domingo, 22 de novembro de 2009

A simbologia está de volta


Dan Brown está de volta com mais um romance ficcionista, é o quinto de Brown, 45 anos, autor de um dos maiores romances editoriais do século - O "Código da Vinci", que vendeu mais de 80 milhões de exemplares no mundo todo (1,6 milhão só no Brasil).
Brown nasceu em Exeter - uma charmosa e pequena cidade de 15.000 habitantes em New Hampshire, na Nova Inglaterra - e até hoje mora, com a mulher, em uma localidade próxima. Apresenta-se aonde quer que vá com um figurino cuidadoso à semelhança de seu herói, o professor de Harvard Robert Langdon.
Em sua obra mais famosa, relata que o Priorado de Sião - sociedade secreta européia fundada em 1099 - existe de fato. Afirma que em 1975 a Biblioteca Nacional de Paris descobriu pergaminhos conhecidos como "Os Dossiês Secretos", que identificavam inúmeros membros do Priorado de Sião, inclusive sir Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo e Leonardo da Vinci.
Diz que a prelazia do Vaticano, conhecida como Opus Dei, é uma organização católica profundamente conservadora (que teve as bênçãos de João Paulo II), e somente a ele prestava contas e incomodava a ala progressista da Igreja Católica, sendo objeto de controvérsias recentes, devido a relatos de lavagem cerebral, coerção e uma prática perigosa conhecida como "mortificação corporal". No romance, Silas utiliza-se da cinta de cilício eriçada de espinhos em torno da coxa e se autoflagelava com a Disciplina, uma corda pesada cheia de nós, para que não caísse em "tentação".
Agora, nosso maior ficcionista em seu novo romance "O Símbolo Perdido", faz num caldeirão uma mistura de novos ingredientes - sociedades secretas, códigos enigmáticos, os subterrâneos de monumentos famosos e alguma invenção filosófica - que o tornou o maior best seller da ficção adulta. E tem mais: "a iluminação de o deus-sol egípcio, o triunfo do ouro alquímico, a sabedoria da pedra filosofal, a pureza da rosa dos Rosa- Cruzes, Maçonaria, o instante da criação, o Todo".
Após ter sobrevivido a uma explosão no Vaticano e a uma caçada humana em Paris, Robert Langdon está de volta com seus conhecimentos de simbologia e sua habilidade para solucionar problemas. Nesta nova aventura, Langdon, que é professor em Harvard, é convidado às pressas por seu amigo e mentor Peter Solomon - eminente maçom e filantropo - a dar uma palestra no Capitólio dos Estados Unidos.
Ao chegar lá, descobre a farsa e que caiu numa armadilha. Não há palestra nenhuma, Solomon está desaparecido e, ao que tudo indica, correndo perigo. Mal'akh, o sequestrador, um demoníaco delirante e corpulento tatuado com símbolos místicos, acredita que os fundadores de Washington, a maioria deles mestres maçons, esconderam na cidade um tesouro capaz de dar poderes sobre-humanos a quem o encontrasse.
Katherine co-heroína de Langdon, é uma pesquisadora da Ciência Noética - palavra derivada do grego que significa mente e que compreende um estudo interdisciplinar da mente, da consciência e de diversos modos do conhecimento, com especial atenção aos campos da ciência, saúde, mente-corpo, psicologia transpessoal, artes, ciência de cura, terapias holísticas, ciências sociais e espirituais.
Para salvar Solomon, o simbologista se lança numa corrida alucinada pela capital americana - o Capitólio, a Biblioteca do Congresso, a Catedral Nacional e o Centro de Apoio dos Museus Smithsonian. Neste labirinto de verdades ocultas, códigos maçônicos e símbolos escondidos é que Langdon espera encontrar o que investiga.
Brown descobriu que a fórmula que experimentou parece funcionar bem, sempre uma história de mistério envolvendo uma sociedade secreta, códigos e enigmas, ação acelerada e o lado oculto de monumentos públicos famosos.
Essa receita que Brown experimentou em "Anjos e demônios" é sobre o embate entre ciência e religião. "O Código Da Vinci" apresenta uma perspectiva alternativa sobre a vida de Jesus e o Santo Graal. Já "O Símbolo Perdido" é sobre o poder da mente humana. É o mais "filosófico dos meus livros", diz o autor. Jerônimo Teixeira (VEJA, nº 46) que entrevistou Brown em Exeter diz: E há quem ache que os romances só pretendem distrair o leitor em suas horas de espera no aeroporto.

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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com

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