No AMAZÔNIA:
O Tribunal do Júri confirmou ontem, após onze horas de julgamento, a condenação do radialista Luiz Araújo a 60 anos de prisão. Ele foi considerado culpado pelo duplo homicídio triplamente qualificado, praticado contra Ubiracy e Uraquitãn Borges Novelino, no dia 25 de abril do ano passado. Araújo já havia sido condenado anteriormente pelos mesmos crimes em 21 de novembro, mas teve direito a um novo julgamento em função de uma lei - modificada recentemente - que dava direito a um segundo júri aos condenados a mais de 20 anos de prisão no Brasil.
A sentença foi lida às 19 horas pelo juiz Raimundo Moisés Alves Flexa, presidente da sessão, na presença do réu, que não teve autorização para se ausentar do salão do júri, como pediu seu advogado logo na abertura do julgamento. Os jurados acolheram a tese da acusação, responsabilizando Aráujo, assessor do empresário Chico Ferreira (já condenado pelos mesmos crimes), pelo planejamento no assassinato dos empresários. Na leitura da sentença, Moisés Alves Flexa considerou que o crime foi cometido de 'forma animalesca, negando toda a racionalidade humana' e que Luiz Araújo tem personalidade 'violenta, perversa e covarde'. '(Ele) pôs a cobiça pessoal acima de qualquer coisa', disse o juiz.
O advogado de defesa César Neves disse que recorrerá da sentença por considerar que os quesitos - perguntas feitas aos jurados sobre os fatos - não estavam claros e induziram os jurados a erro. Durante julgamento, ele tentou modificar os quesitos, mas todos os pedidos foram indeferidos pelo juiz por 'completa ausência de amparo legal'. Neves, que já havia conseguido adiar um julgamemto anterior, voltou a alegar negativa de autoria. Como último recurso, ele apelou para a possibilidade de menor participação nos crimes. Disse que Araújo estaria sendo prejulgado e condenado apenas por suas relações pessoais com Chico Ferreira.
O promotor de justiça Paulo Guilherme Godinho, autor da ação penal, sustenta a acusação contra Luiz Araújo, de homicídio quadruplamente qualificado (duplo homicídio praticado mediante pagamento, formação de quadrilha, ocultação de cadáveres e receptação qualificada). Os advogados Roberto Lauria, Agnaldo Borges e Antonio Neto estão atuando em conjunto com a promotoria, na condição de assistentes de acusação, contratados pelos familiares das vítimas.
Emoção- A família Novelino e seus amigos encheram o salão do júri e se emocionaram durante vários momentos. Ao final do júri, o pai das vítimas, Ubiratan Novelino, disse que estava 'aliviado'. 'Nós nunca duvidamos de que haveria justiça. Não saímos daqui felizes, porque não há motivos para isso, mas aliviados', disse, recebendo abraços dos presentes. Durante a manifestação do assistente de acusação, lembrando o cuidado que o pai tem hoje com o túmulo dos filhos, Ubiratan Novelino chorou muito e precisou sair do salão do júri.
Os irmãos Novelino foram assassinados no dia 25 de abril no interior da empresa Service Brasil. Atraídos ao local, foram mortos com crueldade e os corpos, colocados em tonéis, foram jogados na baía do Guajará. Além de Luiz Araújo foram condenados pelos crimes o empresário Chico Ferreira, o ex-policial Sebastião Cardias e o ex-fuzileiro José Augusto Marroquim de Souza. Outras duas pessoas inicialmente acusadas de participação foram inocentadas pelo tribunal do júri.
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