sexta-feira, 16 de abril de 2010

“Quando os fatos contrariam a versão, danem-se os fatos”

Do jornalista Edir Gaya, da Assessoria de Imprensa do governo do Estado, sobre a "A TCPLAN existe, com endereço e tudo:

É de se perguntar ao jornalista Luiz Flávio se a retificação será feita na manchete, já que foi lá, no principal espaço da edição de domingo que o jornal em que ele trabalha informou sobre a contratação de uma "empresa fantasma", por parte do Governo do Estado, para fazer as obras de uma vicinal em Cametá?
Quem ler a nota na qual a Setran contesta a notícia vai constatar uma supressão feita na versão que o jornal publicou, essencial para esclarecer os leitores que a TCPLAN não é uma "empresa fantasma", ela existe de fato e só pôde ser contratada pelo Governo do Estado porque está cadastrada no Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), do Ministério das Cidades.
A nota do governo publicada no www.pa.gov.br dá essa informação, suprimida na versão do jornal. Enviei o texto da nota oficial ao jornalista Luiz Flávio no domingo à noite. Bastaria a ele clicar em http://www4.cidades.gov.br/pbqp-h/, procurar empresas avaliadas, digitar TCPLAN e verificar que não se trata de uma "empresa fantasma". Aliás, meus filhos adolescentes e milhares de pessoas pelo mundo todo fazem isso todos os dias no Google, em busca de esclarecer informações sobre temas que lhes interessam. Hoje, grande parte das informações mais óbvias está ao alcance dos dedos, na internet. É evidente que essa informação sobre a TCPLAN, sonegada aos leitores, contraria a manchete de domingo do jornal e, para alguns jornalistas, infelizmente, quando os fatos contrariam a versão, danem-se os fatos.

ATUALIZAÇÃO ÀS 11H37:

A resposta do repórter Luiz Flávio.
Abaixo.

Caro Edir Gaya:
O que adianta a Setran contratar uma empresa habilitada no PBQP-H, regularizada, atuando dentro do figurino, se dá o calote na mesma e deixa uma gama de moradores da região de Cametá andando no meio da lama e buracos? A TCPLAN abandonou a obra em dezembro de 2008 por falta de pagamento e o rigoroso inverno do ano de 2009 acabou de destruir o que a empresa tinha feito.
Aliás, conversei com muitos empresários do ramo que me revelaram o real motivo das obras paradas e do Estado caótico das rodovias estaduais por todo o Pará: a falta de palavra do governo e de sua Secretaria de Transportes, que não honra com os compromissos assumidos. Dezenas de construtoras tiveram seus pagamentos glosados pela Setran sem aviso prévio. O que teria levado a secretaria, que detém um dos maiores orçamentos do Estado, a fazer isso? A questão já se encontra na esfera judicial.
Em relação à manchete de domingo passado, já dei a devida explicação ao proprietário da empresa como se deu a apuração dos fatos para a matéria e os equívocos ocorridos. A informação de que a empresa realmente existe será devidamente retificada. Se em manchete ou não, isso é uma decisão editorial do DIÁRIO. Você deve saber como isso funciona, pois já trabalhou lá algum tempo.
Não preciso que você me ensine as regras da apuração jornalística. Equívocos acontecem e, quando eles ocorrem, são corrigidos. Assim se faz o bom jornalismo.
Noto sua grande preocupação pela informação precisa e correta. Assessor zeloso como que é, aconselho você a procurar a assessoria da Setran e ensinar que a transparência é fundamental no serviço público, lembrando que os contratos da administração pública são, como o próprio nome diz, públicos. As informações desses contratos não podem ser sonegadas.
Em matérias anteriores o próprio assessor da secretaria fez questão de me repassar contatos de empreiteiros e chegou a dar meu número a um deles para que me ligasse para dar sua versão dos fatos. Por que no caso da TCPLAN a secretaria se disse impedida de repassar o contato da empresa? Talvez porque se fizesse, facilitaria a descoberta do real motivo que levou a empresa a abandonar as obras da vicinal do Juaba há quase um ano e meio: o calote e a cobrança judicial do pagamento atrasado. Isso está acontecendo com outras dezenas de emrpesas. No mínimo estranho meu caro assessor...

Luiz Flávio
Jornalista DIPLOMADO
DRT 1216-PA
Repórter Especial do DIÁRIO DO PARÁ

5 comentários:

Bia disse...

Bom dia, caro Paulo:

o jornalista tem razão. Mas, após essa "barrigada" intencional ou não do Diário do Pará, outros fatos chamaram a atenção.

A TCPLAN fez um contrato em setembro de 2008 para realizar em 90 dias serviços de melhoramento na vicinal da Vila Juaba, de 18 km, no valor dito.

