quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Assalto, tiroteio e sangue no bairro do Guamá

No AMAZÔNIA:

Após terem baleado um senhor de 67 anos, dois assaltantes foram violentamente agredidos por populares ontem, no bairro do Guamá, em Belém. Para se defender da ira da população, um deles fez uma mulher como refém durante aproximadamente 15 minutos. O comparsa dele tentou invadir uma residência para pedir socorro, pois tinha sido atingido com facadas. Os dois foram presos pela polícia e encaminhados para atendimento médico. Na confusão, uma terceira pessoa teria roubado a arma de um dos feridos, e até a noite de ontem a polícia ainda estava tentando localizar o responsável pelo roubo do revólver.
Tudo começou por volta das 17h30 de ontem, na esquina da rua dos Mundurucus com a rua Barão de Mamoré, no Guamá. Leandro Leonardo Pinheiro, de 18 anos e Salatiel Rodrigues de Souza, 25, abordaram Geraldo Sangiz Gomes, de 67 anos. De acordo com informações obtidas pela polícia, a intenção da dupla era roubar o carro de Geraldo, que saía da casa de um familiar. Entretanto, um deles baleou a vítima no abdômen. Leandro e Salatiel fugiram correndo pela Barão de Mamoré, e no meio do quarteirão tentaram abordar um mototaxista, para roubar a moto e fugir. Entretanto, um popular da área estava de carro e conseguiu bater na moto, impedindo a ação dos assaltantes. Revoltados, populares da área conseguiram agarrar os acusados, e passaram a agredi-los. Segundo informações de moradores, ambos estavam armados e dispararam diversas vezes, mas ninguém foi atingido.
Leandro Leonardo foi atingido com pancadas e pedradas na cabeça, e conseguiu correr para a panificadora Vitória com Jesus, que fica na esquina da Barão com a Paes e Souza. Na frente da padaria, ele pegou como refém Edna Cristina Pinto Souza, de 29 anos, que estava indo caminhar com a mãe dela. Já Salatiel recebeu golpes de faca na área do braço, e tentou se esconder na residência da autônoma Cláudia Simone Rodrigues Pascoal, de 28 anos. Ferido, ele permaneceu no local até a chegada da polícia.
Poucos minutos depois que Leandro pegou a mulher como refém, policiais que faziam parte da operação 'Força e Paz' chegaram ao local do fato. Eles não tiveram trabalho para convencer o acusado a se entregar. No revólver que ele usava, calibre 32, tinham três munições deflagradas. 'Quando ele fez a mulher de refém, já estava sem munição', disse o capitão Enoc, comandante da 11ª Zona de Policiamento (Zpol). 'Ele estava muito nervoso, mas não falou nada comigo. Disse apenas que queria a presença da família e da imprensa para se entregar', contou Edna Cristina. Antes de ser encaminhado para a Seccional Urbana do Guamá, Leandro foi levado para receber atendimento médico no Hospital Pronto-Socorro Municipal (HPSM) do Guamá. Na Seccional, ele disse que agiu daquela maneira porque estava com medo da população.
Ferido nos braços com vários golpes de faca, Salatiel correu para a residência número 503 da rua Barão de Mamoré. A moradora Cláudia Simone contou que ele pedia ajuda, pois estava sangrando muito. 'O pessoal queria matá-lo aqui na frente de casa, mas nós o colocamos (Salatiel) para dentro e chamamos a polícia', disse. Cláudia garantiu que o acusado não estava armado quando chegou na residência. 'O comparsa dele que tinha a arma e saiu correndo lá para a padaria', frisou. Entretanto, outras pessoas da área informaram que ele estava armado quando entrou na residência de Cláudia. Policiais que estiveram no local revistaram a casa, mas não encontraram o revólver. 'Estamos indignados com a ação da polícia, que sugeriu que foi o meu marido quem roubou a arma do ladrão. Um policial até ameaçou me agredir. Eles querem uma arma que não existe', disse Cláudia.
Moradores daquela mesma área, nos fundos da casa de Cláudia, disseram para a polícia que um rapaz saiu correndo pelos fundos, com a arma. Segundo informações extra-oficiais, um morador de uma das casas próximas teria pegado a arma e fugido. Algum tempo após o crime, surgiu a informação que esta pessoa teria entrado no cemitério José Bonifácio, no Guamá. Até às 19 horas de ontem, o acusado ainda não tinha sido localizado.
Salatiel também foi levado para o HPSM do Guamá. Já a vítima baleada, Geraldo Sangiz Gomes, recebeu atendimento médico no Hospital Saúde da Mulher. De acordo com o capitão Enoc, ele foi submetido a uma cirurgia, mas não corria risco de morte.
Populares das ruas Barão de Mamoré e Paes de Castro reclamaram da violência. 'Aqui é um local muito perigoso. Tem assaltos várias vezes por dia, já não podemos nem sair na rua. Esta ação da polícia tem que ser todos os dias, e não por um ou dois meses', disse uma mulher. Edna Cristina, que foi feita refém, também disse que se sente insegura naquela área do Guamá. 'Eu saio para caminhar com a minha mãe, mas sempre com medo. E hoje, quando nós estávamos saindo, aconteceu isso. Fiquei com medo de morrer', disse.

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