No AMAZÔNIA:
Uma criança de dois anos de idade com uma moeda de 10 centavos engatada no canal do esôfago há três dias teve atendimento negado nos dois hospitais de pronto-socorro de Belém, no início da noite de ontem, porque mais uma vez não havia médico para fazer o atendimento. Depois de 18 horas de viagem e uma via-crúcis entre os PSMs da 14 de Março e do Guamá, a criança que está há três dias sem poder se alimentar, apenas bebendo água, só conseguiu dar entrada para esperar atendimento dentro do PSM do Umarizal por volta de 22h de ontem, com a chegada da imprensa ao local.
A menina Ana Luize chegou ao PSM da 14 por volta de 19h30, com encaminhamento, mas foi recusada e mandada para o PSM do Guamá, de lá, teve que voltar para o PSM da 14 de Março e ficou sem atendimento. 'Não aceitaram aqui, mandaram para o Guamá, não atenderam também lá e agora fecharam foi as portas pra gente aqui, o hospital que é para socorrer não atende porque não tem médico', lamentou o pai.
'Se aqui não atende, onde atende? Não sei o que fazer', declarou desesperado também o motorista da ambulância de Quatipuru, José Claudinei, que transportou a família durante 230 km de viagem de Capanema até Belém. Até o setor de triagem estava de luzes apagadas na hora em que a família retornou ao PSM da 14 de Março.
A pequena Ana Luize, filha do casal de agricultores Jorge Nilton Silva do Nascimento e Gisele Lopes Dias, engoliu a moeda de R$ 0,10 no sábado passado (7) por descuido dos pais. Eles haviam deixado moedas perto de um rádio na casa onde moram, na Vila de Cumaru, município de Quatipuru, nordeste do Pará. O pai, que estava pescando, desconfiou do acidente com o desaparecimento da moeda de 10 centravos e porque a filha deixou de se alimentar e começou a ter febre. Desesperados, ontem eles saíram da roça onde vivem às 5h e foram para a sede do município, distante 22 quilômetros. De Quatipuru foram encaminhados para Capanema e tiveram que sofrer com a filha em mais 50 quilômetros de viagem. Sem condições de atendimento, o hospital de Capanema realizou apenas um exame de raios X, que constatou a localização da moeda. De lá eles saíram às 15h para continuar sofrendo nas portas dos Pronto Socorros de Belém. Por sorte, a moeda está presa na posição vertical, e mesmo impedindo a alimentação da criança, não a impede de beber água e respirar, mas a coloca em risco de morte, para desespero da mãe, que não para de chorar.
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