No AMAZÔNIA:
Abandono é a palavra que melhor define a situação das crianças que estudam no bairro Jardim Sideral. Com merenda vencida desde novembro, falta de água e insegurança, elas amargam o descaso na Escola Estadual de Ensino Fundamental Pedro Marques de Mesquita, onde não há nem diretor. Em menos de 60 dias, a escola já foi arrombada três vezes. Para piorar, o poste de iluminação em frente à instituição está com a lâmpada queimada há cerca de dois meses.
A facilidade com que os bandidos entram na escola assusta crianças e pais. Por ter um muro muito baixo, eles conseguem roubar o que querem do colégio sem esforço. Isso porque inexiste policiamento na região. Enquanto isso, resta aos alunos, que cursam de 1ª a 4ª série, rezar para que nada de ruim aconteça quando estiverem no horário de aulas.
Já foram roubados objetos como bomba d’água, televisor, DVD, computador e até os cabos do ar-condicionado, conta a mãe de um aluno da 3ª série, Silene do Socorro. A audácia dos bandidos é tão grande que no mês passado eles roubaram os armários de uma das salas de aula, defecaram no chão e ainda utilizaram as provas das crianças para se limpar. 'Aqui ladrão rouba quando quiser e bem entender. Minha mãe quer me tirar daqui', diz Larissa da Silva, estudante da 2ª série.
Sujeira - As crianças ainda têm que conviver com uma escola suja e sem servente para fazer os serviços de limpeza e a merenda. E o que resta para elas comerem são biscoitos de água e sal que venceram no dia 10 de novembro passado e estão tomados por insetos.
Além disso, por causa do roubo da bomba d’água, eles têm que trazer água de casa para não ficarem com sede. Para colaborar com os alunos, alguns professores encheram garrafas pet com água e as mantêm em um freezer, que está completamente enferrujado e com a porta quebrada. Para completar, as garrafas ficam sem tampa, o que favorece a contaminação. Eles querem apenas um bebedouro, que foi prometido pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) desde quando a escola foi reformada, no início deste ano. 'Caso essa situação não melhore, vou ter que tirar meus filhos da escola. Não dá mais para conviver com tanto descaso', afirma Reinaldo Souza, pai de duas crianças da 1ª série.
Eliezer dos Santos, presidente do Centro Comunitário do Jardim Sideral, diz que os pais enfrentam muitos problemas por causa da ausência de diretor. Eles não têm, por exemplo, como em pegar a assinatura de alguém do colégio para comprovar a escolaridade dos filhos.
Apesar de ser um colégio para crianças de 1ª a 4ª série, não há área de lazer. Espaço não falta. Tanto na frente da escola, como na parte de trás, um grande gramado ocupa a instituição. 'É por causa disso que a gente não tem mais vontade de estudar aqui. É tudo sujo e feio', diz o aluno Rafael Souza, da 3ª série. A estudante Ana Lídia Souza, também da 3ª série, concorda com ele.
Versão - Por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informa que a escola, em Ananindeua, está recebendo adequação na sua rede elétrica, ação que finaliza a reforma geral pela qual passou este ano. A secretaria disse ainda que designou nova direção para até o final do ano letivo, e em 2010 a instituição promoverá eleições diretas para diretor.
Quanto à falta de água, a Seduc informa que o abastecimento de água é precário na área, mas existe água na escola. Para complementar o abastecimento, a escola aguarda a liberação do recurso rotativo para a aquisição de uma bomba nova. Sobre a merenda escolar, a Seduc informa que não procede a informação de que e a merenda estaria vencida. Em visita à escola, porém, a reportagem do jornal Amazônia constatou o contrário.
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