No AMAZÔNIA:
Traçado mal sinalizado, tráfego intenso e em alta velocidade, acesso 'privilegiado' a focos de criminalidade e ocupação desordenada à beira da pista. Muitos são os motivos que fazem da Pedro Álvares Cabral, uma das mais extensas e importantes avenidas de Belém, destino perigoso para pedestres, motoristas, ciclistas, comerciantes e até mesmo policiais.
Apesar do traçado da via, que oferece uma boa alternativa para ir do centro da capital até o Entroncamento, muita gente evita utilizá-la, com medo de virar alvo de bandidos. Não sem motivo: além de figurar no topo das estatísticas de acidentes do Departamento de Trânsito do Estado (Detran/PA), a avenida se tornou ponto recorrente de assaltos à mão armada - em especial no período noturno e em pontos críticos nos bairros da Sacramenta e Barreiro.
A Pedro Álvares Cabral possui 8,5 km de extensão e se estende do complexo do Entroncamento até a avenida Visconde de Souza Franco, a Doca. É a maior avenida de Belém em extensão - a Almirante Barroso, por exemplo, tem 'apenas' 6 km - e uma das rotas mais rápidas de acesso ao centro da cidade. Seu trajeto corta os bairros da Marambaia, Val-de-Cães, Sacramenta, Barreiro, Telégrafo e Umarizal, mas se concentra, especialmente, na Sacramenta e no Barreiro. É onde se registra, também, a maioria de suas ocorrências policiais.
Nos últimos meses, o volume de ocorrências registradas na avenida - entre agressões físicas, assaltos à mão armada e até homicídios - cresceu assustadoramente e virou motivo de preocupação para as polícias Civil (PC) e Militar (PM) que atuam na área. O ponto mais preocupante é o que se estende da esquina com a passagem São Benedito até a esquina com a rodovia Artur Bernardes. Em ambas, há semáforos que se tornam pontos de arrastões. Segundo denúncias feitas pela população, grupos de adolescentes armados estariam agindo no local a mando de chefões locais do crime.
A própria Polícia Civil reconhece que mais de 90% dos que cometem crimes na área são menores de 18 anos. O motivo: a punição mais 'branda' a que são submetidos, com base nos preceitos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 'Temos pelo menos uns 20 adolescentes que atuam na área e já foram identificados por nós. Só que, quando conseguimos apreendê-los, é nosso papel encaminhá-los para a Divisão de Atendimento ao Adolescente (Data)', assinala o delegado Sérvulo Cabral, da Seccional Urbana da Sacramenta. 'Os manda-chuvas dão armas e instruções para esses jovens por saberem que eles logo são soltos. Nós da polícia também sabemos que, em muitos casos, eles serão entregues à família dali a alguns dias, já que a legislação é mais branda. Não demora para que voltem a delinquir', complementa.
2 comentários:
Essa é a triste conseqüência da falta de política de Estado, ausência refletida através de: escolas de qualidade e professores motivados, bibliotecas, espaços para a prática de esportes, teatros, praças, unidades de policia comunitárias (quando existentes ainda possuem policiais mal remunerados, despreparados e, alguns, corruptos); limitadas fiscalizações em festa de aparelhagem, bares, botecos e até mercadinhos, que atraem e vendem bebidas alcoólicas p/crianças e adolescentes; ausência de unidades de saúde preventivas e da saúde mental com Psicólogos, psiquiatras e Assistentes Sociais ( nem me lembro mais a ultima vez que a prefeitura fez concurso para esses profissionais, além dos salários aviltantes); precárias fiscalização e repressao nas vendas de DVD piratas de filmes de violência e pornôs.
São ingredientes explosivos da violência, que só vai crescer, lamentavelmente. Sem contar com o desemprego gerado por uma política concentradora e assistencialista, que inibe a instalação de empresas nessas regiões, que não consegue capacitar mão-de-obra, reforçado pelo êxodo campo-cidade e a crescente desestruturação familiar.
O trafico de drogas vem na esteira, recrutando os excluídos do sistema, sistema esse que se adapta e acaba necessitando do sustento dessas mazelas ( ou será que dinheiro do tráfico não financia campanha eleitoral?)
O povo dessas regiões sao constituídos de negros e caboclos, vistos com desconfiança e discriminação pelos brancos burros e endinheirados do quadrilátero central da Belém. Acontece que a ria miúda, cada vez mais, tá tendo acesso as informações e ao caro consumo mercantilista, nessa cega busca, precisa de mais dinheiro e como não consegue pela via legal , procura meios ilícitos para usufruir de bens e serviços, tendo como custo até vidas.
São as invasões bárbaras cada mais incontidas e brutais.
Bom dia, caro Paulo:
conheço o Telégrafo por circuntâncias familiares: minha neta mora lá. Sua mãe é nascida e criada no bairro. Tenho com o Telégrafo e suas peculiaridades bastante familiaridade, graças à nora, sensível e atenta aos problemas da sua vizinhança.
Tenho tambvém histórias terríveis da falta de "chance" - oportunidades? direitos? - que abatem aquela gente e, em especial, a juventude.
Famílias numerosas, de baixíssima renda, prisioneiras do tráfico desde tempos imemoriais, quando ser "malandro" era só vender maconha.
Jovens crescendo nos alagados da vida, assitindo na TV do botequim da esquina que ser gente é ter celular ou tênis "da hora".
Reféns da "pena de vida".
Agora, procure saber quem e como se atende o Programa Bolsa Trabalho no bairro. Você ficará tão envergonhado e enraivecido quanto eu.
A solução? Ah! se continuarem as reclamações, o Governo Democrático e Popular em breve vai fazer uma operação policial por lá. Matar dois ou três que reagiram à prisão. Alardear que as pessoas ficaram felicíssimas com a ação da Governadora por lá. Tal qual no Guamá há poucos meses.
O problema destas "ações policiais pra inglês ver" sequer amenizam os impactos da criminalidade no cotidiano das pessoas. Agrava apenas a desigualdade no trato da questão.
Abração, camarada.
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