O fascismo sempre chamou atenção do mundo, assim como o nazismo. À época, pode-se facilmente identificar a origem do fascismo. Sua ascensão era o totalitarismo, intolerância e guerra. Nesta perspectiva, a História ofereceu condições de ampliar o conhecimento e a percepção do indivíduo rumo à construção de laços de identidade numa interação com os demais cidadãos e num ambiente histórico-geográfico.
Destruição material, perdas humanas e mutilações, obscuridade cultural, desemprego e inflação - essa era a conjuntura europeia após a Primeira Guerra Mundial. Da sociedade insatisfeita irrompiam greves, revoltas, mobilizações que contestavam a ordem liberal. O terreno parecia fértil para a revolução operária. Em vez disso, desenvolveram-se movimentos antidemocráticos e pró-ditatoriais, totalitários e semitotalitários.
Após 1918, a Itália encontrava-se numa situação crítica apesar de pertencer ao bloco vitorioso da Primeira Guerra Mundial. O orgulho nacional sofrera humilhações nos campos de batalha; as pretensões do expansionismo almejadas antes do conflito não se haviam consolidado; o país estava mergulhado na retração econômica, com milhares de desempregados e grandes agitações sociais
Em 1920, a Itália assistiu a um amplo movimento de ocupação de fábricas, com formação de Conselhos Operários nas unidades produtivas. Tudo isso apavorou a burguesia: o medo da revolução foi o principal motivo que levou os representantes do grande capital a descartar os partidos conservadores tradicionais e a apropriar política e financeiramente os grupos de extrema direita.
Fundado em 1921, o Partido Nacional Fascista tinha noções mais realistas quanto à conquista do poder e assumiu o "trabalho sujo" de defesa da ordem de um modo mais brutal e mais eficaz que os partidos tradicionais de direita.
O termo fascismo vem do Italiano "fascio", palavra derivada de "fascis", que em latim significa feixe, fardo de varas. O "fascis" era usado pelos magistrados romanos para açoitar condenados por crimes. Benito Mussolini (1883-1945), líder da organização, usou o plural, fasci para designar os grupos de combate sem partido, os "fascis di combattimento", que passaram a atacar sindicatos, jornais e comícios socialistas e comunistas.
Em 27 de outubro de 1922, os militantes fascistas, chamados "Camisas Negras", realizaram uma passeata, a "Marcha sobre Roma". Nela, exigiam equilíbrio social, mas o pano de fundo era a tomada do poder.
As eleições de 1924, já sob o governo de Mussolini, deram maioria no Parlamento aos fascistas. Estes acreditavam que a nova estrutura política favoreceria o crescimento econômico e um novo e moderno equilíbrio social. O Estado fascista estava economicamente e militarmente despreparado quando se envolveu no turbilhão da Segunda Guerra Mundial. Mussolini sempre foi marionete nas mãos do Terceiro Reich.
Dia desses, revista de circulação nacional traz uma reportagem polêmica. O conservador americano Jonah Goldberg cansou de ser insultado pela esquerda de seu país - e devolve a provocação em um livro do qual todos os ídolos democratas saem chamuscados.
E sabe-se que, em linhas gerais, tanto fascistas como nazistas compartilhavam nacionalismo, anticomunismo, autoritarismo, o culto ao líder, a mobilização das massas, um apego à violência, a satanização de inimigos reais ou imaginários. Aqui termina o acordo entre eruditos, começam as interpretações e se entra numa esfera distinta, na qual "fascista" deixou há muito de ser um palavrão. Poucos se abstêm de usá-lo para dizer que discordam ou não gostam de algo ou de alguém - mas, como açoite verbal, o termo pertence, sobretudo à esquerda.
Segundo a reportagem de Nelson Ascher, o livro Fascismo de Esquerda, do ensaísta americano Goldberg, uma das jovens estrelas da revista National Review - veículo do vilanizado neoconservadorismo americano -, retruca à esquerda dos EUA, que vilipendia os conservadores acusando-os de fascista. Goldberg devolve a acusação, tentando provar, menos por argumentação que por acúmulo de convergências e coincidência factuais, que, ao fim e ao cabo, "fascistas são vocês".
Trechos da reportagem demonstram quanto o livro deve ser polêmico, embora se possa e, em muitas questões, se deva ler com boas pitadas de sal, não há como ignorar a pertinência de suas melhores provocações.
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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com
domingo, 8 de novembro de 2009
O polêmico fascismo
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