A selvageria sempre será a velha selvageria. Mas ganha, de vez em quando, nomes diferentes.
Nos últimos tempo, acabar de ganhar nova denominação. Uma denominação em inglês, portanto mais expressiva – se quiserem, escabrosamente charmosa. Trata-se de bullying.
Esta nova forma de selvageria se manifesta quando uma pessoa ou várias – todos selvagens, evidentemente – agridem fisicamente outro indivíduo ou exercem sobre ele violência psicológica insuportável, tudo isso de maneira intencional e repetida. E a vítima – ou as vítimas – são pessoas incapazes de se defender.
Em Belém, aonde tudo chega mais tarde – quando chega -, o bullying também já chegou. Porque Belém também importa selvageria, como vocês sabem. Às vezes, clandestinamente, mas importa.
Talvez alguns casos esparsos de crianças espancadas repetida e intencionalmente em escolas ainda não sejam caracterizados por aqui como bullying porque a freqüência desses casos em Belém, felizmente, ainda é pequeno em relação a outras cidade.
Mas é indispensável que pais – sobretudos os que têm filhos crianças e adolescentes – fiquem atentos para a reação deles e as informações que levam para casa sobre a escola onde estudam. E quando disserem que estão apanhando na escola, convém apurar direito a história.
Há cerca de duas semanas, o Jornal Hoje, da Globo, mostrou um caso ocorrido numa cidade-satélite de Brasília que foi parar na Justiça e resultou em decisão inédita. Uma escola foi condenada a indenizar a família de um garoto que, aos 7 anos, sofreu dura perseguição de colegas. “Ele foi intimidado e agredido também. Chegava em casa com dores no estômago, vomitando por causa dos murros, e com escoriações pelo corpo’”, lembra a mão do garoto, Rosemeiry Rodrigues. “Um dia ele falou assim: ‘mãe, não quero ir para aquela escola, eu tenho medo! Os meninos falaram que se eu contasse pra senhora eles iam me matar’”.
Diagnóstico? Bullying na certa. Selvageria com nome inglês, mas métodos universalmente consagrados pela selvageria.
Já existem vários sites que alertam sobre o assunto. Um deles, intitulado simplesmente de Bullying, apresenta inclusive um Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes.
Vale a pena conferir.
Porque a selvageria apenas troca de nome.
Mas sempre será selvageria.
2 comentários:
Bom dia, caro Paulo:
li o post. Não quis me assustar. Afinal, estes não são tempos de chás e sais. São tempos de coragem para enfrentar as consequências da nossa vilania.
Calma. Sei que você, eu e meia dúzia de três ou quatro, não somos vilões, nem vis. Mas dá mais força à idéia se a gente generaliza, né? Como generalizamos "sociedade", "cidadania", "democracia", e por aí assim.
Uma esola que exclui, uma juventude que morre diariamente - em Belém, as "causas externas" (homicídios, acidentes e suicídios) respondem por 57% da causa de morte entre jovens de 10 a 19 anos, informação que nunca é demais repetir - porque a vida é chinfrim, vai receber de braços abertos o bullying, ou o cowlling, ou qualquer coisa dessas.
Não, hoje nem com Santo Ambrósio eu vou brincar.
Abraço.
Você tem razão mesmo, Bia.
O ambiente - muitas vezes deletério, é duro reconhecer - em que se transformou a escola só poderia mesmo abrigar coisas como essas.
Abs.
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