quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Não. Trocar sexo por informação não é jornalismo. Mas a quem Joaquim Campos se refere?


Afastado de suas funções na TV RBA, após ofensas de cunho sexista à jornalista da Folha Patrícia Campo Mello na manhã desta quarta-feira (19), no plenário da Câmara de Belém, o vereador Joaquim Campos, do Podemos, manifestou-se em sua conta no Twitter.
Veja acima.
Campos tem razão.
Mas, afinal de contas, o que ele esclarece?
Nada.
Nada esclarece.
Se está tão consciente de que, senhor único das opiniões que externa, está livre para dizer o que quiser, independentemente de concordarem ou não com ele, Campos deveria esmerar-se ir além, nessa tentativa de mostrar uma edificante transparência.
Esmerando-se mais, poderia deixar claro, claríssimo, a quem se refere quando diz não concordar que "trocar informações por sexo seja jornalismo".
Sim. Não é mesmo.
Trocar informações por sexo não é jornalismo.
Mas a quem o vereador se refere?
A quem ele se referiu quando interveio verbalmente em debate na Câmara?
Se é tão assertivo, se é tão independente, se está consciente de que seus posicionamentos são cristalinos, por que o vereador não dá nome a profissionais que, trocando sexo por jornalismo, não fazem jornalismo?
Afastado de seu programa policial na TV RBA, Campos perdeu o seu grande palco, o seu grande palanque, a sua grande tribuna, o seu grande pedestal.
Foi aí que ele se projetou na política.
Foi essa exposição que o alçou à condição de homem público.
Foi metendo bronca na violência que ele assumiu ares de paladino da paz e do sossego públicos.
A partir de agora, Joaquim Campos, o independente, o assertivo e intimorato parlamentar que não tem medo e nem maiores pudores de externar opiniões - mesmo as mais despudoradas -, estará sendo desafiado a usar outros palcos, outros palanques, outras tribunas, outros pedestais para manter-se, digamos assim, vivo perante os segmentos sociais que concordam com seu discurso e com sua conduta.
Resta saber como é que o vereador vai encarar esse desafio.

Um comentário:

Pedro do Fusca disse...

Triste, muito triste, quando alguêm é a favor do Presidente Bolsonaro é bombardeado por esta imprensa maldita. Porque só a palavra da jornalista é a verdadeira? A do Hans não pode ser a verdadeira? O Dono na empresa em seu depoimento disse que trabalhou para o PT em alta escala e para Bolsonaro em trabalho muito pequeno o que desmonta a reportagem parcial e mentirosa desta jornalista da Folha de S.Paulo.