Em O GLOBO:
No dia 31 de maio do ano passado, a prefeitura de Cunha, pequena cidade paulista perto da divisa fluminense, emitiu um cheque de R$ 486,55 para comprar merenda escolar. O dinheiro é do Programa Nacional de Alimentação Escolar, que repassa verbas federais para encher o prato de crianças e adolescentes da rede pública de ensino. Uma nota fiscal anexada à prestação de contas atestava a entrega de 108,12 quilos de carne moída. Mas os recibos preenchidos à mão e timbrados com o brasão do município revelam que o dinheiro foi para um pacote de carvão, oito quilos de contrafilé, caixa de fogos de artifício e engradado de cerveja.
O desvio, que parece ter financiado um animado churrasco, foi detectado por inspetores da Controladoria Geral da União (CGU) e está entre os mais de três mil do último relatório do órgão, encarregado de fiscalizar o uso de recursos federais. Imerso num mar de irregularidades, o caso mostra uma mudança no foco da corrupção: desde que a Constituição de 1988 aumentou o poder das prefeituras, as quadrilhas municipais passaram a mirar cada vez mais os programas sociais. O governo avalia que os repasses mais vulneráveis são os ligados às áreas de saúde, educação e desenvolvimento social.
- Todos os ministérios padecem de falta de pessoal e estrutura para fiscalizar a aplicação dos recursos nos municípios. Na área social, onde os programas estão mais espalhados, o problema é ainda mais grave — reconhece o controlador-geral da União, ministro Jorge Hage.
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