No AMAZÔNIA:
O biólogo francês Pierre Edward Jauffret, 72, que morreu anteontem em decorrência de agressões sofridas na casa dele, em Santo Antônio do Tauá, manteve intenso intercâmbio científico e parceria com pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém. Além da troca de conhecimentos, experiências e apoio aos pesquisadores com quem se relacionou durante muitos anos até antes de ser covardemente agredido e falecer, segundo o pesquisador Inocêncio Gorayeb, o biólogo doou para o Museu Goeldi toda a sua importante coleção de insetos. A coleção tem espécies raras, como uma borboleta que teve destaque no trabalho de pequisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), citada na Revista Brasileira de Entomologia pelos pesquisadores Olaf H. H. Mielke e Mirna M. Casagrande. Os exemplares dessa espécie de borboleta foram seis machos e quatro fêmeas, com exemplares doados também ao Departamento de Zoologia da UFPR.
O biólogo se mudou muito jovem da França para o Brasil. Como pesquisador autônomo, comprou terras em Santo Antônio do Tauá, onde por mais de 40 anos manteve toda a área conservada para pesquisas, enfrentando muitas vezes sozinho conflitos contra a derrubada da floresta e a invasão de uma das poucas áreas conservadas em toda a região Nordeste do Pará. Para o pesquisador Inocêncio Gorayeb, do Departamento de Zoologia do Museu Goeldi na área de insetos, Jauffret fez uma excelente coleção de insetos da área. Alguns foram levados por pesquisadores para estudos mais aprofundados fora do Brasil e foram descritos e citados em importantes publicações científicas. 'Pierre Jauffret sempre permitiu a entrada de pessoas na área da reserva para estudar, fazer coleta de material, desde que de forma científica, e para pesquisar. Até hospedava na reserva pesquisadores durante os períodos de estudos', contou Gorayeb. Um dos filhos de Pierre Jauffret, também biólogo, está tentando cursar doutorado na área.
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