terça-feira, 9 de abril de 2019

Machadinho, a Voz que passa a ecoar na eternidade



Edenmar da Costa Machado.
Assim mesmo: Edenmar (com n na frente do m).
O Machadinho.
Em Santarém, nos anos 1960, cresci ouvindo seu nome, sobretudo em reuniões de família de que participava meu tio Emir Bemerguy, poeta e autor de dezenas de composições musicais.
Na adolescência, nos anos 1970, impressionei-me ao ver Machadinho cantar. Não num palco, mas na casa de meu tio – de quem era grande amigo -, em alguns aniversários.
À capela, acompanhado de um violão – tocado por ele mesmo ou não – ou qualquer outro instrumento, Machadinho não era propriamente um cantor de voz bonita.
Era uma voz.
Era a Voz.
Uma Voz cuja potência, mais do que inebriar os ouvidos, inebriava a alma, encharcando-a com a harmonia que só ele sabia compor, com seus timbres perfeitos.
“A dupla Machadinho (canto e violão) e Laudelino Silva (cavaquinho) marcou época na história musical de Santarém, em saudosas serenatas e diversos outros eventos culturais, não raro com a participação do talentoso violonista Moacir Santos, notadamente em programas de auditório dirigidos e apresentados por Ércio Bemerguy e Edinaldo Mota; e em memoráveis programas radiofônicos (Rádio Clube de Santarém) ou Rádio Rural, apresentados pelo radialista Osmar Loureiro Simões ou pelo poeta Emir Bemerguy”, diz o desembargador e músico santareno Vicente Fonseca, um dos filhos do Maestro Wilson Fonseca, o Isoca.
“Além de cantar inúmeras vezes, Machadinho jamais se negava a participar, colaborar de qualquer outra forma no programa de auditório que eu e Edinaldo Mota apresentávamos no palco da Casa Cristo Rei, nas décadas de 60 e 70”, conta em seu blog Ércio Bemerguy, meu tio, irmão de Emir.
Vicente Fonseca nos lega uma preciosidade: uma gravação histórica, registrada por Emir Bemerguy, do fox “Perfume” (Wilson Fonseca), interpretado por Machadinho (violão), acompanhado, ao cavaquinho, por Laudelino Silva, “que, nestas horas, devem estar participando de uma maravilhosa seresta lá no Paraíso”, como diz o desembargador.
No Paraíso, sim.
No Paraíso onde Machadinho está desde esta terça-feira (09), quando nos deixou aos 90 anos de idade.

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