quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Greve expõe precariedades

No AMAZÔNIA:

Funcionários do Ofir Loyola voltaram a protestar contra os cancelamentos de contratos na instituição. Os manifestantes completam hoje seis dias de greve e garantem que não voltarão a trabalhar enquanto não entrarem em um acordo com o governo. Eles reclamam das condições precárias de atendimento aos pacientes e alegam que não há funcionários concursados para substituir os profissionais que trabalham no hospital atualmente. Os pacientes, sem atendimento, voltaram para casa insatisfeitos.
É o caso de Antônia Vieira, que há três anos se trata no hospital. Ela disse que já não sabe há quantos meses está tentando fazer uma endoscopia e não consegue. A paciente ainda reclama da dificuldade de conseguir medicamentos. 'De três anos para cá a situação ficou ainda pior. Nem copo descartável tem', disse, afirmando ainda que teme não conseguir dar continuidade ao tratamento: 'A doença em si já é uma luta. Com o hospital nestas condições, a luta se torna maior ainda'.
Francisca Queiroz, diretora geral do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público do Pará (Sintsep-PA), disse que cinco funcionários foram demitidos ontem. 'O diretor demitiu celetistas e temporários, mas não contratou profissionais qualificados para realizar a radioterapia, que é uma área de alta periculosidade, ‘danosidade’ e insalubridade'. Francisca afirmou que o hospital se encontra em péssimas condições: 'Estão faltando medicamentos básicos como os de quimioterapia. A governadora suspendeu o TFD (Tratamento Fora de Domicílio) e quem precisa do tratamento agora tem que tomar remédio paliativo'.
Dentre os funcionários distratados está Raimundo Pinheiro. 'Para trabalhar com radioterapia o indivíduo precisa ser formado em radiologia com especialização em radioterapia, além de ter, pelo menos, mil horas de experiência. Nós fomos substituídos por técnicos em radiologia sem a qualificação adequada. Com a instalação de aceleradores, a necessidade de funcionários é maior ainda. Mas, em vez de contratarem novos profissionais, estão demitindo', reclama.
Segundo técnico em radioterapia Daniel Costa, do comando de greve, a greve é legal e a direção do hospital está criando obstáculos para que se estabeleça um diálogo com o governo. 'Sem negociação, como vamos chegar a um acordo?', pergunta.
O médico Dionísio Monteiro afirmou: 'Trabalho aqui há 33 anos e ganho R$ 2 mil. Os médicos que estão entrando agora também ganham quase o mesmo. Precisamos ter outros empregos para garantir nosso sustento'. Segundo ele, a situação dos pacientes é pior do que nos prontos-socorros. Em consequência disto, muitos pacientes acabam sendo transferidos para hospitais de outros Estados e, para se manterem, recebem apenas R$ 17 por dia.

Um comentário:

Anônimo disse...

Todos os dias lemos na imprensa que a situação do HOL está cada vez pior, inclusive com pacientes sendo mandados para outros Estados, atraso nesses deslocamentos, falta de medicamentos e equipamentos. Parece que só o que não falta são problemas e pacientes que não têm a quem recorrer.
Será que as instituições responsáveis não enxergam que todo esse embrólio gerado pela incompetência administrativa poderá custar a vida de pessoas cujo ÚNICO PECADO foi terem nascido pobres e por isso mesmo precisarem do serviço público de saúde?
Onde estão o MPE e o MPF (tem verba federal aí sendo mal admisnitrada) que até agora estão mudos, cegos e surdos? Será que eles vão esperar que aconteça no HOL o mesmo que aconteceu com os bebes da SANTA CASA que morrerram em grande quantidade?
O governo que trata assim a saúde e os seus doentes ainda tem a cara de pau de usar o slogan de que cuidar das pessoas é prioridade deste governo.
Apelo para o MPE e MPF que façam alguma coisa urgente, ou eles também vão ter que carregar o peso da culpa por deixarem que pessoas inocentes percam a vida pelo simples fato de terem nascido pobres e ninguém se importar com elas.