Tensão em Serra Pelada

No AMAZÔNIA:

A situação está tensa em Serra Pelada, sul do Pará. Ontem à tarde, garimpeiros e moradores da área entraram em conflito com homens da Polícia Militar (PM). Segundo um dos diretores do Sindicato dos Garimpeiros, Alexandre Souza, a categoria e os moradores estão revoltados com o atual presidente da Cooperativa dos Mineradores do Garimpo de Serra Pelada (Coomigasp), Valder Falcão, que teria 'soltado um documento' dizendo que os moradores da área da Cooperativa não teriam mais direito sobre as suas terras.
Alexandre conta que os garimpeiros e a população resolveram trancar a sede até que seja decidida, na Justiça, a legalidade da atual diretoria da Coomigasp, a qual, segundo ele, foi eleita de maneira irregular, em julho de 2006. Falcão assumiu depois que o ex-presidente da entidade, Josimar Barbosa, foi assassinado. Ainda segundo Souza, os garimpeiros querem uma comissão temporária para dirigir a Cooperativa até novas eleições para a diretoria da entidade.
Por conta dessa situação, os garimpeiros e a população teriam feito um protesto, fechando a sede da cooperativa no final da semana passada. A PM, acionada por intermédio da atual diretoria da Coomigasp, teria, então, dado um prazo até ontem à tarde para que os manifestantes liberassem a entidade. Como isso não aconteceu, os policiais teriam se deslocado até lá para fazer a desobstrução. Foi aí que houve o confronto com os garimpeiros e a população. 'Eu estive com dois advogados no quartel, antes da operação, para saber se o coronel Monteiro (comandante da PM) tinha algum tipo de mandado, mas fui informado de que ele não tinha autorização nem da juíza e nem do promotor da cidade', explicou Souza.
Os PMs teriam dado vários tiros de borracha, usado gás lacrimogênio e agredido fisicamente os manifestantes. Segundo informações da PM, no momento do confronto havia um grupo de 400 a 500 garimpeiros acampados em frente à sede da Cooperativa. Eles estariam no local à espera de uma liminar que determinaria que o vice na chapa de Josimar, José Maria, assumisse a presidência da entidade. Como isso não aconteceu, o coronel PM Monteiro Júnior foi reabrir as portas da Coomigasp, conforme acerto anterior com os garimpeiros, que reagiram com pedras à iniciativa. Por isso, a PM reagiu de forma mais enérgica. A operação contou com homens do 23º Batalhão de Parauapebas e da Tropa de Choque. Um homem, Antônio Silva, que seria segurança da atual diretoria da Cooperativa, foi preso por porte ilegal de arma.
Segundo a PM, a situação estava sob controle ontem à noite. Permanecem na área cerca de 40 homens.