No AMAZÔNIA:
A Polícia Civil pediu a prisão preventiva de Charles Trocate, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Estado. Ele é suspeito de ter ordenado atos de vandalismo em duas fazendas no sul do Estado na madrugada de anteontem. O anúncio foi feito ontem pela governadora Ana Júlia Carepa (PT). Ela não deixou claro o motivo do pedido de prisão, que não tinha sido concedido pela Justiça até a tarde de ontem.
A governadora garante que a investigação policial vai apontar quem está por trás do vandalismo e que a punição será certa. 'No meu governo, rico ou pobre, sem-terra ou com terra, tem que cumprir a lei. Quem cometer delito será preso e processado', avisou. Além do líder do MST, ontem o governo também pediu à justiça a prisão preventiva de outra líder do movimento, Maria Raimunda. Mas a polícia ainda não conseguiu detectar os trabalhadores das fazendas, que segundo os ruralistas, foram espancados e expulsos de suas casas pelos sem-terra.
Manobra - Ana Júlia acredita que as ações de vandalismo supostamente promovidas por integrantes do MST nas fazendas Rio Vermelho e Maria Bonita, no sul do Estado, podem ter sido financiadas por grupos ruralistas interessados em desestabilizar a administração estadual, insatisfeitos com o programa de recadastramento rural do pelo Estado, em que já foram detectados cerca de 5 milhões de hectares de terras com títulos fraudulentos, portanto, passíveis de serem cancelados.
Em entrevista coletiva ontem de manhã ao lado do comandante da Polícia Militar, coronel Dário Teixeira, do secretário de Segurança Pública em exercício, José Sales, e do procurador-geral do Estado, Ibrahim Rocha, a governadora afirmou que os fatos que vêm sendo veiculados na imprensa a partir de informações das entidades rurais são distorcidos e que o objetivo real da depredação das fazendas pode ser atacar o governo estadual e fomentar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que está sendo viabilizada no Congresso Nacional proposta pelos parlamentares ligados ao ruralistas para, entre outros objetivos, investigar ocupações de propriedades de terra pelo MST. 'Achamos muito estranho que no momento em que o Estado está cumprindo reintegrações de terra aconteça uma série de atos ilegais. É visível que existe financiamento desses atos por gente que tem dinheiro', afirmou Ana Júlia.
UDR - Anteontem, os líderes da União Democrata Ruralista (UDR) responsabilizaram o governo paraense pela invasão e depredação das duas fazendas que pertencem ao grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. Eles alegam que o Estado do Pará não está cumprindo com as determinações judiciais de reintegração expedidas desde 2006. 'Essa entidade só tem prestado desserviço à sociedade brasileira e não tem moral para cobrar nada. Eles sempre se serviram do Estado e nunca serviram ao Estado', ressaltou a goverandora do Pará.
Diálogo - No total, citou Ana Júlia, quando assumiu o governo em 2007, havia 173 mandados de reintegração de imóveis rurais, segundo a governadora engavetados. Desses, até ontem o governo cumpriu 103 e ainda restam 70 serem cumpridos. A governadora explica que não se pode fazer reintegrações sem planejamento com a Polícia Militar, Civil e as varas judiciais agrárias. 'Não podemos repetir o massacre de trabalhadores sem-terra que ocorreu em Eldorado dos Carajás', afirmou.
O comandante da PM explicou que nenhuma morte foi registrada desde 2007 nas ações de reintegração, que é a orientação recebida pela tropa da cúpula do governo. Para isso, é necessário dialogar com os invasores o processo de desocupação, a fim de que tudo seja realizado de forma efetiva, mas tranquila, como ocorreu em Barcarena, no Baixo-Tocantins, anteontem, quando foram cumpridos dois mandados.
Regularização - A partir do trabalho de cadastramento das propriedades rurais, segundo o procurador-geral, o Estado já ajuizou 80 ações de nulidade de títulos de terras fraudulentos. Mas, segundo Ibrahim Rocha, até agora a justiça só concedeu uma liminar determinando a anulação da fraude. Em uma única ação, conta o procurador, foi detectada fraude no título de uma fazenda localizada em São Félix do Xingu, no sudeste, com 500 mil hectares.
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