domingo, 15 de novembro de 2009
A Revolução Francesa e Robespierre
Os grandes acontecimentos históricos não se dsevem inscrever apenas como um mero registro de fatos e datas. Esse tempo já lá vai muito longe. Nas obras históricas, nos dramas e nas tragédias dos povos, é mister colocar-se quem narra a história não no ponto de vista do seu pensamento político, da sua educação, da sua ética moral e religiosa, mas no ponto de vista dos comparsas da ação, atendendo às causas que o impulsionaram, ao seu temperamento individual e coletivo, às ideias que os moveram, às circunstâncias em que se acharam.
A História da Revolução Francesa, ao parecer de muita gente culta, é a mais compreensiva do grande cataclismo que assolou e subverteu a França do século 18 e a Europa. Thomas Carlyle não vê essa transformação propriamente como filósofo, para quem as ideias são tudo e o resto, pouco ou nada. Segundo o historiador escocês, é preciso ater-se aos fatos.
A Revolução Francesa foi um choque de ideias e nascimento de ideais. Concebidas no espírito liberal e forjado no anseio popular, as revoltas sociais que tomaram a França do século 18 marcaram para sempre a história do Ocidente.
A Revolução Francesa é considerada por muitos o maior acontecimento histórico de seu tempo. Não apenas por derrubar o antigo regime, mas principalmente por ter ultrapassado as suas fronteiras e influenciado diversos países. E não houve causa específica para a revolução, mas sim um conjunto de fatores que criou um irresistível anseio por mudanças.
As mudanças em direção a uma França monárquica, porém laica e liberal, geraram diversos tipos de protestos. O papa Pio VI condenou os acontecimentos, e grande parte da nobreza francesa emigrou para países vizinhos com o propósito de organizar uma intervenção estrangeira.
No interior da Assembléia Nacional - agora transformada em Convenção Nacional - surgiu uma disputa entre diferentes grupos políticos, sobretudo entre os girondinos e os jacobinos. Os primeiros, representando a média e a alta burguesia, formavam uma facção moderada internamente, enquanto os segundos, em geral pequenos burgueses, estreitavam cada vez mais seus elos com o movimento popular, radicalizando o discurso revolucionário.
Externamente as potências monárquicas viam com temor a mobilização e a popularização das ideais revolucionárias pelo velho continente. Mais uma vez o rei Luís XVI antecipou os acontecimentos: sua tentativa frustrada de fuga em junho de 1791, o levou à prisão e, dois anos depois, à guilhotina.
As ameaças externas, conjugadas com as crises econômicas internas, resultaram num golpe dos jacobinos dentro da Convenção. Apoiados pelos barulhentos "sans-cullotes" - camada popular formada por artesãos e pequenos proprietários -, eles afastaram os girondinos do poder. Marat, Hébert, Danton, Saint-just e Robespierre assumiram o comando da Convenção, sem base constitucional.
Entre estes, nenhum é mais enigmático do que Maximilien François Marie Isidore de Robespierre (1758-1794). Ninguém naquela época encarnou o espírito mais radical daqueles anos. Principalmente Robespierre, que deu início ao segundo período da revolução conhecido como o Terror (1793). Esse foi período mais radical da revolução, quando vários líderes girondinos foram presos ou mortos, acusados de serem inimigos da República.
Um clima de caça às bruxas se instalou e além de girondinos de todo tipo, qualquer pessoa acusada de ser contrária à revolução poderia ser levada a guilhotina - entre elas a viúva de Luís XVI, Maria Antonieta, explicitamente contra o movimento. Ao todo, foram 17 mil execuções oficiais em 14 meses.
As ações necessárias ao financiamento da chamada "guerra total", porém passaram a gerar descontentamento entra as massas ao longo do tempo: congelamento de salários e confisco sistemático de alimentos no campo afastaram o povo do governo. Somente o risco de invasão estrangeira mantinha o jacobino Robespierre no poder.
Robespierre, temendo paranoicamente inimigos internos, dedicou-se a eliminar rivais (além de milhares de inocentes), perdendo muito do seu apoio popular. Quando o exército francês deu sinais de força, os girondinos derrubaram Robespierre da Convenção em julho de 1794, e o guilhotinaram, junto Saint-Just e outros correligionários.
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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com
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