segunda-feira, 12 de abril de 2021

Se você quer a CPI investigando governadores, prefeitos e o guarda do quarteirão, você é um ingênuo. Bolsonaro agradece!

Vivemos tempos de mortes, negacionismo e ingenuidades.
As mortes são causadas por essa pandemia avassaladora.
O negacionismo, que se alimenta a cada dia do ódio e do fanatismo, é responsável em boa parte pelo ritmo alucinante e irrefreável dessa doença.
As ingenuidades exibem-se, surpreendentemente, entre os que ainda tentam vislumbrar algum laivo de lucidez em um cidadão que não governa, que não tem compromisso com a verdade e que tem sido, por isso e muito mais, responsável diretamente por muitas mortes nesta pandemia.
Esse cidadão é Jair Bolsonaro, o pior presidente do Brasil em cinco séculos.
Neste domingo à noite (11), boiou aí nas redes sociais um vídeo (vejam acima) em que Bolsonaro defende, em conversa com o senador Jorge Kajuru (Cidadania-SP) que a CPI da Pandemia, em vez de apurar apenas as responsabilidades do governo federal, também ouça governadores e prefeitos.
Bolsonaro é a negação da inteligência. Mas vejam só, mesmo assim ele consegue, às vezes, enganar os ingênuos. Você, inclusive.
Quando pretende que a CPI amplie o objeto de suas investigações, Bolsonaro quer mesmo o quê? Ele quer que a CPI não investigue ninguém. Ele pretende que a CPI nada investigue.
É isto, ingênuos. É exatamente isto: se a CPI for instalada para investigar o governo federal, governadores, prefeitos, o guarda do quarteirão e os caras que fazem ponto na esquina da tua casa, então, ingênuos, a CPI não vai conseguir investigar simplesmente ninguém. Até porque uma investigação dessa amplitude não terminaria nunca. Nem na próxima pandemia.
Ingênuos, anotem aí: governadores podem ser investigados pelas assembleias legislativas.
E os prefeitos, ingênuos, podem ser investigados pelas câmaras municipais.
Se assembleias e câmaras estiverem, como se diz, dominadas e não se mostrarem dispostas a investigar os respectivos gestores, o Ministério Público - tanto o estadual como o Federal - pode investigar. E, aliás, o MP já está investigando.
Um exemplo na nossa porta - Vejamos aqui, debaixo dos nossos narizes, os casos do Pará e de Belém.
Assembleia e Câmara não tugiram nem mugiram para investigar os governos Helder Barbalho e Zenaldo Coutinho.
Mas Helder já foi indiciado pela PF. E a Procuradoria Geral da República ainda pode oferecer duas ou três denúncias contra o govenador e outros integrantes ou ex-integrantes de seu governo. Além disso, o MPPA já ajuizou várias ações responsabilizando órgãos estaduais.
Quanto ao governo Zenaldo, a Operação Quimera já fez investigações. E dependendo do que vier a ser apurado, caberá ao MP propor a ação cabível, se tal se mostrar necessário.
O que aconteceu aqui no Pará e aqui em Belém é o mesmo que acontece, em regra, em todos os estados do País.
Então, resumindo: a CPI da Pandemia a ser instalada no Congresso deve investigar apenas o governo federal.
Se você, ingênuo, está defendendo que a CPI amplie o objeto de suas investigações para incluir governadores e prefeitos, você não passa de um ingênuo se deixando iludir por Bolsonaro, a quem - como você sabe, ingênuo - a falta de inteligência é compensada por uma fartura de crueldade, de incapacidade de gestão e de insensibilidade humana.
Deixe, ingênuo, que outro, com mais inteligência, lhe faça de ingênuo.
Mas não Bolsonaro.
Não rebaixe sua ingenuidade a esse nível!

Um comentário:

Anônimo disse...

Nunca imaginei que esse blog iria fazer texto defendendo Helder e ainda, ofendendo quem é a favor de CPI que investigue ele.

CPIs geram muito mais desgaste político do que inquéritos. Nenhum desses processos judiciais terá resultado prático. Tudo será anulado, nem que seja por alguma regra inventada pelo STF, e vai acabar na prescrição. E se aparecer um juiz que condene ele, vai ser atacado de tudo que é lado, inclusive pelo próprio STF.

O Helder nunca será punido. Se a ideia é dificultar que o Helder se reeleja, uma CPI, com interrogatórios ao vivo e confronto direto com os adversários, tem muito mais eficácia.