No AMAZÔNIA:
Todo mundo sabe que, com a chegada do período de festas de final de ano, o movimento financeiro no centro de Belém tende a aumentar. O problema é que os furtos, roubos e crimes de estelionato registrados na Seccional Urbana do Comércio crescem na mesma proporção. Tradicionalmente responsável por um grande volume de ocorrências, seja qual for a época do ano, o bairro da Campina, que compreende a área de comércio da capital, é o principal foco da ação de golpistas e descuidistas; por isso, é preciso estar atento à hora de frequentar lojas e agências bancárias, para evitar furtos, e tomar todo o cuidado para não cair nas mãos de estelionatários.
A dica parece clichê, mas reflete a maioria dos esforços atuais das polícias Civil (PC) e Militar (PM) que atuam no Comércio. Isso porque alguns golpes antigos, como o 'conto do Paco' e o 'Bilhete premiado', continuam enganando muita gente, sobretudo quem não está habituado à lábia dos oportunistas de plantão. O fato surpreendente é que, por vezes, os prejuízos conseguem ser iguais ou até superiores aos de um furto ou assalto à mão armada.
Na terça-feira passada, uma dupla de estelionatários foi presa pela PM, sob a acusação de ter aplicado uma mistura dos golpes do 'Paco' e do 'Bilhete premiado' contra uma mulher que viera do interior para fazer compras. O golpe funcionou da seguinte forma: o acusado Marcos de Oliveira Barros abordou a vítima na rua Campos Sales e a convenceu de que ele tinha o direito de buscar um prêmio lotérico. Em seguida chegou Valdecir Fernandes, o outro golpista, que confirmou a informação. Porém, Marcos não teria como ir ao suposto endereço onde o prêmio seria resgatado, pedindo ajuda à vítima.
Ela entregou os R$ 100 que trouxera do interior na mão dos bandidos, como garantia de confiança, recebendo em troca um pacote, e seguiu até o endereço fornecido. Era uma agência bancária que fechou há meses. O pacote que a vítima havia recebido dos bandidos, que era de pano e escondia seu conteúdo, continha R$ 8 em dinheiro e vários papéis dobrados. Por sorte, policiais militares à paisana acompanharam a ação e conseguiram prender a dupla em flagrante alguns quarteirões adiante.
Como as vítimas só têm aumentado nos últimos meses, vale lembrar: o 'Paco' é geralmente praticado por duas pessoas. No começo, uma delas deixa cair um pacote de dinheiro no chão, bem perto da vítima. Quando esta vai pegá-lo no chão, outra pessoa chega e a convida para dividir o dinheiro.
Em seguida, o suposto 'dono' - que observou toda a ação - volta para pegá-lo e decide recompensar a dupla por tê-lo guardado. Só que a vítima tem de se prontificar a dar sua carteira, bolsa ou dinheiro como garantia, já que parte do valor precisa ser entregue e/ou recuperado em um endereço.
Quando ela chega ao local combinado, descobre que a recompensa e a quantia deixada em suas mãos, dentro de uma sacola fosca, são falsas. 'Como todo estelionato, estes golpes têm relação direta com o interesse em se dar bem, em obter lucro fácil, de ambas as partes. Por isso dizemos que é um tipo de crime cujo sucesso depende da ganância e ingenuidade da vítima', afirma o capitão Vicente Neto, comandante da 6ª Zona de Policiamento (Zpol) da PM. 'As vítimas não são apenas pessoas de baixa instrução formal, como muita gente pensa. São maioria, sim, mas tem muita gente esclarecida que também cai na lábia dos bandidos. Já tivemos casos de gente que perdeu R$ 9 mil nessa situação', complementa.
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