Por FRANCISCO SIDOU - jornalista
Circulam nas redes sociais notícias dando conta
que a orla do Ver-o-Peso estaria cedendo pelo menos 10 centímetros.
A notícia não traz dados técnicos nem pareceres
de especialistas. Mas merece ser apurada. Seria de todo conveniente que a
Prefeitura de Belém, via Seurb, mandasse seus técnicos avaliar os impactos dos
últimos alagamentos e as estruturas que sustentam o Complexo do Ver-o-Peso,
tombado como patrimônio da Humanidade.
Lembro que o eminente engenheiro e urbanista
paraense Nagib
Charone já vem alertando há anos sobre a necessidade de desvio do
pesado tráfego de veículos pesados do entorno do Ver-o-Peso, que poderia sofrer
também os efeitos do fenômeno das "terras caídas", a exemplo do que
ocorreu com a orla de Abaetetuba, que ruiu causando grandes transtornos, perdas
e vidas. Nagib é o craque do time de "bradadores" no deserto de
ideias e projetos para Belém, do qual também faço parte.
Belém é a única metrópole brasileira onde os
veículos transitam pelas ruas do comércio e o centro histórico da cidade. Em
todas as outras já foram feitas calçadas arborizadas permitindo-se a passagem
apenas de pedestres.
Há mais de 20 anos que clamo no deserto com a
ideia de se construir um Terminal de Integração na Praça Waldemar Henrique, até
onde iriam os ônibus de todas as linhas que demandam, sem necessidade, o
Ver-o-Peso. Dali os passageiros , com o mesmo bilhete, pegariam ônibus
jardineiras que fariam o circuito pela centro histórico e Cidade Velha,
fechando-se as demais vias do comércio para o tráfego de veículos automotores.
Melhor que bondinhos inviáveis, os ônibus jardineiras, construídos em Curitiba,
serviriam também para incrementar o turismo na cidade. Quem sabe um dia, não?
O prefeito Zenaldo Coutinho anunciou para breve
o projeto de revitalização do Ver-o-Peso. Não seria mais urgente e prudente
realizar antes ali um trabalho de avaliação das atuais condições das estruturas
que suportam o peso das edificações e que poderiam estar abaladas com as
enchentes e o intenso tráfego de veículos pesados, como já apontou o engenheiro
e urbanista Nagib Charone? Por que não chamar o próprio Charone para fazer esse
trabalho de avaliação técnica antes da construção do "novo"
Ver-o-Peso?
Não
se ergue uma nova construção sobre uma estrutura ameaçada de desabar. Diz o
antigo brocardo popular que "é melhor prevenir do que remediar".
5 comentários:
Belém precisa de mais Charones, mais Sidous, mais Camilos Viana(alguém sabe dele?), mais poetas, mais "sonhadores" ou visionários que amem essa linda cidade, hoje praticamente abandonada e cujo brilho vem se apagando com o andar dos anos, muito em função de governantes descompromissados e/ou despreparados, e também, que seja dito, pela omissão, pela apatia e pelo descompromisso de uma parcela - grande, não pequena - dos moradores da cidade, que não respeitam os mais comezinhos(velhinha essa) princípios de civilidade e boa educação, jogando lixo em qualquer lugar que lhes aprouver, colocando a altura do som de seus veículos ou residencias para o deleite de marcianos ou saturnianos, vez que os ruídos chegam até lá, conforme constatou a NASA em sua avaliação anual sobre a qualidade das rádios mundiais, além de dar um novo uso para o pisca de alerta dos carros, que agora servem para dizer" é só um minutinho", etc, etc.
Evidente que tais mazelas não se restringem à Belém. As vemos e sentimos Brasil afora, fruto dos comportamentos displicentes dos brasileiros, que não "amam o seu pedaço", apenas nele vivem( em geral mal).
Acorda belenense, acorda Pará, acorda Brasil
Kenneth
Belém também precisa de mais cidadãos Kenneths...
O Ministério Público vai fazer duas audiências públicas a reespeito do patrimônio histórico e do veropeso: dia 17 evdia 23. Talvez fosse oportuno que todos os bradadores no deserto unissem suas vozes nessa ocasião.
A situação do nosso patrimonio historico vai de mal a pior e o Ministerio Publico resolveu enfentar com duas Audiencias Publicas: uma sobre sua presrvçao (dia 17/4) e outra sobre o Ver o Peso dia 23/4. quem sabe é uma ocasião para obter resultados...
Quem sabe também se todos os 'bradadores no deserto' participassmos e demonstrassmos que entre os incivis existem cidadãos interessados na defesa da nossa memoria historica, essa indifereça mudasse de rumo?
Repensar Belém é preciso. Compactuo que o tráfego no centro precisará ser limitado/adequado. A via água aliada aos bondes/troleys/...com controladores de acessos automatizados trarão um novo viver. Num plano Belém para 50 anos a água deve ser foco central.
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