No AMAZÔNIA:
Trabalhadores acampados nos municípios de Eldorado dos Carajás, Sapucaia, Ourilândia do Norte, Canaã dos Carajás e Xinguara, no sul e sudeste do Pará, interditaram por mais de nove horas três rodovias estaduais de acesso às cidades. Eles protestavam contra o juiz federal Carlos Henrique Hadad, da Justiça Federal de Marabá, que proibiu a entrega de cestas básicas pelo Programa Fome Zero, do Ministério do Desenvolvimento Social, por meio do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), programada para acontecer ainda nesta semana.
Depois de muita negociação envolvendo representantes da Justiça Federal em Marabá, Incra e Polícia Militar, os mais de mil trabalhadores - vinculados ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) e Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetagraf) - retiraram as barricadas das rodovias PAs 150, 160, 279 e da estrada de acesso à mineração Onça Puma, empresa do Grupo Vale, em Ourilândia do Norte.
O Incra em Marabá informou ontem que aguarda a qualquer momento a liberação das cestas básicas pelo controle de qualidade da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A partir desta liberação, os gêneros alimentícios serão entregues a seis mil famílias dos acampamentos que aguardam assentamentos nos quatro municípios do Sul e Sudeste paraenses.
Durante grande parte do dia de ontem, o protesto aconteceu em frente à fazenda Peruano, em Eldorado dos Carajás, na PA-150; na fazenda São Luís, na PA-160, em Canaã dos Carajás; na fazenda Moça Bonita, na PA-279, em Ourilândia, e na fazenda Rio Vermelho, em Xinguara.
A Vale não pediu reforço à PM para coibir qualquer invasão. Mas a segurança patrimonial da empresa ainda está de sobreaviso. Ontem, boa parte dos funcionários da Mineração Onça Puma não pôde ir trabalhar, por conta da barricada com troncos de árvores e pneus nas rodovias. Funcionários que já estavam na mineradora não conseguiram sair para embarcar até Belém.
O juiz federal Carlos Henrique Hadad determinou a proibição não apenas de cesta básica, mas de financiamentos pelo Incra durante o período eleitoral. A medida, preventiva, provocou a reação imediata do MST nas duas regiões. Em Canaã dos Carajás, os sem-terra que bloquearam a estrada de acesso portavam foice, facões e pedaços de pau. O grupo, formado por cerca de 300 trabalhadores rurais, eram oriundos do acampamento Dina Teixeira.
A Vale não quis se pronunciar sobre o protesto e disse, informalmente, que não houve nenhuma avaliação de prejuízo em função dos bloqueios nas rodovias.
Desde 2007, a Vale já sofreu em todo o Brasil, 12 invasões promovidas pelo MST. Só no Pará, em menos de um ano, foram sete. A última ocorreu em 13 de maio, quando um grupo invadiu a Estrada de Ferro Carajás. Dois empregados da Vale, na ocasião, foram feitos reféns.
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