quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O fim do mundo


Danos ao meio ambiente e suas consequências têm suscitado debates sobre o fim da vida na Terra. Páginas de ficção começaram a ganhar feição de trabalho técnico desde que importantes vozes da ciência passaram a profetizar o caos de nosso planeta. O que era convicção religiosa virou tese científica. A fé deslocou-se da religião para as fórmulas seguras da geofísica. Mas, afinal de contas, vivemos o prenúncio do fim?
Antes de tentar responder, é importante ressaltar que vivemos, sim, uma época singular. E essa singularidade está nas grandes transformações que atingem a Terra desde meados do século XVIII, quando a Revolução Industrial começou na Inglaterra. Saindo de uma era agrícola, o mundo mecanizou-se. Das máquinas a vapor, chegamos ao petróleo. E com este o homem foi cavar nas profundezas sua autodestruição. Isso tudo é muito recente. Atual. Ainda fascina os garimpeiros do pré-sal.
Olhando o assunto pela nossa cultura cristã, aflições sobre a Terra são algo previsível, mas nunca uma fatalidade que possa varrer a humanidade. Pensamos que o mundo existe por desígnio de Deus, o qual conserva um plano traçado para o planeta. E, não obstante um Universo incomensurável, toda ideia de vida e da própria Divindade passa pelo globo terrestre. Portanto, é inconcebível a crença num tipo de destruição semelhante ao que diz a ciência sobre a fase pré-histórica. Choca-se com a ideia da existência de Deus, ideia que molda este hemisfério ocidental.
Não há como conciliar um Deus criador com um homem destruidor ao extremo. Se o mundo vai acabar pelas mãos da humanidade, então a Bíblia está errada quanto às páginas que ainda não se cumpriram. Está errada, por exemplo, sobre a vinda repentina de Cristo para resgatar cristãos, o Arrebatamento. E depois erra sobre o Milênio, um período segundo o qual o próprio Cristo governará a Terra.
Certo amigo, ouvindo-me falar dessa sequência de fatos que antecedem ao Juízo Final, ficou escandalizado: "Que coisa estranha, Rui, essa história de Jesus reinar sobre a Terra! Imagine Ele despachando com Barack Obama e com o nosso presidente Lula!" Respondi que o maior absurdo é acreditarmos que Deus existe e vive num mundo além da nossa compreensão. Logo, se cremos nisso, o fato de Ele raptar cristãos para o Céu, descer de lá, subir de volta e governar a Terra é fichinha.
Foi justamente Jesus quem falou mais diretamente sobre o apregoado fim do mundo. Respondendo ao questionamento de alguns discípulos, disse que o mundo enfrentaria fome, pestes, guerras e rumores de guerra. Afirmou que haverá escândalos, traições e um índice insuportável de violência. Anunciou que homens desmaiarão de terror pela expectativa dessas coisas e pelo bramido do mar e das ondas. Porém, assegurou que isso é apenas o começo do fim, não o fim em si mesmo.
Por muito tempo, críticos da religião riram das profecias bíblicas. Hoje, porém, são justamente eles que profetizam as dores que sobrevirão ao planeta. Mas, novamente enganam-se: o mundo não há de ser extinto pela ação humana. À luz da Bíblia, a humanidade sofrerá sobremaneira com a ação predatória da humanidade. Porém, os planos de Deus terão prosseguimento após o caos. Haverá um remanescente. O Evangelho será pregado a todos os povos. "Então, virá o fim" - segundo a profecia do próprio Cristo.
"No princípio, criou Deus os céus e a terra". Assim começa a Bíblia. Seria incoerente concluir dizendo: "No final, o homem destruiu tudo". Afrontaria ao Criador. Por isso, a conclusão é: "Eis que cedo venho". Palavra de Cristo.

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RUI RAIOL é pastor e escritor (www.ruiraiol.com.br)

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