quarta-feira, 29 de março de 2017

O triunfo e a tragédia de Israel numa obra essencial


Com definir "Minha Terra Prometida - O Triunfo e a Tragédia de Israel" em uma só palavra?
Dizer que é fantástico é muito pouco, porque os livros que nos marcam sempre nos são fantásticos.
Talvez melhor seria defini-lo como um divisor de águas da vasta literatura que aborda o sionismo, o Estado de Israel e o conflito israelense-palestino. Já li livros bastantes sobre esses temas. Mas nenhum como "Minha Terra Prometida", que passa a ter lugar cativo e de destaque nas estantes do Espaço Aberto (veja na imagem).
Nas páginas que escreveu, o jornalista Ari Shavit, ele mesmo um israelense - ou sabra, como se diz dos que nascem em Israel -, faz um registro triunfal à aventura única que terá sido a criação de um Estado como Israel e, ao mesmo tempo, expõe uma condenação - duríssima, apaixonada e implacável - da desconexão entre os sonhos que inspiraram os sionistas a buscar um lar para um povo historicamente renegado no curso dos tempos e a realidade que levou Israel a cometer atrocidades inacreditáveis, tangendo como gado imprestável milhares de palestinos que ocupavam e ainda ocupam aquelas por tempos imemoriais.
"Israel é a única nação do Ocidente que mantém outro povo sob ocupação. Por outro lado, é a única nação do Ocidente cuja existência está ameaçada. Intimidação e ocupação se tornaram os dois pilares de nossa condição", escreve Shavit.
Pacifista convicto, ele não se atém a lugares-comuns e nem usa de escapismos sobre as encruzilhadas - moral, política, geográfica e estratégica - em que o Estado judeu se encontra desde a sua fundação. E nem usa de meias palavras para minimizar o estarrecimento diante de violências institucionalizadas.
Sobre sua experiência quando serviu como carcereiro no Campo de Detenção do Litoral de Gaza, ele conta: "A uns oitenta metros do refeitório em que tento comer, há pessoas gritando. E gritam porque outras pessoas, trajadas com uniforme igual ao meu, as fazem gritar. Gritam porque o meu Estado judeu as faz gritar. De uma forma metódica, ordeira e absolutamente legal, minha amada Israel democrática as faz gritar".
Em outro trecho, diz Shavit: "Assim, o que realmente temos nesta terra é uma contínua aventura. Uma odisseia. O Estado judeu não se assemelha a nenhuma outra nação. O que esta nação tem a oferecer não é segurança, bem-estar ou paz de espírito. O que esta nação tem a oferecer é a intensidade da vida no limite. A descarga de adrenalina de viver perigosamente, viver voluptuosamente, viver ao extremo. Se um vulcão como o Vesúvio entrasse em erupção hoje à noite e acabasse com nossa Pompeia, é isto o que petrificaria: gente cheia de vida".
"Minha Terra Prometida" é uma grande reportagem. Que trata de gentes, de horrores, de triunfos e fracassos, de êxitos e tragédias, de conflitos, de medos no presente e hesitações sobre o futuro, de prosperidade econômica e de misérias.
"Minha Terra Prometida" é o Estado Israel por inteiro, desnudado inteiramente em sua curta, mas complexa história.

Um comentário:

Anônimo disse...

Fazem hoje com os palestinos o mesmo que Hitler fazia:barbárie