Nos últimos dias, desde o início da semana passada, leitores bolsonaristas do Espaço Aberto têm cobrado do blog, insistentemente, que se manifeste sobre suposto laudo atestando ter saído da arma de traficantes, e não da polícia, a bala perdida que atingiu mortalmente a garota Ágatha Félix, no dia 20 de setembro passado, no Complexo do Alemão, no Rio.
Às provocações, este repórter pediu que os leitores enviassem o link - ou os links - dessas notícias.
Não enviaram.
E não enviarão.
Não enviaram e nem enviarão porque o suposto laudo não existe.
É uma invencionice.
É uma maluquice.
É uma doidice.
É uma mentira.
É uma fake news de cartilha.
O site Aos Fatos, que se ocupa de checar fake news, fez um levantamento e constatou a mentira, parida das entranhas do Facebook e lá mesmo, aliás, marcada com o selo de Falso (olhem a imagem acima).
Leia abaixo a matéria do Aos Fatos:
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Não existe laudo da Polícia Civil do Rio de Janeiro que ateste que a bala que atingiu as costas da menina Ágatha Félix, no dia 20 de setembro, no Complexo do Alemão, teria saído da arma de um traficante. Ao Aos Fatos, a corporação informou nesta segunda-feira (14) que o único laudo sobre o caso foi divulgado poucos dias após a morte pelo ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) e não identificou a origem do projétil, apenas que tratava-se de uma munição de fuzil.
O laudo apontou que “o fragmento de projétil retirado do corpo de Ágatha é compatível com o de fuzil”, mas que “não há como determinar o calibre nominal, número e direcionamento das raias, bem como microvestígios de valor criminalístico, o que inviabiliza exame microcomparativo (confronto balístico)”. Ou seja, a origem da arma não pôde ser identificada porque o fragmento da bala encontrado era muito pequeno.
Segundo a versão de familiares de Ágatha e de testemunhas, o tiro teria sido disparado por um policial ao tentar acertar um motociclista que passava pelo local e que não havia tiroteio no momento. Já a PM, em comunicado oficial emitido no dia 21 de setembro, citou um conflito armado no local para dizer que os policiais “revidaram à agressão”.
A desinformação foi publicada por perfis pessoais no Facebook (veja aqui) que reúnem ao menos 3.000 compartilhamentos até a tarde desta segunda-feira (14). O conteúdo foi marcado com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (veja como funciona). A checagem também foi sugerida por leitores do Aos Fatos no WhatsApp (inscreva-se aqui).
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