No AMAZÔNIA:
Depois do tumulto provocado pela operação 'Ver-o-Peso Legal', executada pelo Ministério Público Estadual (MPE), Polícias Civil e Militar, Guarda Municipal e Corpo de Bombeiros na manhã de ontem com o objetivo de 'limpar' o Ver-o-Peso, os ambulantes voltaram a trabalhar na feira e disseram que foram tratados como porcos.
Ontem de manhã, um dia depois da operação chefiada pelo promotor Marco Aurélio Nascimento, que esteve pessoalmente no Ver-o-Peso para retirar os ambulantes considerados ilegais das calçadas, os trabalhadores se reuniram para reagir contra as ações que eles chamam de 'arbitrárias' do Estado. 'Aqui é uma feira livre. Podemos vender normalmente. Por que esse promotor não retira os donos dessas lojas da Castilhos França, que sonegam impostos descaradamente e ninguém faz nada?', questiona José Soares, que durante a operação foi detido por guardas municipais. 'Não sabia que a Guarda Municipal tinha poderes para prender alguém. Pior, para me levar como um bandido', disse o ambulante, que ficou detido na Seccional do Comércio (6ª Zpol) até as 17h da última quinta-feira.
Soares afirma que teve suas mercadorias apreendidas pelos policiais e que mesmo depois de liberado não as recebeu de volta. 'Eu estou aqui novamente trabalhando porque preciso sustentar a minha família. Se não roubamos somos tratados como marginais e se roubamos também somos. Então o que fazer pra sobreviver?', questiona o ambulante.
'Queremos mandar um recado ao promotor, que disse para todo mundo ouvir que ele era a lei. Que ele saiba que existem outras esferas que podem resolver o nosso problema, como a prefeitura e até a governadora, que precisa saber da forma autoritária que ele está agindo. Ele não é a lei, não. Somos seres humanos e queremos só trabalhar. Ao invés de resolver as coisas com violência, ele deveria solicitar ao governo que arrume um lugar para a gente trabalhar. Ou quem sabe se ele arrumasse o trânsito, o Ver-o-Peso não ficaria mais bonito, já que é engarrafamento todos os dias e até mesmo sujeira', disse Soares.
O delegado Valdir Freire, diretor da Seccional do Comércio, explica que a operação foi a última medida a ser tomada, pois os ambulantes foram notificados três vezes para que saíssem dos arredores do Ver-o-Peso. 'A operação foi totalmente legal. A permanência de ambulantes no Ver-o-Peso fere o Código de Postura do Município. E eles reagiram de forma indisciplinada. Por isso a operação mais severa', justificou o delegado.
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2 comentários:
Bem, acho que não é engraçado porque a truculência foi grande, com Ministério Público e tudo. E eu estava ali por perto quando o circo pegou fogo.
Mas, é engraçado pelo cinismo: o infeliz Código de Posturas de Belém determina ordem e respeito ao espaço público.
O mesmo espaço público que usam os ambulantes, os bares da moda que atravancam calçadas, as construtoras que fecham calçadas descarregando seu material de construção, ou as calçadas que não existem nas avenidas construídas pelo poder público que deixam os pedestres à mercê do transito assasssino, a absurda falta de fiscalização que transforma Belém na maior Babel urbana que conheço, as lojas que colocam suas bancas na calçada - e colocam bancas no meio das ruas disfarçadas de ...ambuantes! - e por aí vamos. Ou não vamos.
Cada vez que a Prefeitura ou alguma autoridade sai à rua e cai pra cima dos ambulantes, me fica apenas a sensação que pretendem mostrar pra alguém que Belém tem Prefeito ou que tem autoridade. E o efeito é só esse. Para quem acredita que Belém tem Prefeito. Ou que moramos numa cidade onde as autoridades zelam pelo bem de todos.
Bom dia, de novo, Paulo.
É a pergunta que sempre me faço, Bia: porque exigir posturas condizentes com bons hábito e costumes apenas dos ambulantes?
Por quê?
Vou postar seu comentário na ribalta no início da tarde.
De novo, um bom sábado pra você.
Abs.
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