Fuga foi por buraco antigo

No AMAZÔNIA:

Parece incrível, mas depois de cinco anos, presos voltam a fugir do Centro de Recuperação Americano I (CRA 1) por um túnel que a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe) não fechou. A revelação foi feita por Sandoval Bittencourt, superintendente da Susipe, em entrevista coletiva dada ontem de manhã.
Segundo ele, os 11 presos que fugiram do CRA1 não conseguiriam escavar o túnel tão rapidamente. 'É um túnel extenso, com 22 metros de comprimento e cinco de profundidade, que com certeza não seria construído em 15 dias. Talvez parte dele tenha sido feita recentemente, mas não todo. Ele também está no mesmo local onde, em 2003, foi feito um outro túnel pelo qual 60 presos tentaram escapar', disse.
Sandoval Bittencourt informou que a Susipe está investigando se o túnel é o mesmo e, se for, por que não foi fechado. 'Estamos fazendo uma perícia no local e só após os resultados poderemos apurar se há ou não envolvimento de servidores. Se for constatada a participação de algum agente, encaminharemos o caso para as autoridades competentes', garantiu. O superintendente informou que só neste ano 81 presos fugiram de penitenciárias do Estado. Para ele, 'este é um número que está dentro do que se espera para um sistema com os problemas que o nosso tem'. Sandoval Bittencout explica que, além de alguns servidores não concursados não receberem um treinamento adequado, o CRA 1, por ser uma das penitenciárias mais antigas do Pará, apresenta fragilidades: 'É uma penitenciária construída ainda nos padrões antigos, mas estamos trabalhando para corrigir essas fragilidades, reformando e construindo novas unidades. Estamos investindo também em equipamentos de segurança. Todas as casas penais receberam portas com detectores de metais e mesas de raio-x similares às que são usadas em aeroportos para ajudar a controlar a entrada de equipamentos não autorizados'.
Dos 11 presos que fugiram do pavilhão dois do CRA 1, apenas um foi recapturado. O presídio que tem capacidade para 700 presos, mas abriga 840. 'Apesar de abrigar presos acima da capacidade, Americano I, por ser uma casa penal antiga e ter as celas mais largas, não há celas tão lotadas como verificamos em outras penitenciárias. Não foi por esta razão que a fuga ocorreu', garantiu Sandoval.