No AMAZÔNIA:
O ritmo de recuperação da indústria paraense após a Crise Financeira Mundial tem deixado empresários locais otimistas. Assim como no comércio, o setor tem tido saldo positivo em contratações de trabalhadores nos últimos meses. Em setembro foram criados 4.802 empregos no Pará, dos quais 1.342 postos foram na indústria de transformação. Contudo, até agora, os resultados positivos do ano ainda não chegaram a superar todas as perdas dos últimos 12 meses.
O otimismo do presidente do Centro das Indústrias do Pará, José Maria Mendonça, pode ser estendido a todo o setor, na capital e interior do Estado. Até o primeiro semestre do ano passado, a economia local vivia tempos muito favoráveis; com a crise, o pessimismo mundial penetrou no Brasil e influenciou também os empresários paraenses. 'Hoje vemos que a crise não nos afetou tanto quanto pensávamos. E agora que a tempestade passou está todo mundo esperançoso novamente por dias melhores', afirma.
Para Mendonça, também diretor da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), a reação do governo federal foi um dos fatores que possibilitou uma recuperação rápida da economia nacional e, por extensão, da local. Bancos públicos liberaram crédito quando os privados, receosos, retiam-no. Além disso, os benefícios fiscais ao comércio refletiram positivamente na indústria, uma vez que estão intimamente conectados.
Agora o governo federal começa a desfazer as medidas de ajuda, feitas em tempos de crise. Depois de diminuir a taxa oficial Selic de juros por cinco vezes consecutivas, o governo voltou a aumentá-la. Aos poucos, os cortes no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) vão sendo desfeitos. No caso da linha branca de eletrodomésticos, o período de desoneração foi ampliado, para favorecer as marcas menos poluentes.
Se não fossem as medidas de estímulo do governo à economia, o número de desempregos em tempo de crise teria sido bem maior, garante Mendonça. Os benefícios fiscais vinham sempre atrelados, explicitamente na voz do presidente Lula, a pedidos de que não houvesse demissões nas indústrias nacionais. No que tange à economia paraense, parece ter dado certo. 'Muitos dos empresários filiados acataram e fizeram esforço de não diminuir o quadro de empregados, mesmo quando não havia demanda de produção', afirma.
O próprio Mendonça afirma ter feito o sacrifício. Antes da crise, com a economia extremamente favorável, sua metalúrgica tinha 394 empregados diretos. Hoje, o quadro é composto exatamente pelo mesmo número. 'Tivemos dificuldades para manter todos enquanto a produção ficava em menos de 70% do funcionamento', conta. Agora, não só os empregos foram mantidos como haverá uma expansão na oferta de trabalho em todo o setor industrial paraense. Guseiras de Marabá, que cortaram empregados e desativaram parte da produção começam a voltar ao trabalho. 'Estou muito otimista. Não é que não vá haver problemas, mas, dentro de um ou dois anos é possível voltar ao patamar que estávamos antes da crise', conclui.
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