No AMAZÔNIA:
Dois médicos da unidade de saúde do Bengui pediram demissão, esta semana, alegando falta de segurança para chegar, permanecer e deixar o posto de trabalho. Os casos não foram isolados. A rotina de violência na maioria dos bairros de Belém tem submetido a constante ameaça os profissionais das unidades de saúde do município. O medo causado pela insegurança tem provocado pedidos de demissão de médicos plantonistas.
De julho para cá, 12 médicos não agüentaram as agressões verbais e as coações pelas quais estavam passando e pediram demissão. Considerado um dos bairros mais violentos de Belém, o Bengui dispõe de uma unidade que está preparada para atender 24 horas os moradores da área, embora cada vez mais o funcionamento do posto esteja comprometido pelo sentimento de pavor que tem atingido os profissionais da saúde e a população que vive no bairro.
'Cada vez que acontece uma briga entre turmas rivais ou nos bares é um Deus nos acuda. Agredidos e agressores correm desesperados para a unidade e exigem atendimento imediato, na frente de quem estiver esperando a vez', revelou um morador da região, que pediu para não ser identificado por medo de retaliação. A testemunha acrescentou que a grande quantidade de bares e a ausência de policiamento noturno são os dois grandes problemas, principalmente de quinta a segunda-feira, quando a ingestão de álcool e drogas aumenta em níveis alarmantes no bairro.
De acordo com a diretora da Unidade de Saúde do Bengui, Francimeire Gama, 85% dos atendimentos no local são decorrentes da violência. Ela acrescenta que desde fevereiro a prefeitura disponibilizou mais um guarda municipal para o local. Porém, os problemas mais graves ocorrem à noite, quando o PM Box está fechado. Nessas horas, quando acontece um crime, é feita uma ligação para um capitão da PM, que desloca uma equipe para serenar os ânimos na área e executar, quando é possível, as prisões em flagrante. Servidores da unidade disseram que já foi solicitado à PM a permanência de pelo menos mais policiais nos finais de semana e à noite.
Reforço - Desde agosto de 2007, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) diz que vem encaminhando expedientes para a área de segurança pública do Estado pedindo reforço na parceria do governo com o município de Belém para a garantia de segurança nas unidades de saúde. A preocupação do poder público municipal aumentou neste segundo semestre com os sucessivos episódios de violência que afetam usuários e servidores, especialmente nas unidades que atendem 24 horas em áreas consideradas críticas, como Tapanã, Cabanagem, Águas Lindas e Bengui.
O assunto já foi tema de uma reunião com o comando da Polícia Militar na unidade de Águas Lindas, que sofreu dois assaltos somente no segundo semestre do ano passado, mas a situação continua crítica nesses mesmos bairros. Embora as unidades contem com a presença da Guarda Municipal, o papel dessa corporação é dar garantias de segurança ao patrimônio municipal.
'Mesmo assim, nas unidades de saúde a Guarda tem exercido papel de segurança para os servidores e usuários, mas isso não tem sido suficiente para impedir que a violência de gangues, assaltos e outros crimes que acontecem no interior dos bairros adentrem as nossas unidades de saúde, é preciso mais reforço na segurança do entorno, dentro dos bairros', diz Kendra Botelho, diretora de Assistência à Saúde.
Após a reunião feita após os assaltos que destruíram o prédio da unidade, foi instalado temporariamente um trailer da PM para reforçar a segurança no local, mas com a retirada do equipamento os assaltos voltaram a ser constantes, o mesmo aconteceu no Tapanã e nos arredores da unidade do Bengui.
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