A SETRAN, por iniciativa própria autorizou por duas vezes a paralisação dos serviços, quando o normal, legal e justo seria apenas atender um pedido da empresa de aditamento de prazo. Este só foi publicado após a desnecessária ordem de paralisação.

Neste puxa-encolhe, por culpa de São Pedro ou de outro padroeira da SETRAN ou da empresa, a TCPLAN "ganhou" mais 180 dias para finalizar um serviço de 90.

Quando a Secretaria assume o ônus da ordem de paralisação, desnecessária, ela assume com isto o prejuízo social e financeiro do ato. Porque isso ocorreu?

Se a empresa não tinha capacidade para concluir a obra ( a primeira Ordem de Paralisação foi publicada quando faltavam 15 dias para a conclusão dos serviços)deveria ter sido chamada imediatamente a segunda colocada para concluir o serviço.

Pelas bençãos de São Pedro - muita chuva por 9 meses! - a TCPLAN permaneceu contratada por prazo muito superior àquele que assumiu para executar e concluir o serviço.

Esses fatos não são "barrigada".

Abração, Paulo.

Unknown disse...

Caro Edir Gaya:
O que adianta a Setran contratar uma empresa habilitada no PBQP-H, regularizada, atuando dentro do figurino, se dá o calote na mesma e deixa uma gama de moradores da região de Cametá andando no meio da lama e buracos? A TCPLAN abandonou a obra em dezembro de 2008 por falta de pagamento e o rigoroso inverno do ano de 2009 acabou de destruir o que a empresa tinha feito.
Aliás, conversei com muitos empresários do ramo que me revelaram o real motivo das obras paradas e do Estado caótico das rodovias estaduais por todo o Pará: a falta de palavra do governo e de sua Secretaria de Transportes, que não honra com os compromissos assumidos. Dezenas de construtoras tiveram seus pagamentos glosados pela Setran sem aviso prévio. O que teria levado a secretaria, que detém um dos maiores orçamentos do Estado, a fazer isso? A questão já se encontra na esfera judicial.
Em relação à manchete de domingo passado, já dei a devida explicação ao proprietário da empresa como se deu a apuração dos fatos para a matéria e os equívocos ocorridos. A informação de que a empresa realmente existe será devidamente retificada. Se em manchete ou não, isso é uma decisão editorial do DIÁRIO. Você deve saber como isso funciona, pois já trabalhou lá algum tempo.
Não preciso que você me ensine as regras da apuração jornalística. Equívocos acontecem e, quando eles ocorrem, são corrigidos. Assim se faz o bom jornalismo.
Noto sua grande preocupação pela informação precisa e correta. Assessor zeloso como que é, aconselho você a procurar a assessoria da Setran e ensinar que a transparência é fundamental no serviço público, lembrando que os contratos da administração pública são, como o próprio nome diz, públicos. As informações desses contratos não podem ser sonegadas.
Em matérias anteriores o próprio assessor da secretaria fez questão de me repassar contatos de empreiteiros e chegou a dar meu número a um deles para que me ligasse para dar sua versão dos fatos. Por que no caso da TCPLAN a secretaria se disse impedida de repassar o contato da empresa? Talvez porque se fizesse, facilitaria a descoberta do real motivo que levou a empresa a abandonar as obras da vicinal do Juaba há quase um ano e meio: o calote e a cobrança judicial do pagamento atrasado. Isso está acontecendo com outras dezenas de emrpesas. No mínimo estranho meu caro assessor...

Luiz Flávio
Jornalista DIPLOMADO
DRT 1216-PA
Repórter Especial do DIÁRIO DO PARÁ

Anônimo disse...

De fato: o repórter não precisa ser "adivinho" pra checar uma notícia antes de publicá-la. Principalmente quando se trata de uma acusação tão grave. O dono da empresa, revela o repórter, ligou "chateado". Chateado?! O cara tem carradas de motivos para montar no cavalo do cão e processar o jornal por calúnia, danos ao patrimônio e o escambau, se é que ele já não estã tomando essa providência, no caso do reparo não sair como prometeu o "repórter que não é adivinho".

Bia disse...

Bom dia, novamente, caro Paulo:

Luiz Flávio, no seu comentário, ajuda a montagem de um interessante quebra-cabeças. E a compreendermos o porque da estranha "Ordem de Paralisação". Se não houve pagamento, a empresa tinha direito de paralisar o serviço. E, mesmo com motivos de força-maior - aí vem São Pedro, de novo - o motivo real não era este.

"Solidariamente" a SETRAN assume o ônus da paralisação e só quem tem prejuízo é a população! Touché!

O governo que cuida das pessoas cuida, pelo menos, de algumas.

Abração.

Unknown disse...

É Bia, muitas coisas ainda precisam ser desvendadas nesse novelo. Aguarde mais surpresas...
Abçs e obrigado pela força!
Luiz Flávio