No AMAZÔNIA:
Uma caminhada da escadinha do cais do porto, na Estação das Docas, até o Teatro da Paz marcou ontem a abertura do mês da Consciência Negra em Belém.
Entidades e movimentos sociais de luta pela igualdade racial, de GLBT e de cultos afros reuniram membros e simpatizantes em um protesto simbólico. Antes da caminhada, ialorixás, babalorixás e outros sacerdotes e sacerdotisas da umbanda e do candomblé saudaram os orixás com oferendas, despachadas nas águas da baía do Guajará.
Maria Kuiza Nunes, coordenadora do Centro de Defesa do Negro no Pará (Cedenpa), informou que haverá uma série de atividades e eventos programadas para o mês de novembro, até o dia 20, quando se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra. A data é dedicada à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.
Segundo ela, o dia foi escolhido por ser a data da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte forçado de africanos para o solo brasileiro em 1594. 'Nós somos as maiores vítimas do racismo institucional. Temos os menores salários, o menor índice de alfabetização. Por isso estamos fazendo essa caminhada, para exigir respeito', disse.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os negros correspondem a 5% da população do País. Os chamados 'pardos', no entanto, que são mestiços de negros com europeus ou índios, chegam a um número próximo da metade da população.
Entre a população negra jovem (especificamente no segmento entre 15 e 17 anos), 36,3% cursaram ou cursam o ensino médio; entre os brancos, a parcela é de 60%. Entre aqueles que têm até 24 anos, 57,2% dos brancos haviam atingido o ensino superior, contra apenas 18,4% dos negros. O rendimento médio da população branca no Brasil é de R$ 812,00; já a dos negros é de R$ 409,00. Entre a parcela de 1% dos mais ricos do país, 86% são brancos.
Luiza Nunes também destacou que os eventos serão realizados em parceria entre os movimentos sociais em defesa do negro e a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, através do Núcleo de Promoção das Igualdades Raciais.
O Dia da Consciência Negra é celebrado desde 1960, embora só tenha ampliado seus eventos nos últimos anos. Até então, o movimento negro precisava se contentar com o dia 13 de Maio, Abolição da Escravatura - comemoração que tem sido rejeitada por enfatizar muitas vezes a 'generosidade' da princesa Isabel.
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