprezo do Poder Público em oferecer números consistentes, que, se divulgados de forma transparente, aí sim, não permitiriam quaisquer especulações).
A primeira especulação é de que o número de autos de resistência teria alcançado um patamar tão elevado que poderia impactar negativamente as estatísticas que o estado vem apresentando sobre a redução da violência na Grande Belém e no estado.
A segunda especulação decorre da própria natureza dos autos de resistência e as polêmicas intermináveis suscitadas pelo fato de que seriam, a rigor, um álibi formal para que as forças repressivas no estado, no exercício legal e legítimo de suas atribuições, eventualmente se excedessem criminosamente, executando suspeitos mesmo quando não oferecessem qualquer resistência à prisão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse silêncio, se não for de culpa é de implantação de uma politica fascista, que defende o corporativismo. Uma política do século passado . Terrível para um gestor que se pretendia fazer o diferente.