terça-feira, 19 de agosto de 2008

Ministro vê crescimento robusto de jornais

Na FOLHA DE S.PAULO:

Os jornais impressos no Brasil e a indústria jornalística como um todo devem crescer de forma robusta nos próximos anos, acompanhando de perto as atuais perspectivas promissoras da economia brasileira.
Nesse trajeto, são as grandes empresas da área já constituídas que devem tirar maior proveito das novas mídias que forem surgindo, como vem ocorrendo com a internet.
A previsão otimista sobre o mercado de jornais impressos no Brasil foi apresentada ontem pelo ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e outros participantes no 7º Congresso Brasileiro de Jornais, promovido pela ANJ (Associação Nacional de Jornais).
Com recorde de 773 inscritos, a atual edição do CBJ, que terá mais um dia de discussões hoje em São Paulo, tem como tema central "O Brasil e a Indústria Jornalística em 2020".
Miguel Jorge, que trabalhou por duas décadas como jornalista, utilizou dados demográficos e de investimentos previstos em várias áreas para sustentar uma previsão de forte aumento na circulação de jornais no Brasil nos próximos anos -a exemplo do que já vem ocorrendo desde 2004.
De acordo com ele, o mercado de mídia impressa no Brasil apresenta um cenário totalmente distinto do que ocorre nos Estados Unidos, país onde a circulação de jornais vem caindo sistematicamente há vários anos.
No Brasil, a circulação de jornais cresceu 0,8% em 2004, 4,1% em 2005, 6,5% em 2006 e 11,8% em 2007. No primeiro semestre deste ano, o aumento foi superior a 8%.

Classe C
"Em 2020, seremos aproximadamente 210 milhões de brasileiros. Isso significa 23 milhões de pessoas a mais. Metade da população terá mais de 32 anos. A renda per capita média será de cerca de R$ 21 mil, bem maior que os cerca de R$ 13,5 mil atuais", disse.
O ministro também projeta um crescente aumento da chamada classe C no Brasil (ela já corresponde a 51,8%), a continuidade do crescimento do emprego formal e uma elevação no índice de escolaridade.
Todos esses fatores carregam perspectivas positivas, segundo ele, em relação ao aumento da circulação de jornais.
Do ponto de vista do faturamento das empresas jornalísticas, Miguel Jorge afirmou que uma série de investimentos do setor privado e a expansão do crédito, especialmente nos mercados imobiliário e automotivo, devem contribuir para ampliar o tamanho do negócio dos jornais.
O ministro também previu que as novas mídias eletrônicas continuarão convergindo para as grandes empresas jornalísticas. "Os grandes títulos na internet hoje são os mesmos dos grandes títulos impressos no Brasil", disse ele.
"Há uma conclusão óbvia: a indústria jornalística em 2020 refletirá o Brasil de 2020. Será mais forte, melhor, mais competitiva e, como tem feito até aqui, se apropriará de maneira efetiva das novas mídias."

Momento
Ex-presidente da ANJ, Nelson Sirotsky (ele deixou o cargo ontem) também ressaltou "o momento positivo" da indústria jornalística, mas lamentou o fato de ser "pequeno" o número de jornais no país hoje filiados ao IVC (Instituto Verificador de Circulação).
Sirotsky afirmou que o Brasil tem atualmente 3.000 jornais, sendo 500 títulos diários. E que a ANJ representa 137 empresas, que detêm juntas 90% da circulação diária.
Sirotsky ressaltou que, no ano passado, os jornais conquistaram uma fatia de 16,4% do bolo publicitário no país, um crescimento de 15% em relação a 2006.
Em seminário paralelo, Rosenthal Calmon Alves, diretor do Knight Center for Journalism in the Americas, da Universidade do Texas (EUA), ponderou que a internet continua se colocando como um desafio para os jornais impressos.
Segundo ele, os jornais impressos estão diante de uma grande revolução.
Mas, afirma, podem se sair bem se souberem se adaptar aos novos tempos.
"Os jornais e as suas grandes marcas devem tomar de assalto a internet e construir um "mix" inseparável entre suas edições em papel e suas plataformas digitais", disse.

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