Na iminência de ver seu neto, o advogado Hélio
Gueiros Neto, ir a Júri para ser julgado pelo crime de feminicídio, a
professora Therezinha Gueiros, ex-secretária de Educação do Pará e de Belém,
manifestou-se pela primeira vez publicamente sobre o assunto num vídeo que foi
ao ar nesta segunda-feira (30).
De acordo com a denúncia oferecida pelo
Ministério Público, Renata Cardim morreu no dia 27 de maio de 2015, por volta
das 2h45, no Edifício Rio Nilo, localizado na Travessa Dom Romualdo de Seixas,
em Belém, vítima de asfixia, por sufocação mecânica direta praticada por seu
marido, Hélio Gueiros Neto, que sempre negou de forma peremptória, na polícia e
em juízo, ter concorrido de alguma forma para a morte da mulher. Ao contrário
da família de Renata, que sustenta o assassinato, cujas circunstâncias teriam
configurado o feminicídio.
No vídeo, Therezinha Gueiros, viúva do
jornalista Hélio Gueiros - deputado, senador, governador do Pará e prefeito de
Belém – e mãe de Hélio Gueiros Jr., ex-vice-governador do estado na segunda
gestão de Almir Gabriel, avalia que a projeção que sua família alcançou na
política paraense foi fator fundamental para que se “potencializasse um
escândalo” em torno de uma morte que, reconhece a professora, configurou-se uma
tragédia com o potencial de abalar duramente todos os que conviveram com a
vítima.
Ela pondera, no entanto, que a acusação que
recai contra seu neto é destituída de evidências, como demonstrado tecnicamente
por elementos de prova colhidos no curso do processo. “É preciso respeitar os
laudos e os profissionais. Se todos os exames oficiais não valem, o que vale
então? Apenas uma narrativa?”, questiona a professora.
O vídeo, de aproximadamente 14 minutos, pode ser
visto no site Justiça
Seja Feita, que Hélio Gueiros Neto pôs
no ar no início de agosto deste ano, ele reafirma sua inocência e diz
que não teve oportunidade de se defender publicamente enquanto o processo foi
mantido sob segredo de Justiça. “Mais do que julgado e condenado, eu me sinto
injustiçado”, diz o advogado.
No site, Hélio Gueiros Neto apresenta laudos e
vídeos com trechos de depoimentos prestados por ocasião das dezenas de oitivas.
Entre os depoimentos, estão os de peritos oficiais (que também aparecem no
vídeo), ou seja, os designados pelo próprio Juízo para atuar na causa, e descartam
a possibilidade de Renato ter sido morta por asfixia mecânica.
No
vídeo, o advogado Renato Lauria, que atua na defesa de Hélio Gueiros Neto,
reforça a tese de que todas as provas técnicas desmontam, de forma
insofismável, o parecer de um médico particular contratado pela família da
vítima indicando, “por dedução”, não ter sido a morte natural. Lauria acrecenta
ainda que quatro membros do Ministério Público recusaram a ofertar denúncia
contra o réu, por não terem encontrado provas suficientes para fazê-lo.
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