terça-feira, 9 de julho de 2013

Liberdades, xeretagens, democracia e enganações


Vamos combinar, meus caros.
É muita ingenuidade nossa nos espantarmos com essas informações de que somos bisbilhotados por serviços de inteligência americanos, conforme tem revelado o jornal O Globo em reportagens exclusivas.
Muitíssima ingenuidade.
Somos ingênuos, ou melhor, somos esquecidos quando não atentamos para o fato de que os Estados Unidos desenvolveram, durante décadas de Guerra Fria, um gigantesco esquema de espionagem que prenunciaria o que viria depois.
E o depois são estes tempos de um mundo de tal forma subjugado e dependente da informática e da rede mundial de computadores que um cyberapagão, caso viesse a ocorrer em dimensões mundiais, provocaria um catástrofe nas comunicações com potencial de paralisar serviços essenciais ao redor da do planeta.
Como imaginar que, num mundo como este, ficaríamos todos nós, meros usuários, hipossuficientes diante de Estados superpoderosos que controlam virtualmente informações sobre nossas vidas, como imaginar, portanto, que num mundo assim estaríamos a salvo, imunes, inalcançáveis por xeretagens como as que os Estados Unidos fazem com brasileiros e, sabe-se lá, com milhões de habitantes de dezenas de outros países?
O que revolta, nesse caso, é a contradição.
Porque se vende a noção de que a democracia é um regime em que o Estado de Direito deve preponderar como um princípio imutável, intocável, imodificável, definidor da prevalência absoluta do respeito à privacidade e às liberdades individuais.
Mas, na prática, o que se vê é isto: um país como os Estados Unidos, que estufa o peito para se definir com a pátria das liberdades, nos monitora, quebra os nossos sigilos, conhece as nossas comunicações, forma sobre nós conceitos e juízos estáticos, e portanto parciais, já que não são contrapostos a valores e circunstâncias que poderiam, de alguma forma, relativizá-los.
E aí?
E aí que se invocam as tais razões de Estado, meus caros.
As razões de Estado representam aquela desculpa genérica, clássica, que não merece maiores aprofundamentos e explicações.
Quando Estados, inclusive os que xeretam a gente, alegam razões de Estado para fazer o que todos estamos tendo conhecimento que os EUA estão fazendo, é sinal de que as liberdades, o Estado de Direito e a democracia viraram pó, foram esmagados e pisoteados.
Quem manda acreditarmos que pátrias das liberdades respeitam as liberdades?
Quem manda sermos ingênuos a esse ponto?

4 comentários:

Ismael Moraes disse...

Mas, afinal, o que é que o Estado brasileiro tem para esconder dos americanos? Existe alguma tecnologia que já não seja compartilhada com eles? Existe algum plano de segurança regional (América do Sul)que não até financiado no todo ou em parte por eles? Acredito que a única coisa que o Estado brasileiro tem para esconder dos americanos são "as tenebrosas transações" (Chico Buarque) dos nossos políticos, que, ao fim e ao cabo, só nos prejudicam, e nos mantém na subserviência às potências que se aproveitam disso.

Anônimo disse...

Vai ver que tudo isso é trama do tal Partido da Imprensa Golpista para tentar desestabilizar o "paraíso" cumpanheru.
Vai ver, até os manifestantes contra "tudo isso que está aí" são pagos pela CIA...(rs)
Mas o "socialismo bolsista" tá alerta e pronto para enfrentar (ohhhh!)de armas em puno (ohhhhhhh!) a agressão imperialista.
Basta acionar a legião-bolsa-tudo.

Anônimo disse...

Putz! os id. tentando partidarizar, como se isso fosse algo do gov. atual local. Não entendeu nada do post, nadica de nada. Santa paciência.

Anônimo disse...

é, pra entender de sátira vai ser preciso desenhar, né 12:12?
fuén...fuén...fuén...