No AMAZÔNIA:
Historiadores de Curuçá, a 140 quilômetros da capital, encontraram anteontem ruínas de mais de 300 anos. Orientados por relatos de moradores antigos e por cartas da época, uma expedição da prefeitura do município conseguiu encontrar parte do muro de uma antiga salina, hoje cravada no meio de um manguezal a quase dois quilômetros do centro de Curuçá.
As ruínas foram achadas pelos técnicos do Arquivo Público Municipal de Curuçá, os professores de história Paulo Henrique dos Santos Ferreira e Socorro Ruivo, guiados pelo morador Elias Favacho. Próximo à localidade de Curuperê, o muro foi construído com pedras, cascas de ostras e óleo de baleia pelos religiosos jesuítas, fundadores do município no início do século 18. A técnica de edificação é semelhante à usada na construção da Igreja Senhor dos Passos em Vigia de Nazaré, município do qual Curuçá fez parte até 1895.
Segundo o que foi registrado em cartas da época, o muro foi feito em 1700 por João de Sampaio, noviço da congregação dos jesuítas. A barragem tinha objetivo de conter as águas do rio Curuçá, que banha a cidade, para a produção de sal, atividade que beneficiou a economia da povoação, ao lado de uma importante feitoria de pesca, citada em cartas governamentais de 1764.
Após a expulsão dos jesuítas nesse mesmo ano, as salinas foram esquecidas e, com o tempo, o mar e a floresta de manguezal cumpriram sua tarefa de protegê-las em meio às árvores, de acordo com o historiador Paulo Henrique, chefe do Departamento de Arquivo Público Municipal. 'Pesquisamos cartas no Arquivo Público, em Belém, apontando a distância da salina para a comunidade. Um morador antigo, de 90 anos de idade, apontou a direção e ainda contou que o resto do muro se perdeu porque habitantes retiraram as pedras para construir casas', conta Paulo Henrique. Segundo ele, o muro ficou por tanto tempo desconhecido por estar, hoje, em ponto de difícil acesso, no meio do mangue. O que sobrou foi um trecho com medidas aproximadas de 2,5 metros de altura, 1,5 metro de espessura e 12 metros de comprimento.
Agora, o historiador pretende registrar o muro como patrimônio histórico e criar uma estrutura que faça dele um ponto de turismo. Após a descoberta, Paulo Henrique continua atento aos registros históricos, para achar mais construções antigas. Sua próxima expedição é para ver se encontra criptas subterrâneas ao redor da Igreja Matriz, onde foram sepultados os primeiros moradores da cidade até 1855, data de criação do atual cemitério municipal.
Um comentário:
Excelente descoberta! Parabéns à equipe envolvida. Mais um exemplo de como nosso estado é rico em história, cultura e natureza. Só falta cuidar e saber utilizar de forma parcimoniosa com o turismo.
Postar um comentário